sábado, 31 de outubro de 2009

Abusar do abuso - Parte II


Conheço Henrique Barbosa, que não é membro da Aliança pela Liberdade, há alguns semestres. Em muito pouco temos convergências de idéias. Mas eu não poderia concordar mais com seus argumentos sobre a invasão promovida por alguns alunos de Serviço Social. Por isso publico, mesmo que tardiamente, essa excelente carta:


Caros Estudantes de Serviço Social da UnB,Meu nome é Henrique Barbosa e sou estudante de Relações Internacionais da UnB, porém neste email não falo pelo meu curso (esse é o papel do CA, e não meu), mas por mim.Eu li a nota aberta à universidade que vocês publicaram e gostaria de, civilizadamente, dizer algumas sobre ela.

A primeira coisa é algo que se nota já no segundo parágrafo da carta: Um belo argumentum ad hominem como justificação primeira e geral. Vocês dizem que o argumento daqueles que são contra a ocupação não são válidos porque "reproduzem um pensamento que serve aos interesses de um determinado setor acadêmico que...". Ora, isso é claramente falso. Vocês, primeiro de tudo, estão fazendo uma generalização falsa, porque EU sou ferrenhamente contra a "ocupação" de vocês e comi no RU quase todos os dias nos últimos dois anos, além de utilizar as mesmas salas que vocês usam. Talvez as salas da FA sejam melhores, mas eu sempre faço matérias que são de algum modo desconexas com REL (e.g. cálculo II, etc), e essas matérias todas são em salas do ICC ou do PJC. Sou exatamente tão estudante da UnB e presencio as dificuldades da nossa universidade o tanto quanto vocês. Mas esse não é o ponto - o ponto é que vocês se utilizaram da identidade de um argumentante ("não-usuário do RU") como base para dizer que o argumento dele é falso. Ora, isso é objetivamente falso. Um argumento só pode ser avaliado de acordo com os seus próprios méritos, e não pelo fato de quem o criou ser branco, amarelo, usuário do RU ou não.¹


Segundo ponto: o argumento de que a "ocupação" foi "democrática" porque foi decidida através de "duas assembleias gerais dos estudantes de Serviço Social com direito a defesa da não-ocupação". Eu fico intrigado com a definição de "democracia" dos integrantes do CASESO. Por acaso aqueles que precisam da sala estavam nessa assembleia? Por acaso os estudantes da UnB como um todo participaram dessa decisão? A resposta é não, e, garantindo uma cláusula de mutatis mutandis, poderia afirmar que a "ocupação" da sala por parte do CA de vocês foi exatamente tão democrática quanto a Guerra do Iraque. Pasmados? Não fiquem - a Guerra do Iraque foi uma decisão democrática, legitimada por uma decisão do Senado dos Estados Unidos da América - com direito a defesa da não-guerra, por 77 a 24.² Agora, se vocês não concordam com a frase que acabei de pronunciar, também deveriam repensar os próprios métodos. Aliás, permito-me ir ainda mais longe na comparação. Mesmo com comoção geral da comunidade internacional, os Estados Unidos não abdicaram da sua guerra, fazendo uso de argumentos como "levar a democracia para o oriente médio" para legitimar a sua guerra. Pasmados? Não fiquem! O uso da "vontade geral" como meio de legitimação de autoritarismos é algo que já vem de muito tempo e que tristemente se repete vez após vez. (Por sinal, a título de curiosidade, gostaria de reproduzir aqui a frase de George W. Bush quando soube que o Senado teria aprovado a guerra: “America speaks with one voice”. Semelhanças?)


O terceiro ponto também me deixa intrigado e, na verdade, chega quase às portas do cômico. Segundo vocês, "nosso antigo CA já não comportava o número total de estudantes do curso há anos" (grifo meu). Eu me pergunto que tamanho um CA deveria ter para comportar o número total de estudantes de qualquer curso. REL tem mais ou menos 320 estudantes então o nosso CA deveria ser do tamanho do PJC? Creio que não, e espero sinceramente que vocês creiam que não também. Acredito na inteligência de vocês e acredito que isso tenha sido uma falha da pessoa que redigiu a carta. Porém algo se faz necessário dizer: um CA não é, e nunca foi, uma estrutura para abrigar um grande número de pessoas. Ele tem sim a função de socialização e de mobilização política. Mas qualquer pessoa inteligente consegue perceber que a grande arma de um CA para a mobilização política não é uma “sala”, mas sim a pessoa jurídica Centro Acadêmico que tem voz nos espaços de decisão da universidade e também o carisma dos seus líderes no sentido de incentivar os estudantes a não serem tão passivos . Mas o mais engraçado nesse ponto não é o que eu acabei de citar, mas o argumento de que vocês não estão prejudicando ninguém porque já “enviaram um ofício (...) solicitando a realocação da aula de libras”. Caros, sou só eu que vejo o cômico nessa passagem? Porque “mandar um ofício” pedindo para que a estrutura burocrática da universidade realoque um equipamento que estava sendo instalado exatamente naquela sala há anos quando muito mais fácil, justo e democrático seria simplesmente reconhecer o erro e ir ocupar a sala exatamente ao lado? Existem centenas de salas no ICC. Justo essa, colegas?


Aliás, isso me leva ao meu quarto ponto – Será que a ação solipsista, atrapalhada e impensada e, sim, autoritária (como já deixei claro o porque) ajuda o movimento geral dos estudantes da UnB contra uma expansão... solipsista, atrapalhada e impensada (e, segundo vocês, autoritária)? A resposta que me vem facilmente à cabeça, caros, é não. O “movimento” de vocês possivelmente trouxe muito mais obstáculos do que apoio no sentido de um movimento geral dos alunos da UnB. É fácil perceber repúdio à ação de vocês em qualquer lugar na nossa universidade. E isso gera desagregação, sectarismo e, principalmente, repúdio ao movimento estudantil. Aquelas mesmas pessoas que vocês citaram no argumentum ad hominem de vocês (os “não-usuários do RU”) tendem a ser os que mais têm preconceito contra o movimento estudantil, por causa de um histórico de ações igualmente descuidadas e representativas apenas de uma parcela esquerdista-radical da universidade. Queiram vocês ou não, esses estudantes também fazem parte da UnB, provavelmente são maioria (é só ver os números de participação nas eleições) e, vejam só, são esses os corações e mentes que deveríamos estar ganhando para a causa do movimento estudantil. Porque nem o CASESO sozinho, nem o CAREL sozinho, nem ninguém sozinho conseguirá nada nessa universidade. O único meio de conseguir mudanças efetivas por parte dos órgãos decisores e da reitoria é através de uma participação ativa dos estudantes como um todo e principalmente uma ação conjunta de todos os CAs. Só assim, caros, conseguiremos fazer alguma oposição efetiva à expansão descuidada. E é isso que vocês estão destruindo. É hoje reduzido, e isso é uma conquista histórica, o número de pessoas que consegue encontrar argumentos bons para justificar que se dificulte às pessoas que têm alguma deficiência o desenvolvimento total de suas capacidades, mesmo que talvez limitadas por algum motivo exógeno.

Meu argumento chega agora a um ponto talvez inesperado – sim, eu concordo com vocês! Eu concordo que a expansão do REUNI está trazendo malefícios para a universidade! Eu estava lá na assembleia da FA contra o dobramento de vagas no curso de direito! Porém tenho plena ciência de que não é dando murro em ponta de faca que vamos resolver um problema tão intrincado e complexo. Como eu já disse, e repito, os estudantes como um todo só conseguirão fazer frente a esse desafio com união, e não fazendo as coisas impensadamente.


No próximo ponto vocês voltam ao argumento do autoritarismo: de que os estudantes de Libras saíram prejudicados, sim, mas que isso é compreensível e justificável por causa do “contexto de lutas”. Aliás, o contexto de lutas não poderia se dar em outra sala porque, segundo vocês, é longe do departamento. Longe quanto, caros? Cem metros? Cento e cinqüenta metros? E a que distância ficaria “a nova sala” para os estudantes de libras? Isso tanto faz, não é? Porque vocês fazem parte do “contexto de lutas”, e eles não, são apenas alunos? E, caros, eu tremo nas bases quando ouço argumentos como o que vocês colocaram agora. Porque a supressão de liberdades e direitos individuais em nome “de algo maior” foi o que motivou algumas das maiores atrocidades da história humana. Basta pensar superficialmente para lembrar algumas: Stálin. Pol Pot. Emílio Garrastazu Médici. E, para finalizar, contradizem-se: logo após terem dito de que não poderiam ocupar algumas das muitas salas vazias no ICC porque ficam “a uma distância considerável”, culpam os outros pelo fato de vocês estarem impedindo o acesso de alunos especiais à sala de aula. Não, caros, a culpa não é dos outros de vocês estarem especificamente nessa sala. A culpa é exclusivamente de vocês, que tanto decidiram que não queriam apoiar o movimento de vocês em uma sala “longe” do departamento, quanto que não podem sair de lá agora, mas que podem mandar um “ofício pedindo para que o ponto de vídeo seja realocado para outra sala”, independente de que sala seria essa. E também tentam colocar a atenção no outro quando dizem que o fato de a reitoria não querer “realocar” o ponto de vídeo não é porque é muito mais razoável que vocês saiam para a sala ao lado, mas por causa de um perseguicionismo maniqueísta que demoniza a reitoria e o governo e heroiciza o “movimento estudantil a serviço dos interesses da sociedade (vocês consultaram a sociedade para poderem saber que interesses eram esses ou apenas generalizaram para um todo a opinião de vocês?) autônoma e democrática (?)”



Então, colegas, concluo a minha opinião reforçando de que não estou interessado em “guerra contra o CASESO” ou nada que se assemelhe a isso. Apenas quero expor a opinião de um estudante preocupado da UnB, independente e pensante, sobre alguns dos acontecimentos que afligem a nossa universidade.


Atenciosamente,Henrique Fialho Barbosa

1) Walton, Douglas (1998): Ad Hominem Arguments. Tuscaloosa: University of Alabama Press.2) CNN.com/Inside Politics (2002-10-11). - http://archives.cnn.com/2002/ALLPOLITICS/10/11/iraq.us/. Acessado em 2 de outubro de 2009.

Abusar do abuso - Parte I

Nota dxs estudantes de Serviço Social da Universidade de Brasília

Por que ocupar?


A ocupação de sala realizada pelos estudantes de Serviço Social no dia 23 de outubro, cujo eixo central foi e é a necessidade de construção de um novo CA para o curso, suscitou um burburinho geral na UnB. Alguns, adeptos do chavão “estudante tem é que estudar, e não se meter em política”, afirmam que a ocupação é totalmente “ilegítima” e que os estudantes só querem “fazer baderna”, pois “esse negócio de CA não serve pra nada”. Outros até defendem o direito de organização política e de um espaço de vivência e sociabilidade entre os estudantes, mas asseguram que essa ocupação em particular teria sido essencialmente “autoritária”, pois, de forma “intransigente”, os estudantes resolveram “invadir” uma sala, sem qualquer debate prévio com as partes envolvidas, “atropelando os interesses de outros estudantes” e, o que é pior, o fizeram “desnecessariamente”, visto que já possuíam um CA. Os estudantes de Serviço Social avaliam que as duas teses apenas reproduzem um pensamento que, em última instância, serve aos interesses de um determinado setor acadêmico que simplesmente não conhece (ou parece não conhecer) a realidade da UnB, pois para cumprir suas funções dentro da universidade não precisa usar salas superlotadas e mal arejadas, tampouco esperar horas nas filas do RU para comprovar que sua estrutura física e administrativa é ineficiente. Nós, estudantes de Serviço Social, por outro lado, conhecemos muito bem essa realidade, e podemos afirmar, não apenas em teoria, mas por nossa própria experiência prática (através inclusive desta ocupação de CA), que o projeto de expansão conhecido como REUNI, que está sendo implantado em nossa universidade, representa um duro golpe na qualidade de ensino das universidades públicas de nosso país. Pra começar, lembremo-nos que as primeiras manifestações de repúdio à ocupação (sim, o que ocorreu foi uma ocupação, não uma invasão, e – pasmem! – uma ocupação deliberada democraticamente através de duas assembleias gerais dos estudantes de Serviço Social, com direito a defesa da não-ocupação, inclusive) não partiu de qualquer setor estudantil, mas sim da Reitoria. Esta, com uma postura autoritária, mandou seus seguranças que inclusive ameaçaram chamar a polícia para nos retirar da sala evidenciando mais uma vez sua demagogia do slogan gestão compartilhada “ocupe a UnB”, mas que, graças a nossa disposição em lutar por uma universidade verdadeiramente democrática, não surtiu o efeito almejado.

Os CA’s são historicamente entidades de articulação política, social, cultural e acadêmica dos estudantes, indispensáveis à formação intelectual e social e política destes. Nosso antigo CA já não comportava o número total de estudantes do curso há anos, e a situação só vem piorando desde o início da implementação do REUNI na UnB. No próximo ano, com o ingresso dos estudantes do curso noturno, o problema iria se agravar de tal forma que, nos parece, poupamos a Reitoria das consequências de um processo muito mais radicalizado e de implicações ainda mais profundas que o atual. Durante todo esse processo, todos os meios “legais” (procurações, etc.) foram acionados, porém a Reitoria se mostrou intransigente e jamais nos deu qualquer resposta. Entregamos também, recentemente, um ofício para a reitoria solicitando a realocação da aula de libras exigindo uma sala para esses estudantes.


O Serviço Social é a favor da Expansão Universitária!


Não nos opomos e não poderíamos nos opor a que novos alunos tenham acesso à universidade pública. E vamos além: acreditamos mesmo que a universidade, para ser verdadeiramente coerente com seu papel social, deve acolher dentro de seus muros os filhos da classe trabalhadora e a população pobre em geral. No entanto, não podemos confundir isso com a forma como esta expansão está se dando. O REUNI, aqui na UnB, prevê a duplicação do número de vagas na universidade, mas simplesmente não garante a manutenção da qualidade dos cursos. Isso fica bastante claro quando lemos no projeto que a construção de novos espaços físicos não está contemplada, o que na prática leva à destruição de banheiros, laboratórios e CA’s (como vem ocorrendo na Faculdade de Saúde, atualmente) para dar lugar a salas de aula. E o que é ainda pior: em muitos casos não há qualquer referência à contratação de novos professores! Ou seja, se o projeto não for barrado (e acreditamos que a mobilização dos estudantes deve ser a vanguarda desta luta) teremos várias salas de aula e o dobro de alunos; só não teremos laboratórios, professores e estrutura física o suficiente. Gostaríamos de ressaltar um fato bastante interessante a este respeito: grande parte dos estudantes mais ativos e engajados durante o processo de ocupação que vivemos são calouros! Em outras palavras, boa parte dos estudantes que, segundo a Reitoria e o Governo Federal, por terem entrado via REUNI, deveriam ser seus maiores defensores, estão na trincheira oposta, lutando junto a seus veteranos contra este projeto de expansão nefasto! Isso demonstra de maneira cabal que uma das estratégias do Governo ao implementar o projeto (gerar estatísticas, números vazios), embora possa ganhar inicialmente a simpatia dos trabalhadores e da juventude, mostra-se como um grande engodo, tomado a longo prazo.


Que expansão nós propomos?


Em primeiro lugar, nada de decretos! Há que se entender que o Reuni já começou errado: como implementar um projeto tão importante para a sociedade sem um amplo debate, sem consultar os estudantes, funcionários e professores, que são os setores que mais irão sentir seus efeitos? Se o Reuni é antidemocrático por si, como esperar que a Reitoria, responsável por sua implementação na UnB, garanta qualquer democracia? (quanto a isso, citamos o ocorrido no curso de Direito: bastaram 48 horas para a Reitoria determinar que o número de vagas dobrasse já no próximo semestre!) Por isso, nossa luta não passa pela “disputa” do Reuni, pois entendemos que um projeto tão deformado não pode ser disputado: deve ser rechaçado! Propomos a imediata revogação do Reuni. Que o debate sobre a expansão da universidade seja retomado, mas não nesses marcos. Que a autonomia universitária seja respeitada, bem como o direito de os estudantes, professores, funcionários e a sociedade em geral poderem expor suas idéias e o que pensam sobre a expansão, como ela pode ser implementada e – principalmente – tenham poder de deliberação real. Acreditamos que, se o Governo pretende expandir a universidade, primeiramente deve pensar em espaço físico, contratação de professores, laboratórios, etc., e não simplesmente em criar um número x de vagas e estabelecer metas que, se não forem cumpridas, comprometerão ainda mais a universidade. Além disso, os estudantes precisam ter espaços autônomos onde possam discutir assuntos acadêmicos, realizar atividades culturais, debater política e fazer novas amizades: os estudantes precisam de CA’s, e esse direito deve ser garantido!


Um problema seu! Um problema nosso!


Compreendemos que nossa ocupação, a princípio, possa ter causado certo transtorno aos estudantes que esperavam assistir a suas aulas na sala que agora é nosso novo CA. Por outro lado, nem por isso deixaremos de considerar nossa luta como legítima e necessária, dentro de um contexto mais geral de mobilizações contra o Reuni (ocupações de CA’s de Ciências Ambientais, Computação, Biblioteconomia, Desenho Industrial, luta na FA, na FS, etc, etc, etc) consideramos que nosso movimento de ocupação [e legitimo e conseqüente, afixamos na porta de nosso novo CASESO uma lista de salas vazias, que poderão ser utilizadas pelos estudantes para assistirem a suas aulas (não podemos optar por estas salas por um motivo funcional: a distância considerável de nosso Departamento). Quanto aos companheiros estudantes de Libras, propomos nos comprometer, num primeiro momento, que assistam a suas aulas e realizem suas atividades em nosso novo CA, justamente pelo fato de não termos tido ciência de que aqui se realizavam aulas especiais para deficientes auditivos. Inclusive, já encaminhamos um requerimento a Prefeitura nesse sentido, e nos somamos à luta dos companheiros por seu reconhecimento dentro da universidade e na sociedade. Temos ciência de que a transferência do ponto de vídeo conferência é perfeitamente possível de ser efetuada, e só podemos conceber a oposição em fazê-lo de imediato como uma tentativa de pressão psicológica e política sobre nossa ocupação, buscando dividir dois movimentos sociais legítimos (movimento estudantil e movimento em defesa dos direitos de deficientes físicos), como meio de jogar os demais estudantes contra nós. Não aceitaremos essa estratégia que visa desmoralizar e culpabilizar nosso movimento legítimo! Se estamos sendo obrigados a disputar salas com outros estudantes, os culpados certamente são outros: o governo federal e reitoria. Por fim, gostaríamos de ressaltar todo o nosso apoio e solidariedade militante aos companheiros que neste momento estão travando uma luta justa contra esse projeto de expansão da universidade, que não é nada mais que a expansão da precarização. Em especial, aos companheiros da UnB (Enfermagem, Medicina, Ciências Ambientais, Biblioteconomia, Direito, Ciências da Computação) que, como nós, vivem atualmente sob forte pressão por parte da Reitoria, mas que certamente jamais abandonarão a luta por uma universidade a serviço dos interesses da sociedade, autônoma e democrática.Não cederemos a qualquer tipo de pressão por parte da Reitoria, estamos dialogando com a comunidade universitária e exigimos o respeito a nossa luta.


Pauta da Ocupação do CASESO:


- Todo apoio às ocupações dos novos CA´s! Todo apoio a luta dxs estudantes!- Por uma expansão de qualidade! Não ao REUNI!- Por um novo projeto de expansão construído democraticamente!- Pela mudança da atual estrutura de poder na universidade!- Fora a polícia militar do campus!- Contra qualquer perseguição axs estudantes1 Pelo fim do jubilamento!- Fora Fundações de privadas da universidade! Não ao recredenciamento de qualquer fundação na UnB! - Em defesa da universidade pública, gratuita, laica e de qualidade a serviço da classe trabalhadora!- Pela radical democratização ao acesso às universidades! Pelo fim do vestibular!- Pela equidade de gênero. Contra o racismo, o sexismo e a homofobia!- Contra a criminalização das mulheres e pela legalização do aborto! Comissão de Comunicação da Ocupação do CASESO 25 de setembro de 2009

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Cinismo ou autismo? Secretaria de Propaganda da Reitoria produz matéria absurda. Parte II


Qualquer indivíduo que tenha a experiência de uma semana no Campus Darcy Ribeiro morreria de rir ou de chorar dessa matéria. Preguiça de andar!? NÃO! Como diz o professor entrevistado na matéria, de fato especialista, e DE FATO membro da Administração como assessor do Reitor, se puderem “as pessoas levam o carro para dentro da sala”. E levaríamos mesmo! Por fetichismo? Por loucura? Infelizmente, não. A briga diária por uma vaga próxima às entradas dos prédios, em especial no ICC, não será resolvida em consultórios psiquiátricos ou com um pouco menos de preguiça. Será resolvida sim com um pouco menos de vulgaridade e frivolidade por parte de nossos gestores.

Todo indivíduo sério de nossa comunidade acadêmica sabe que os riscos crescem exponencialmente se estacionarmos longe das entradas e do movimento dos transeuntes. A própria Secretaria de Propaganda, vulgo SECOM, publicou em 12/06/2009 matéria sobre a violência na UnB, mais especificamente na FA. Eis o link: http://www.unb.br/noticias/unbagencia/unbagencia.php?id=1824

A despeito dos importantes pontos levantados na matéria criticada (como o respeito à legislação de trânsito e a questão ambiental/excesso de carros na UnB), é revoltante insinuar, diante de um cenário de inegável violência, que os estudantes tentamos sempre estacionar perto das entradas apenas por preguiça! Um pouco mais de respeito e seriedade é o que esperamos e COBRAMOS!
*Ao fundo o Gol de um ousado que decidiu não levar o carro pra dentro da sala dele na Faculdade de Tecnologia (FT).

Cinismo ou autismo? Secretaria de Propaganda da Reitoria produz matéria absurda. Parte I

Sobram vagas para estacionar na UnB
Apesar das reclamações e infrações cometidas nos estacionamentos do campus, especialista afirma que o problema é a preguiça de andar

João Campos - Da Secretaria de Comunicação da UnB

Nos horários de maior movimento – das 8h às 10h e das 14h às 16h – não é difícil flagrar irregularidades no trânsito da Universidade de Brasília. A maioria em relação a estacionamento. Placas desrespeitadas, filas duplas e retornos interrompidos são alguns dos problemas mais freqüentes no campus Darcy Ribeiro. Apesar da reclamação sobre a falta de vagas por parte de estudantes e funcionários, informações da Prefeitura e de especialistas revelam que sobram vagas na universidade. E que, na realidade, muitos motoristas têm preguiça de andar um pouco mais até o destino.
O carro chega e para nas faixas amarelas, em frente a entrada principal do ICC Sul. Lá, existe uma placa visível de “proibido estacionar”. Abordada pela reportagem, a estudante de Letras Valéria da Silva justifica a manobra: “Só vou tirar uma xérox ali, é rapidinho”. Mas admite já ter cometido a irregularidade em outros momentos. “Muitas vezes só tem vaga longe ou o lugar é muito escuro para andar até o carro”. No mesmo local e horário, todos os retornos dos quatro canteiros mais próximos do ICC estavam bloqueados por carros. A 50 metros dali, metade do estacionamento estava vazio.
Para o professor e especialista em engenharia de trânsito, Paulo César Marques, o problema é a predominância da cultura do “estacionar na porta” entre os motoristas da UnB. “Se deixar, as pessoas levam o carro para dentro da sala. O ICC (Minhocão) é um exemplo claro disso: muitos estacionam de forma ilegal enquanto sobram vagas no fim do estacionamento”, comentou. Apesar disso, o assessor da reitoria admite que parte das 5,6 mil vagas do campus estão mal distribuídas. “Há locais em que é preciso buscar estacionamentos vizinhos. Há vagas, mas muitas pessoas têm preguiça de andar”.
O professor cita um trabalho de conclusão de curso da Engenharia Civil sobre a circulação de carros na região da Faculdade de Tecnologia (FT). O estudo mostrou que, em nenhum horário, faltou vagas na região. “Onde eu trabalhava (no SG 12) o estacionamento era um caos. Mas a 150 metros dali eu podia escolher embaixo de qual árvore ia estacionar, perto da Casa do Professor”, exemplifica Marques. A situação se repete no novo prédio do Instituto de Biologia, que não tem estacionamento. “Foi uma opção: é só atravessar a rua para chegar ao estacionamento do ICC”, completou o especialista.
PONTO CRÍTICO – O estacionamento da Biblioteca, onde há 559 vagas, é um dos pontos mais preocupantes em relação há falta de lugares próximos para parar. Ali, motoristas improvisam em filas entre as vagas regulares e estacionam ao longo do meio fio, mesmo com placas de “proibido estacionar”. “Já bati meu carro aqui, pois não tinha espaço para manobrar. Estacionamento na UnB é um problema”, reclamou a estudante de farmácia, Marina Carvalho. Segundo ela, na Faculdade de Saúde o problema também se repete. “São lugares que não tem estacionamentos perto”.
Não há um levantamento sobre o número exato de carros que circulam pela UnB por dia. Com a expansão por meio do Reuni, que prevê a criação do dobro de vagas para estudantes até 2012 – hoje são cerca de 3 mil por vestibular -, o trânsito vira tema de debate. Apesar do aumento da demanda por vagas, a administração não prevê a ampliação dos estacionamentos. Aposta em projetos para garantir a independência em relação aos carros. “Há um projeto para ônibus circulares no campus para 2010, além do Bicicleta Livre. Também estamos revendo o itinerário das linhas de ônibus com o governo do DF”, disse Marques.

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