segunda-feira, 30 de julho de 2012

Como devem atuar os membros da AL durante o período de escolha do nosso novo Reitor(a)?


Brasília, 30  de julho de 2012.


Assunto: Regras de atuação nas eleições para reitor da Universidade de Brasília em 2012.

À comunidade da Universidade de Brasília,

Como é de conhecimento de todos, escolheremos o(a) novo(a) Reitor(a) da nossa Universidade este ano. Assim, por entendimento coletivo, a associação discente Aliança pela Liberdade adotará procedimentos obrigatórios de atuação durante o período eleitoral, como decidido pela maioria de seus membros presentes em reuniões internas: 


1. A Aliança pela Liberdade não apoiará nenhuma das dez candidaturas no primeiro turno, o que pode mudar em caso de fato novo que julgue relevante ou eventual segundo turno. 

2. Cada membro da Aliança pela Liberdade está liberado para, individualmente, trabalhar pela candidatura de sua escolha, entretanto, sem fazê-lo em nome desta associação ou da Gestão do DCE

3. Os Coordenadores-Gerais do DCE não poderão fazer campanha publicamente, em quaisquer circunstâncias, para algum postulante à Reitoria. A mesma regra se aplica aos representantes da gestão do DCE na Comissão Organizadora da Consulta (COC). 

4. Os membros que descumprirem o acima disposto estarão sujeitos a sanções estatutárias, que podem culminar em expulsão. O direito à ampla defesa estará garantido. 

5. Finalmente, o que esperamos para Universidade será divulgado em carta a ser entregue a cada um dos reitoráveis e a toda comunidade acadêmica.

Atenciosamente,

Mateus Lôbo,
Presidente da Aliança pela Liberdade.

Pedro Henrique Saad,
Vice-presidente.

André Maia,
Presidente de Honra.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

UnB em queda! Ou: “O termômetro está quebrado! Joga ele fora!”


*Por Lucas Bispo

Quarenta graus de febre! - acusa o termômetro. Qualquer pessoa razoável se preocuparia com o fato. Talvez o paciente fosse levado a um médico, talvez recebesse imediatamente um anti-térmico. Mas, surpreendentemente ou não, em meios mais acomodados da nossa sociedade, a solução parece ser outra bem mais... digamos... simples.

“O termômetro está quebrado! Joga ele fora!”

É mais ou menos assim que a nossa Universidade se comportou em face da publicação da versão 2012 do ranking QS Universities Latin America. A UnB decaiu da 11ª posição entre as melhores universidades do continente para a 25ª colocação. A resposta imediata da Administração Superior da Universidade foi, antes de realizar qualquer outra reflexão mais humilde, como reconhecimento de suas deficiências, requerer aos artífices do ranking uma clarificação sobre a metodologia da pesquisa.

É neste momento, nas conversas que contemplam este tema, que alguém vem retrucando e dizendo que esses rankings “não valem de nada”, que são “medições míopes”, que são incapazes de avaliar o verdadeiro valor da universidade para o meio onde está inserido, o papel transformador, transgressor, revolucionário ou sabe-se lá mais ao que acreditam que a universidade deveria se prestar. Muito bem.

Duas coisas me chamam a atenção nestas colocações. Em primeiro lugar, eu fico me perguntando... e aí? Se nós tivéssemos melhorado nossa colocação, estaríamos tão incomodados, culpando o índice de sofrer de patologias ou estaríamos ocupados demais celebrando a nossa “excelência”? Em segundo lugar, me espanta perceber o que certas pessoas acreditam que deve ser o papel da universidade. Não contemplarei aqui todas as visões alternativas, apenas direi aquilo que acredito ser o papel da universidade de verdade. Senhoras e senhores! O papel da Universidade é, não apenas um ou dois, mas na verdade três: realizar ensino, pesquisa e extensão.

Neste sentido, é de se espantar que a UnB figure mesmo como a 25º melhor do continente ou como uma das melhores do Brasil. Acompanhe o raciocínio.

Ensino implica professores e alunos reunidos, discutindo, debatendo, ensinando e aprendendo. Entretanto, a cada dois anos, esse fenômeno tão característico das Universidades, comumente referido em vernáculo corrente como “aula”, cessa na UnB, por um motivo ou por outro, como é bem sabido.

A pesquisa, por outro lado, é uma atividade que requer uma pesada estrutura de apoio que, devo confessar, é difícil de obter. Por exemplo, são precisos laboratórios sem goteiras, como também financiamento. Entretanto, a nossa Universidade, como se já se bastasse orçamentariamente, se fecha sistematicamente a receber qualquer aporte privado de recursos, porque, claro, a iniciativa privada vai desvirtuar a pesquisa na universidade, promovendo agendas capitalistas, demoniânicas e heréticas. Os professores, por outro lado, por vezes precisam de recursos e de vencer a burocracia para se deslocar a outros lugares do país ou do exterior para encontros e congressos. Mas burocracia é coisa de casa.

E tem também a questão da extensão. Extensão deve compreende-se como a universidade estendendo ao conjunto da sociedade os frutos de seu trabalho. Mas se a gente peca no ensino e a pesquisa só anda à duras penas, eu pergunto: Que bons frutos, nós temos a oferecer para a sociedade? Dou um exemplo mais concreto. Somos hoje um país que carece fortemente de profissionais da área de tecnologia, cujas empresas carecem de inovação. Mas a Universidade, que deveria promover a economia de desenvolvimento e competitividade sequer dispõe de um parque tecnológico, à exemplo de outras universidades do país um pouco menos piores que a nossa.

E aí dizem que o índice é míope e eu sou obrigado a concordar. O índice, por exemplo, é insensível ao fato de o RU ficar quase mais tempo fechado do que aberto em qualquer ano. É insensível às constantes quedas de energia no campus. É insensível à situação da Assistência Estudantil, que deveria, em teoria, prover recursos para a aliviação das assimetrias socio-econômicas entre os estudantes, facilitando-lhes aos mais pobres os meios para superar sua condição de relativa exclusão social. Sem embargo, somos a 25ª melhor instituição do continente

A moral da história é que a real surpresa não é a queda no ranking e sim a manutenção de posições relativamente destacadas neles, o que reflete, antes de qualquer coisa, não que estejamos bem, mas que as demais conseguem a proeza de estar ainda pior.


*Lucas Bispo é estudante de Economia e conselheiro discente no Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) da Universidade de Brasília. É membro da Aliança pela Liberdade desde 2012.


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