Reitor responde às reivindicações das mulheres
Reitoria vai corrigir problemas de iluminação, segurança e transporte apresentados por grupo de alunas da UnB
Thais Antonio - Da Secretaria de Comunicação da UnB
O reitor, José Geraldo de Sousa Junior, propôs soluções para as reivindicações apresentadas pelo Coletivo Unificado de Mulheres da UnB. Em protesto realizado no dia 19, as integrantes da organização exigiram da Reitoria segurança e iluminação do campus e das vias de acesso à universidade, ampliação do horário do transporte noturno gratuito até a L2 Norte e políticas da UnB para mulheres.
As propostas da Reitoria incluem a criação de uma ouvidoria para tratar das denúncias de assédio moral, limpeza dos terrenos baldios ao redor da universidade, abertura de licitação para ampliar e corrigir a iluminação no campus e ampliação do horário e trajeto do transporte coletivo noturno. O documento afirma também o compromisso da Reitoria em garantir o cumprimento da cota de 20% da ocupação dos cargos de vigilante da UnB por integrantes do sexo feminino, além da criação de um grupo de trabalho para elaborar o projeto de fundação de um Centro de Referência para Mulheres na universidade.
“A gente recebeu uma resposta da reitoria para cada um dos pontos do manifesto e vamos avaliar, afirma Joyce Holland, aluna do 7º semestre de Tradução-Francês e integrante do Coletivo. O reitor declarou às estudantes que "o documento será sempre insuficiente em relação aos problemas. "Mas é o que a gente pode fazer”, justificou.
Apresentadas em protesto contra o estupro de uma aluna do curso de Letras no dia 15, as reivindicações foram analisadas e discutidas em um grupo de trabalho formado pela Reitoria. “Nós não estamos entregando apenas as respostas das questões levantadas por vocês, mas uma série de documentos que mostram o encaminhamento de cada questão”, explicou às estudantes a decana de Assuntos Comunitários, Rachel Nunes.
A decana afirmou que a solução para a maioria das reivindicações apresentadas pelo coletivo já estava em curso. “As questões são relevantes e refletem a preocupação cotidiana do reitor e da universidade”, comentou.
Na plateia de alunas que recebeu o documento da Reitoria, havia apenas um representante do sexo masculino. Rafael Gontijo, estudante do 3º semestre de Comunicação Social, foi à reunião por curiosidade, mas ressaltou seu apoio às reivindicações do Coletivo de Mulheres. “Eu apoio as causas apresentadas. Acho que a questão feminina é uma emergência”, disse.
EXIGÊNCIAS E PROPOSTAS Ausência de canal para denúncia dos casos de assédio moral de mulheres na universidade Transparência em relação aos casos de estupro e de todos os tipos de violência contra a mulher praticados nos campi |
Se isso de alguma maneira conforta as representantes do belo sexo então eu afirmo: não existe um descaso específico com as mulheres quando o assunto é segurança. O descaso é geral, a começar pela ausência de policiamento no campus onde passam mais de 30.000 pessoas diariamente.
Como até os bandidos já perceberam, a UnB é uma anarquia. Como dissera John Locke, só existe liberdade onde existe a lei para por limites as liberdades individuais. E a lei, por sua vez, só tem poder de fato quando existem magistrados capazes de coibir o crime ou apanhar o infrator. Na ausência desse magistrado, reingressamos no estado de natureza. E o resultado disso é que covardes, como aquele que estuprou a estudante de Letras, se sentem seguros para cometer delitos.
A insegurança é geral, só os crimes e as vítimas é que variam. E quando falo de insegurança não me refiro apenas a estupros, sequestros, roubos e furtos. Eu já tive o desgosto de ver um protesto anti-semita na BCE,levado a cabo por anarquistas vestidos de preto e com pedaços de madeira nas mãos. Isso também é violência.
No mais, não existe essa de que só as mulheres é que sentem e lastimam crimes contra mulheres. Os maiores afetados pelo crime bárbaro ocorrido foram a moça (a vítima), logo seguida de seus familiares e amigos. De resto, qualquer ser-humano civilizado é capaz de se sensibilizar com o ocorrido. Não é o orgão genital que controla nossa capacidade de sofrer por atrocidades cometidas contra nossos semelhantes e sim nossos valores.
Para utilizar a linguagem leninista (uma gentil concessão que faço aos esquerdosos), o coletivo que exclui homens demonstra oportunismo. Aproveitaram a circunstância trágica para defender a tese do descaso da sociedade machista (ou patriarcal) em relação aos crimes cometidos contra a mulher. Como se nós homens não tivéssemos mães, amigas, tias, avós ou namoradas pelas quais sentimos afeto.
6 comentários:
Infelizmente, muitos de nós homens, que temos mães, amigas, tias, avós e namoradas, ainda somos machistas e violentos, especialmente contra as mulheres.
A violência contra a mulher é, sim, um problema de gênero. Existe, sim, um descaso específico contra as mulheres. Basta ver como os números da violência doméstica contra a MULHER estão crescendo assustadoramente (principalmente porque, com a Lei Maria da Penha, muitos casos antes ignorados estão vindo à tona).
O fato de que há um problema mais geral de segurança pública não deve encobrir a violência de gênero contra a mulher, de uma sociedade ainda muito machista, de um problema que vai muito além da simples falta de policiamento.
O pior cego é aquele que não quer ver. Não se deixem enganar por esses argumentos falaciosos. A violência contra a mulher vai muito além da simples falta de segurança pública.
Caro Luiz Paulo, por alguma razão meu texto despertou em você a fúria feminista.
Existem homens machistas? Claro. Meu texto em nenhum momento diz o contrário.
Existe violência doméstica? Sim e a lei Maria da Penha ajudou as mulheres a denuncirem as agressões de que são vítimas. Em que momento mesmo eu neguei isso?
Como você mesmo admite, existe um problema mais geral de segurança pública. Esse é o ponto. Não jogue a responsabilidade pelo crime para "a sociedade". Aliais, quem é esse sujeito chamado "a sociedade"? Os responsáveis pelos crimes contra a mulher são seus respectivos autores e estes devem ser punidos com todo rigor.
Se a tal sociedade fosse machista a ponto de não ligar para os crimes contra a mulher, por que então esta mesma sociedade promulgaria leis para punir este tipo de crime? Já sei, a "sociedade" deve ser um bicho meio esquizofrênico.
Enfim, a violência de gênero existe? Existe. Assim como existem diversas outras modalidades de violências e crimes. A questão é que todos esses acontecimentos lamentáveis são mais comuns onde não existe policiamento para coibi-los.
NO MAIS, EU FIZ UMA ALTERAÇÃO NESSE TEXTO HÁ VARIOS DIAS. ACONTECE QUE ACABEI ENVIANDO PARA A PESSOA ERRADA, O QUE ATRASOU A SUBSTITUIÇÃO. A PRINCÍPIO O TEXTO ERA UMA RESPOSTA A UM COMENTÁRIO FEITO POR UMA AMIGA NOUTRO SITE. QUANDO SOUBE QUE SERIA PUBLICADO AQUI, TRATEI DE FAZER ALGUMAS ALTERAÇÕES PARA QUE O TEXTO FOSSE UM POUCO MAIS ABRANGENTE DO QUE A DISCUSSÃO INICIAL.
QUANTO AOS ARGUMENTOS FALÁCIOSOS, AGUARDO SUAS AULAS EM MATÉRIA DE LÓGICA E SUAS DEMONSTRAÇÕES. ATÉ O MOMENTO QUEM SOFISMOU fOI VOCÊ COM VÁRIOS ARGUMENUM AD HOMINEM.
Luis Paulo, eu sou mulher e concordo com o Saulo e com você. A violência doméstica existe, os números aumentam e etc, etc. Isso não anula o fato de que qualquer cidadão, aluno da UnB ou não, homem ou mulher, corre riscos no campus por conta de uma questão de segurança pública. O movimento feminista mascara isso e retarda uma solução.
O que aconteceu na UnB, além de não poder ser tratado como um problema exclusivo do sexo feminino, não pode ser tratado exclusivamente por ele como se fosse a única vítima. As ações devem ser conjuntas para não enfraquecer os movimentos. A primeira reunião do grupo feminista foi restrita à mulheres, isso uma atitude de exclusão e é preconceituosa.
Ler blogs desse tipo é sempre uma experiência muito interessante. Fora a abordagem sociólogo-revelador-da-verdade-metido-a-jornalista engraçadinho, que beira a ingenuidade, é engraçado como mesmo na universidade as pessoas ficam mais preocupadas em demarcar posições ideológicas do que discutir o conteúdo das questões. Por mais que o discurso de ambos os lados não explicite isso, é incrível como vcs escrevem coisas simplesmente para cutucar supostos adversários que na verdade não defendem coisas muito diferentes entre si - esse post é prova disso. Enfim, questões como essas teriam um debate muito mais enriquecedor se as partes envolvidas procurassem enxergar mais o que tem em comum, o que significa dizer também que questões como essas são anteriores a egos ideológicos e mais importantes do que eles.
Muito bom seu texto, Saulo. Estamos tão acostumados com isso que já passa despercebido.
Quanto ao Luís Paulo, é fato que ainda existe machismo, estupro e violência doméstica, mas o problema da UnB é geral. Cadê a igualdade? Eu também quero segurança. Quero para todos.
Engraçado citar a lei Maria da Penha
"principalmente porque, com a Lei Maria da Penha, muitos casos antes ignorados estão vindo à tona"
pois tem muitos homens denunciando também atos de violência de suas mulheres com ela.
Quando não se percebe que exclusivamente mulheres são estupradas no campus como violência de gênero realmente... perdemos muito! a sociedade toda perde! questão de segurança e de se sentir segura também são questões que perpassam várias outras... inclusive a de gênero (Afinal os homens são os estupradores no campus > com MULHERES sendo estupradas!/ somos nós mulheres que somos requisitadas a termos amigOs do sexo masculino para não sermos surpreendidas por homens mau caráter e abusadores no campus!). Quantos HOMENS foram às reuniões para exigir mais segurança e exigir atitudes concretas quando nós MULHERES estávamos lá, pressionando a universidade para tomar ATITUDES CONCRETAS, conversando com o corpo de segurança para vermos que atitude conjuntas podemos ter?? Quantos?? Sim... os homens são roubados, mas não são estuprados no campus Darcy Ribeiro! Sim... quando não vemos que mulheres estão sendo abusadas e não fazemos nada agora... realmente perdemos tempo!!! Priscila P.
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