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sexta-feira, 15 de junho de 2012

É o CONSUNI uma Assembleia de pares?



*Por Aliança pela Liberdade

Hoje haverá nova reunião do Conselho Universitário (CONSUNI), orgão deliberativo máximo da Universidade de Brasília e que é por essência uma "corporação de pessoas com igual categoria ou dignidade." Antes, pois, faremos uma descrição da última reunião deste CONSUNI ocorrida em 01 de junho de 2012. 

Passado os informes, foi aberto espaço para que todos os conselheiros ali presentes opinassem sobre o melhor processo de indicação do nosso próximo gestor. A mesa presidida pelo Magnífico Reitor José Geraldo de Sousa Júnior apresentou a proposta da Administração Superior, ou seja, uma consulta informal nos moldes de 2008*. 

A maioria das falas dos conselheiros giraram em torno da oportunidade da proposta desta Administração, da necessidade dos docentes levarem tal modelo para suas Unidades Acadêmicas ou se havia ou não inconsistências procedimentais que poderiam inviabilizar uma consulta informal. 

Nós da Aliança pela Liberdade levantamos pontos como: Se a consulta será informal, então o Consuni não poderá ao menos criar a Comissão Organizadora da Consulta? Se estamos numa Universidade autônoma, por que então delegar a associações privadas algo que decidirá o futuro de um bem público como é a Universidade de Brasília? 

Embora a sessão do CONSUNI já durasse mais de quatro horas e eram diversos os pedidos de docentes para consultar suas Unidades, a mesa decidiu colocar em processo de votação a sua proposta. A Aliança pela Liberdade solicitou, como prevê o regimento da Universidade de Brasília, votação nominal, afim de que todos os conselheiros ali presentes pudessem fundamentar da melhor maneira possível seus votos. 

Diz o regimento da UnB:
Art. 56. As deliberações dos colegiados tomam-se por maioria simples de votos dos membros presentes, a partir do mínimo fixado no art. 49, respeitados os casos em que expressamente se exigir maior número de votos. 
§ 1º A votação é simbólica, nominal ou secreta, adotando-se a primeira forma sempre que uma das duas outras não seja requerida por um ou mais membros do colegiado, nem esteja expressamente prevista. 

Resta evidente que um pedido de votação nominal não é matéria de votação, basta uma solicitação e o pronunciamento dos votos deve obedecer a este rito. Entretanto, mesmo alertado da previsão regimental citada acima, o Magnífico Reitor afirmou que colocaria em deliberação o requerimento de votação nominal.  

Não obstante, mas diante dos nossos reiterados pedidos para que o Regimento da Universidade fosse respeitado, subitamente a autoridade máxima da Universidade de Brasília indeferiu a votação nominal e a retirou do regime de deliberação, que ela mesmo havia proposto. 

Em face disso, chamando o Reitor a sua responsabilidade institucional, um dos nossos conselheiros, em pronunciamento ao Conselho e ao seu Presidente, disse: "A história dirá se o senhor seguiu ou não o regimento da Universidade de Brasília!" Para então ouvir do Magnífico Reitor: "Eu, pelo menos, tenho história, o senhor ainda tem que construir a sua!" 

A fala do Magnífico Reitor, além de expressar um argumento de autoridade, expressa total desrespeito com um membro do CONSUNI, que assim como ele foi democraticamente eleito para representar os estudantes da nossa Universidade. Mas isso não é tudo. Nossa Magnificência voltou atrás de sua decisão e afirmou que indeferira o encaminhamento desta Aliança pela Liberdade por “pedagogia”. Como um senhor faz com seu vassalo, jamais como um Reitor, que respeita o estudante como um igual. 

O requerimento por uma votação nominal foi então colocado em deliberação, mesmo não sendo passível de votação de acordo com o regimento da UnB; porém não sendo atendido por maioria simples dos votos. Passado este ponto, a mesa colocou em votação sua proposta por uma consulta informal, que saiu vitoriosa. 

Entretanto, mais um fato estranho ao ambiente universitário, por seu caráter cerceante, aconteceu antes de finalizado o Conselho Universitário. Enquanto votavámos por uma consulta informal, um Decano e também membro pleno do CONSUNI disse a um conselheiro discente desta Aliança pela Liberdade na frente de outros membros e convidados do Conselho: Deixe de ser um inquisidor! 

E tudo porque o suposto inquisidor questionou a uma pessoa - que o desacatava e gritava debochadamente em direção dele trechos de falas suas durante o CONSUNI - se esta era membro daquele colegiado. O conjeturado “conselheiro-inquisidor”, o Decano e quem gritava estavam pertos um dos outros. Entretanto, a milhas de distância quando o assunto é respeito e responsabilidade institucional. 

*Para maiores informações sobre como será o processo de escolha do nosso reitor: Como escolheremos o próximo reitor da nossa Universidade?

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Carta Aberta ao Reitor da UnB

                                                                                                                      Atlanta, 1º de junho de 2012.

A Vossa Magnificência o Senhor
JOSÉ GERALDO DE SOUSA JÚNIOR
Reitor da Universidade de Brasília.

 Estimado Professor,

 Durante dois anos tive a honra de servir à comunidade discente da Universidade de Brasília como seu representante no Conselho Universitário. No mesmo período, pude observar o modo como V.Mag.ª conduziu os trabalhos daquele egrégio órgão. Sua presidência foi sempre marcada pela tolerância e diálogo. Mesmo nos momentos de discordância, vi na conduta de V.Mag.ª o respeito pelas opiniões divergentes e a opção pelos métodos que garantiam o maior consenso e legitimidade possíveis nas cizânias mais severas da comunidade universitária.

 Foi assim, por exemplo, que se deu a discussão do processo de recredenciamento da FINATEC, que tomou diversas sessões do Consuni e foi debatido à exaustão - e em que, à despeito das paixões políticas, todos puderam prestar seu apreço pelo brilhante relatório do Prof. Nigel Pitt. Aquele processo culminou com um voto histórico de V.Mag.ª, que ratificou uma indicação minha para que um estudante compusesse o Conselho Consultivo daquela respectiva Fundação.

 É por ter trabalhado ao lado de V.Mag.ª e por ter tido uma experiência extremamente positiva nesse aspecto que me causou estranheza ver o modo como foi conduzido o Conselho Universitário na tarde de hoje. Não é compatível com a imagem que tenho de V.Mag.ª uma postura usualmente descrita como a de se “tratorar” os Conselheiros em suas deliberações. Vi V.Mag.ª, no uso das atribuições de Presidente do Conselho Universitário, afirmar que indeferia o encaminhamento de um Conselheiro por “pedagogia”. É emblemático que em uma reunião em que se discute a paridade na Universidade o Reitor tenha se esquecido que os Representantes Discentes são membros plenos daquele Conselho e que não compete ao Reitor, naquele ambiente, educá-los - mas sim respeitá-los como seus pares. Enquanto essa mentalidade institucional paternalista for reproduzida, nenhuma paridade será verdadeiramente alcançada.

Como V.Mag.ª, tenho júbilo no resultado de hoje, e vejo a manutenção da paridade como uma vitória. Entretanto, entendo que existem algumas coisas são mais importantes que vitórias políticas circunstanciais. O respeito mútuo e o apreço às normas e ao amplo diálogo democrático são mais que mero formalismo - são eles o único método para a construção de consensos em temas controversos e para avanços progressivos na comunidade universitária.

Vi V.Mag.ª construir o último capítulo de sua história nos quatro últimos anos. Não foi, contudo, diminuindo aqueles que são, na qualidade de Conselheiros, seus pares, que V.Mag.ª fê-lo. Infelizmente, a postura de V.Mag.ª na reunião de hoje, ao invés de conduzir à construção de uma universidade mais democrática e se marcar como um Ode à Paridade, reforçou a hierarquização institucional em um dos poucos espaços em que ela não deveria existir. Em minha opinião, essa postura não condiz com sua história e sua gestão. Por isso, escrevo essa carta.

Aproveito o ensejo para renovar meus mais sinceros protestos de estima e consideração.

Respeitosamente,

Carlos André Bezerra de Góes
Bacharel em Relações Internacionais pela UnB
Ex-Representante Discente no Consuni (2009-2011)

segunda-feira, 9 de abril de 2012

NOTA DE REPÚDIO AOS ATAQUES PRECONCEITUOSOS E DISCRIMINATÓRIOS CONTRA O DCE/UnB


*Por Octávio Torres

Reproduzimos, abaixo, nota divulgada pela Direção do DCE-UnB, Gestão Aliança pela Liberdade.

Na tarde de hoje foi afixada em toda a Universidade de Brasília uma falsa convocatória, em nome do DCE Honestino Guimarães, para uma Assembleia Geral dos Estudantes desta Universidade.

O conteúdo da convocação investe na mentira como metódo para difamar o DCE, o nome de Honestino Guimarães e todos os estudantes da Universidade de Brasília. Desde sua gênese, o grupo que forma a atual gestão do DCE se firmou na supremacia de direitos e liberdades individuais, na defesa das minorias, no respeito aos direitos fundamentais da pessoa humana, no Estado de Direito, na igualdade de todos perante à lei e no direito inalienável que cada indivíduo tem de escolher seu próprio destino.

Acreditamos na utilidade social do respeito. Acreditamos na força da democracia. Acreditamos que as pessoas podem ter posições políticas distintas sem utilizar subterfúgios antiéticos que transformam aquela que deveria ser uma disputa institucional entre adversários em uma guerra fratricida entre inimigos.

A utilização de métodos excusos de difamação e xingamentos pessoais para tentar dilacerar, por meio de mentiras, a reputação de seus adversários, é uma estratégia antitética à democracia. Ela é totalitária, na medida em que tenta manter um único pensamento na Universidade, repudiando uma voz dissonante às velhas receitas um movimento estudantil anacrônico e autoritário.

Clamamos para que todos os grupos estudantis que tenham apreço pela democracia e pela tolerância que repudiem veementemente esse ato de intolerância, discriminação e alterofobia – uma fobia ao outro, a tudo que é diferente de si. Repudiamos iniciativas que disseminem o terror, o ódio e o preconceito no espaço universitário. Una-se a nós em nosso bom combate contra a intolerância e contra todas as formas de preconceito.

*Octávio Torres é graduando em Direito pela UnB. Membro fundador da Aliança pela Liberdade e conselheiro discente no Conselho Universitário (CONSUNI).

quarta-feira, 4 de abril de 2012

CEB SOBRE A CALOURADA: Gritos versus argumentos



*Por Saulo Maia Said


Ganhar no grito: Ato de sobrepor à vontade de outro através da imposição da voz ou da insistência com as mesmas palavras. Essa situação é muito comum quando alguém não encontra meios eficazes de sustentar suas posições. Há o exemplo de várias espécies de animais que podem ganhar duelos gritando, sem nenhum embate corporal.


O último CEB, do dia 3 de abril de 2012, teve como ponto de pauta a Calourada 1º/2012. Os que têm acompanhado o site do DCE e a fanpage no Facebook já sabem que, com parcimônia e muita tranquilidade, a Gestão do DCE foi rebatendo ponto a ponto a rede de mentiras e desvarios espalhados por gente que costuma ter compromisso apenas com seus partidos e projetos de poder. Raras foram as críticas ponderadas e construtivas. Os que tinham por costume odiar, continuaram odiando. Alguns desses indivíduos, que ainda se sentem donos da universidade, que adoram falar em coletividade, mas que exigem sua carteirinha de filiado ao partido y ou ao movimento social x para lhe dar o direito de voz, achavam um absurdo uma festa aonde pensar no risco econômico fosse natural. (Informações sobree sobre a calourada, acesse: Calourada. Informações sobre a reunião de ontem, acesse: Secom e CEB).

Sempre as mesmas figurinhas, sempre as mesmas caras, dizem por aí que esse modelo de festa exclui os Centros Acadêmicos, pois já estava pré-formatado e os tornava apenas pontos de venda. Bom mesmo era o modelo anterior, no qual você só era incluído se entrasse com dinheiro, trabalho e, claro, muita dor de cabeça. Nada como socializar o patrimônio alheio e construir coletivamente um prejuízo (dos outros, já que você poderá sair com um ótimo know-how de festas e encher as bolsas de dinheiro em sua própria Calourada com um nome um pouquinho diferente). E isso tudo, prejuízo e frustração, é visto como um erro sobre o qual deve-se apenas refletir. Sabemos o que todos esses grupos com interesses diversos dos dos estudantes querem.

Todos querendo pilhar o projeto construído por iniciativa do DCE. Sim, o projeto está sendo desenvolvido com uma parceria de ABSOLUTO sucesso e jamais antes vista na história dessa Universidade, mas o que importa é detoná-lo, já que a idéia partiu do DCE e já que nada que venha dessa gestão pode ser bom. Preferem arruinar as contas do DCE e vê-lo em ruínas a tolerar qualquer sucesso da atual gestão, mesmo que muito maior seja o sucesso de todo o público (No momento em que esse texto foi postado, 41 CAs já confirmaram participação, número muito superior ao alcançadas nas últimas gestões).

Não percebem os que se ocupam apenas em destruir que o sucesso da atual gestão significa que a representação estudantil da UnB será deixada em um patamar mais elevado, venha quem vier depois? Não percebem que o profissionalismo, equilíbrio e responsabilidade, que são o norte da atual gestão, são valores a serem cultivados por todos em benefício de todos? Não, não percebem. Afinal, não perceberam até hoje que o resultado eleitoral da disputa para DCE foi um basta ao autoritarismo, intolerância, sectarismo e megalomania que caracterizava o velho modelo.

A atual gestão não age irresponsavelmente, nem aposta o patrimônio e o nome dos CAs (e dos/das estudantes por eles representados) no cassino das palavras de ordem e do discurso pré-formatado.

Responsabilidade e convicção são a marca da Aliança pela Liberdade desde o seu surgimento. Estamos convictos de que se deve ouvir antes de falar. Estamos convictos de que não é berrando que conseguimos as coisas e de que, se o outro lado não concordar, palavras de ordem e ofensas só irão convencer aos outros de que você não convenceu nem a você mesmo. Se seu argumento é tão bom, qual a necessidade de berrar ou de calar o outro? Não é assediando as pessoas para que mudem seu voto que se vence uma votação, ao menos não quando as regras são claras, previamente estabelecidas, aplicadas a todos igual e honestamente. Como talvez exista uma confusão sobre o significado dessas duas concepções, certas pessoas não conseguem conviver com o diferente.

Não, não representamos nem representaremos a desordem e a intolerância. A Aliança pela Liberdade continuará a portar-se com o mesmo espírito de serenidade, compreensão e responsabilidade para com aqueles que representamos, seja na execução profissional de uma festa, seja na condução civilizada de uma deliberação. Esteja este grupo à frente do DCE ou nos Conselhos Superiores da UnB, a tolerância e o respeito mútuo continuarão a ser a regra de conduta. Que os exemplos como o capturado pelo vídeo sejam apenas lapsos de memória de um movimento estudantil que já passou.

Recordemos que essas práticas autoritárias de tentar vencer no grito e nos empurrões, desprezando o Estado Democrático de Direito, não passa de mais do mesmo daqueles grupos minoritários que até hoje não aceitam a derrota das urnas:



*Saulo Maia Said é graduado em História pela UnB e mestrando em Ciência Política pelo IESP-UERJ, antigo IUPERJ. Membro da Aliança pela Liberdade desde 2009.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Algumas explicações sobre nossa posição no trote

Depois do último texto sobre o trote, surgiram alguns questionamentos, tentarei comentar agora os que me pareceram mais relevantes.


1 - Se a Aliança pela Liberdade quer punir excessos mas não acabar com a recepção, por que não usa outra palavra que não 'trote', a fim de acabar mal entendidos?

Essa é uma ótima sugestão e agradecemos quem a fez pois mostrou uma posição aberta ao diálogo e a posições divergentes, intrínseca a qualquer discussão democrática. Infelizmente, porém, não acho que seria o ideal para nós acatá-la.

A palavra trote realmente está ligada a abusos (que têm que ser combatidos), mas está também ligada a uma prática que a maior parte dos estudantes aprova: às brincadeiras e à sujeira. Se desistíssimos do termo trote e tentássemos construir um outro, não estaríamos defendendo a prática que nossos eleitores aprovam, mas inventando uma outra prática que tem pouca chance de se adotada por outros em detrimento do trote como boa parte dos calouros quer.


2 - Não há liberdade de escolha em ser sujado ou não quando você está no meio de uma multidão tentando ver o resultado do vestibular.

Claro que os ovos e farinha não perguntam pra ninguém se este quer ser acertado. Qualquer um que esteja no meio da multidão no teatro de arena e procura nomes de aprovados corre o risco de ser alvo da sujeira. Mais que isso, não corre o risco, mas sim tem a certeza de que será acertado. O maior símbolo da aprovação no vestibular são os calouros sujos na hora do resultado, qualquer um que tenho feito o vestibular sabe disso. Calouros sujos estão nas propagandas de vários cursinhos. Quem vai ver o reultado na hora sabe que vai se sujar, não é um risco que ele vai correr, é um certeza, quem for ver o resultado na hora vai se sujar.

Como alguém pode ter liberdade de não se sujar com essa certeza? É simples e claro, veja o resultado de um computador. Pode ser em casa mesmo ou até na UnB. Não quer se sujar não vá pra multidão, simples assim.

Isso leva ainda a outra conclusão. Se quem está na multidão quer se sujar, quando alguém tenta impedir que eles se sujem (contra sua própria vontade) estão cerceando a vontade dos calouros. Ações contra a sujeira na recepção de calouros cercea a liberdade dos calouros com a "finalidade" de acabar com um trote que não tem nada de violento e nem nada de degradante.


3 - Colocar a responsabilidade de regular o trote e punir excessos é onerar ainda mais a reitoria.

Sem dúvidas com mais um dever a reitoria fica um pouco mais atolada. Mas não fomos nós que sugerimos que a reitoria regulasse as práticas sociais na universidade, isso já era dever da reitoria. Nós apenas sugerimos o meio que acreditamos ser o melhor para intervir nessas práticas.

Prova disso são os livretos distribuídos pela Administação da UnB sobre trote e o site http://atitudesuniversitarias.wordpress.com/ em que a reitoria faz uma consulta pública para editar normas de convivência universitária (incluindo festas e trotes). E quem fará que estas normas, assim como as já existentes, sejam aplicadas? Obviamente isso também é trabaho da reitoria.

Agora, se a reitoria quer proibir o trote no resultado do PAS e do vestibular por ser uma prática degradante, nós nos sentimos na responsabilidade de discordar, afinal, qual é a humilhação em sujar quem quer se sujar?


4 - A Aliança pela Liberdade na verdade defende os abusos e excessos praticados no trote.

Obviamente não defendemos. A Aliança pela Liberdade não defende nada que vá contra liberdades individuais, seja degradação moral, seja ser obrigado a participar de um trote contra a própria vontade.

Sobre isto, publicaremos em breve um texto explicando mais detalhadamente as medidas que sugerimos para que o trote seja livre e sem abusos.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Liberdade no trote




por Davi Brito.



A função precípua da Universidade é produzir conhecimento com excelência.



É claro que isso não quer dizer que a vida universitária se restrinja a atividades de ensino, pesquisa e extensão. A relação amigável entre estudantes e todos os outros membros da comunidade universitária também tem seu papel essencial no desenvolvimento da academia. E, para isso, são necessárias atividade de integração, como por exemplo, reuniões nos Centros Acadêmicos, Happy Hours e trotes. Todas essas atividades têm seu papel na vida universitária, o problema é quando elas começam a gerar excessos ou a atrapalhar as atividades acadêmicas.



Neste texto, trataremos apenas o caso do trote.



O trote é um rito de passagem, um evento que marca o estudante no sentido em que ele começa a se responsabilizar pelas suas próprias escolhas: o que vai ser quando crescer, o quão sério vai levar seus estudos, se vale a pena se sujar com os colegas ao entrar na universidade...



Ninguém tem obrigação de gostar ou participar de trote algum, mas, sem dúvidas, existem pessoas que gostam e a cada novo semestre entram centenas de novos calouros na UnB que vão olhar o resultado do vestibular no teatro de arena esperando comemorar sua aprovação com ovos e farinha. O trote pode adquirir feições exageradas, mas isso é justificativa para proibi-lo taxativamente? Não seria melhor reprimir apenas as práticas abusivas?



É claro que sempre é um desafio definir o que é abuso e o que não é, mas coibir uma prática amplamente aceita (se você duvida que é aceita, saia pela universidade e pergunte aos calouros se eles querem trote ou não) no lugar de regulá-la seria simplesmente fugir do problema. O que deve ser feito é definirem-se regras claras e atuar em prol de sua aplicação.



Acreditamos que, como já foi dito, os trotes não podem atrapalhar atividades acadêmicas, especialmente aulas, logo, devem ocorrer fora dos prédios. Igualmente importante é não haver qualquer forma de constrangimento ou represália aos estudantes que não quiserem participar do trote, sendo que isso deve estar claro para todos os participantes. A Liberdade e a Excelência Acadêmica devem estar sempre em primeiro plano.



Outros tipos de excessos que devem ser igualmente proibidos são depredar a universidade ou deixá-la suja, atos homofóbicos e qualquer ato com potencial para machucar fisicamente (e não um simples “elefantinho”). Sugerimos, ainda, a criação de uma “semana do trote” que seria o momento do semestre em que os trotes seriam permitidos, a fim de que a liberdade de escolha do aluno aumentasse ainda mais, pois todos saberiam quando o trote poderia ocorrer. Além disso, o acompanhamento das condutas durantes os trotes por parte da administração universitária seria facilitado.



É claro que para que isso dê certo, é preciso uma atuação efetiva das autoridades competentes (Reitoria, Prefeitura, etc.) na hora de organizar as atividades e punir excessos, não descartadas as ações cíveis e penais cabíveis. Sem essa presença da administração da UnB, regular a prática seria tão inútil quanto proibi-las.



O trote é uma tradição e tradições evoluem, mudam. Se não existir mais trote daqui a alguns anos, paciência. O que não é tolerável é uma voz hipócrita e paternalista que se joga entre os ovos e os calouros com a desculpa de protegê-los, sendo que eles são os que mais querem a sujeira e a diversão para comemorar sua luta, sua aprovação e o começo de uma nova fase em suas vidas.



(Este texto expressa as opiniões da Aliança Pela Liberdade. Dúvidas ou críticas, comente!)

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Trabalho duro marca último dia de obra do Beijódromo (EIN!?)



Não, o título deste post não é gozação! Ele é a reprodução do destaque do portal da UnB neste glorioso dia. Eu ainda quero entender (talvez algum iluminado que visita este blog possa explicar-me) como tivemos tanto dinheiro e recursos humanos p/ gastar nessa obra quando tantas outras (preciso mesmo linkar?) continuam no ritmo de tartaruga. O Brasil é mesmo um país RIQUÍSSIMO para torrarmos dinheiro com utopias! A UnB está uma beleza, com instalações moderníssimas e uma Casa do Estudante Universitário que é um verdadeiro céu! Não serei eu a reclamar! Não serei eu a profanar as utopias, ainda mais uma abençoada pelo dignatário-mor desta terra de sábios. Como diria Schiller, "contra a estupidez até os deuses lutam em vão".

Em tempo: votem em nossa nova enquete. Quem sabe ela ajuda a motivar futuras matérias da SECOM?
(As opiniões expressas neste pequeno parágrafo são de responsabilidade deste autor e não necessariamento refletem a opinião coletiva da Aliança pela Liberdade)


Da SECOM:
Trabalho duro marca último dia de obra do Beijódromo

Operários finalizam construção do Memorial Darcy Ribeiro, que será inaugurado no dia 6 de dezembro. Enquanto isso, comunidade acadêmica mata a curiosidade com a queda dos tapumes

Thássia Alves - Da Secretaria de Comunicação da UnB



Máquinas ligadas formando um barulho contínuo. Homens concentrados, sem tempo nem para meia dúzia de palavras. Gente apressada correndo contra o avanço do relógio. O volume de trabalho permite pouca conversa. A data foi marcada, seis de dezembro de 2010, com presença confirmada dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e José Mujica – do Uruguai. A cerimônia será às 15h.

É a inauguração do Beijódromo, no campus Darcy Ribeiro. Sob o comando de uma voz feminina, três homens escutam atentos as últimas orientações. “Hoje é o pior dia da obra”, ordena Adriana Filgueiras, responsável pela construção. Ela se refere a esta terça-feira, 30 de novembro, data limite para a entrega do prédio.

O Memorial Darcy Ribeiro surge tímido para a comunidade acadêmica. Aos poucos, os tapumes vão caindo e quem passa pelos arredores da Reitoria encontra uma nova paisagem. “Dei uma espiada hoje pela manhã, mas foi de longe”, conta o professor Antônio Carlos dos Anjos, coordenador do Projeto Rondon.

O professor vê no Beijódromo o resgate da essência da Universidade de Brasília. “Esse espaço vem para mostrar quem é a UnB”. Antônio Carlos conta que já esbarrou com colegas que questionaram a utilidade da obra. “Quem diz isso não pensa a Universidade como o organismo vivo que ela é. Construir uma obra pensada há tantas décadas mostra que a UnB se recria a todo instante”, afirma.

Mesmo quem desconhece o projeto, se encanta com as curvas da arquitetura do beijo de Darcy. "Passei pela entrada por volta das 11h e vi os tapumes caindo. Não sabia exatamente o que era, mas já tinha visto a construção de longe", conta Martina Gomes de Miranda, aluna da pós-graduação da Faculdade de Medicina. "É esquisito, mas bonito".

Para terminar a construção dentro do prazo, operários finalizam os últimos detalhes. De um lado, um deles pergunta: “E as luzes do banheiro?”. Sem perder o humor, apesar do corre-corre, o colega responde: “É como qualquer outra! É só ligar o interruptor”. “O tempo que resta é para correria”, justifica Walter Bento Garcia, responsável pela parte hidráulica da obra e um dos 100 homens que tocam o projeto assinado pelo arquiteto João Filgueiras Lima, o Lelé.

ACERVO DE DARCY – O Memorial Darcy Ribeiro foi idealizado pelo fundador da UnB como o encontro perfeito entre sentimento e razão. O prédio vai abrigar todo o acervo do antropólogo e educador e terá também um anfiteatro dedicado à vivência, carinhosamente apelidado de "Beijódromo" pelo próprio Darcy.

A cerimônia de assinatura do convênio da obra, em maio deste ano, reuniu o presidente da Fundação Darcy Ribeiro, Paulo Ribeiro, o ministro da Cultura, Juca Ferreira, e o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Luiz Soares Dulci. "O sentimento é de reencontro com a utopia da UnB, a disposição de Darcy de realizar grandes utopias", disse o reitor José Geraldo de Sousa Junior na ocasião.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Pela liberdade de escolha (ou O porquê do trote voluntário ser essencial)

Há alguns dias, neste mesmo Blog, foi veiculado um comentário referente ao acidente ocorrido com um calouro de Engenharia de Redes. Embora classificado pelo próprio estudante lesionado como um “acidente”, o trote seria, alguns argumentam, uma prova definitiva de que estes seriam tão somente momentos de barbárie contra indefesos calouros que se sentiriam moralmente coagidos a participar dos ritos de violência, sob a pena do ostracismo social universitário.

Pretendo tecer alguns argumentos para indicar que tal discurso não passa de soma de mito, hipérbole, preconceito e ignorância. Inicialmente, necessário é assinalar que rituais são muito importantes na vida humana. Cada experiência inédita em nossas vidas é uma pequena conquista que em geral fica marcada na memória, em graus distintos de importância. O primeiro beijo; a primeira namorada; a primeira vez que você viu seu time ser campeão; viagens e reconhecimentos de sucesso, dentre outras situações, são experiências deste tipo. Aquelas mais tradicionais (e mais importantes), acabam por serem envoltas por expectativas e rituais que consumam essa realização. Casamento, formatura do Ensino Médio e o ingresso na Universidade são marcados pela existência dessas práticas tradicionais.

O ingresso em uma Universidade Federal de ponta, hoje, é precedido por um esforço incomensurável de horas de preparação com vistas a um único objetivo. Muitas vezes sacrifica-se a vida social, o namoro e o lazer somente para conseguir alcançar a tão sonhada aprovação no vestibular. Chegado o dia da aprovação, as expectativas transformam-se em ondas de júbilo e êxtase – uma felicidade que só quem já passou pode entender. O ingresso na Universidade é marcado não somente pela sensação de sucesso, como também pela ideia de abandono da infância e ingresso na vida adulta (ou quase), com (novas) expectativas referentes a experiências que alguém só pode vivenciar no ambiente universitário.

Parece evidente, portanto, que a aprovação na UnB é um dos momentos mais importantes na vida de qualquer jovem – pelo que significa em absoluto, e pelas expectativas que enseja. De tal sorte, não é de se estranhar que os calouros queiram viver intensamente cada momento do sem-número de ineditismos que o cercam nesse momento. Nesse sentido, o trote é, portanto, um rito de celebração, um êxtase coletivo de júbilo e a garantia de que esses momentos ficarão para sempre na memória dos calouros.

Não tenho dúvidas em afirmar que a esmagadora maioria dos calouros (e me incluo nesse grupo, pois era como sentia-me quando de meu primeiro semestre) espera ansiosamente pelo trote! A imagem da sujeira das tintas, do passeio desconfortável pela então desconhecida UnB, da provocação gratuita a cursos “rivais” (no meu caso: “Eu faço REL, e sou viado; mas todo POL é REL frustrado!”) e a capacidade de rir de si mesmo, dos colegas e do ridículo da situação é inesquecível – e uma verdadeira lição de vida.

Parece-me óbvio que os veteranos podem facilitar a vida dos calouros e devem tomar algumas atitudes essenciais. Podem avisar o dia do trote, para que os calouros tragam roupas velhas para participar da sujeira. O voluntarismo, naturalmente, é imperativo. Não consigo aceitar o argumento de haver “coação moral implícita” evidenciada pela “exclusão social” dos ausentes. Minha experiência mostra-me que capacidade de socialização é algo muito caro a cada pessoa e que, assim como a participação no trote não é garantia de popularidade, a ausência do trote não significa ostracismo. Conheço gente que não participou do trote exerceu liderança em seus cursos – ou seja, isso é mais percepção que realidade.

Até entendo que alguns calouros possam acreditar nisso – assim como acreditam, também, que se você pegar qualquer matéria fora do fluxo de seu curso o “sistema” vai, de algum modo, marcá-lo para sempre e você nunca mais conseguirá qualquer matéria no MatriculaWeb! A mudança dessas percepções é também parte da vivência universitária e do amadurecimento inerente à passagem dos estudantes na UnB!

Você, formando, pode até achar trote uma coisa idiota. Para a maioria dos calouros, entretanto, é um ritual/marco/memória/momento muito importante em que se vai espontaneamente celebrar o sucesso e a alegria. Se você é contra trote, não participe. Não queira, contudo, impor sua visão de mundo sobre todos os outros. Não seja paternalista e autoritário: deixe com que outros escolham, por si só, se querem ou não participar dos ritos de iniciação Universitária.

Carlos Góes, 23, é estudante do 8º semestre de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, Representante Discente no Conselho Universitário da UnB e membro fundador da Aliança pela Liberdade.

terça-feira, 30 de março de 2010

Sobre estupro, violência e oportunismo

Notícia veiculada pelo portal da UnB:

Reitor responde às reivindicações das mulheres

Reitoria vai corrigir problemas de iluminação, segurança e transporte apresentados por grupo de alunas da UnB
Thais Antonio - Da Secretaria de Comunicação da UnB



O reitor, José Geraldo de Sousa Junior, propôs soluções para as reivindicações apresentadas pelo Coletivo Unificado de Mulheres da UnB. Em protesto realizado no dia 19, as integrantes da organização exigiram da Reitoria segurança e iluminação do campus e das vias de acesso à universidade, ampliação do horário do transporte noturno gratuito até a L2 Norte e políticas da UnB para mulheres.

As propostas da Reitoria incluem a criação de uma ouvidoria para tratar das denúncias de assédio moral, limpeza dos terrenos baldios ao redor da universidade, abertura de licitação para ampliar e corrigir a iluminação no campus e ampliação do horário e trajeto do transporte coletivo noturno. O documento afirma também o compromisso da Reitoria em garantir o cumprimento da cota de 20% da ocupação dos cargos de vigilante da UnB por integrantes do sexo feminino, além da criação de um grupo de trabalho para elaborar o projeto de fundação de um Centro de Referência para Mulheres na universidade.

“A gente recebeu uma resposta da reitoria para cada um dos pontos do manifesto e vamos avaliar, afirma Joyce Holland, aluna do 7º semestre de Tradução-Francês e integrante do Coletivo. O reitor declarou às estudantes que "o documento será sempre insuficiente em relação aos problemas. "Mas é o que a gente pode fazer”, justificou.

Apresentadas em protesto contra o estupro de uma aluna do curso de Letras no dia 15, as reivindicações foram analisadas e discutidas em um grupo de trabalho formado pela Reitoria. “Nós não estamos entregando apenas as respostas das questões levantadas por vocês, mas uma série de documentos que mostram o encaminhamento de cada questão”, explicou às estudantes a decana de Assuntos Comunitários, Rachel Nunes.

A decana afirmou que a solução para a maioria das reivindicações apresentadas pelo coletivo já estava em curso. “As questões são relevantes e refletem a preocupação cotidiana do reitor e da universidade”, comentou.

Na plateia de alunas que recebeu o documento da Reitoria, havia apenas um representante do sexo masculino. Rafael Gontijo, estudante do 3º semestre de Comunicação Social, foi à reunião por curiosidade, mas ressaltou seu apoio às reivindicações do Coletivo de Mulheres. “Eu apoio as causas apresentadas. Acho que a questão feminina é uma emergência”, disse.

EXIGÊNCIAS E PROPOSTAS

Limpeza de descampados e iluminação efetiva de todos os campi da UnB e vias de acesso
Resposta da UnB: Foi enviado um ofício à administradora regional de Brasília pedindo a limpeza do terreno em que ocorreu o estupro. Quanto à iluminação, a Reitoria afirma que a Prefeitura do Campus tem realizado adequação no sistema existente e que foi aberta, em 24 de março, licitação para execução de melhorias na rede.

Ocupação de 50% dos cargos de segurança da universidade por mulheres
Resposta da UnB: Os contratos com as empresas responsáveis pela vigilância e portarias prevê que 20% das vagas sejam ocupadas por mulheres. A Reitoria assumiu o compromisso de observar o cumprimento da previsão.

Ausência de canal para denúncia dos casos de assédio moral de mulheres na universidade
Resposta da UnB: A Reitoria vai criar uma ouvidoria para esses casos.

Ampliação dos horários do transporte gratuito interno
Resposta da UnB: A Reitoria acatou a sugestão de horários do manifesto e aguarda resposta do Transporte Urbano do Distrito Federal para incluir no percurso a parada de ônibus do HUB.

Criação de um centro de referência das mulheres
Resposta da UnB: A UnB vai constituir um grupo de trabalho para elaborar projeto de criação de Centro de Referência para as mulheres, sob a coordenação da professora Lourdes Bandeira, subsecretária da Secretaria de Políticas Públicas para a Mulher, do Governo Federal.

Construção e manutenção de creches vinculadas à UnB, estabelecidas em seus respectivos campi
Resposta da UnB: As servidoras da UnB têm direito a auxílio-creche. A universidade pretende expandir o auxílio para estudantes em vulnerabilidade social e econômica e está elaborando um Programa de Educação Infantil que deve passar a vigorar em 2011.

Licença maternidade

Resposta da UnB: A UnB cumpre a lei que prorroga a licença maternidade para seis meses.

Transparência em relação aos casos de estupro e de todos os tipos de violência contra a mulher praticados nos campi
Resposta da UnB: A universidade tem divulgado os casos de violência por meio da Secretaria de Comunicação, com o cuidado de não expor as vítimas.






COMENTÁRIO de Saulo Said, membro da Aliança:

Infelizmente, o caso do estupro da estudante de Letras vem sendo apropriado pelas feministas de carteirinha da UnB. Trataram de um problema de segurança pública como se fosse uma questão de gênero, o que mascararia o descaso com a violência contra a mulher e a ausência de políticas para mulheres e bobagens do gênero.

Se isso de alguma maneira conforta as representantes do belo sexo então eu afirmo: não existe um descaso específico com as mulheres quando o assunto é segurança. O descaso é geral, a começar pela ausência de policiamento no campus onde passam mais de 30.000 pessoas diariamente.

Como até os bandidos já perceberam, a UnB é uma anarquia. Como dissera John Locke, só existe liberdade onde existe a lei para por limites as liberdades individuais. E a lei, por sua vez, só tem poder de fato quando existem magistrados capazes de coibir o crime ou apanhar o infrator. Na ausência desse magistrado, reingressamos no estado de natureza. E o resultado disso é que covardes, como aquele que estuprou a estudante de Letras, se sentem seguros para cometer delitos.

A insegurança é geral, só os crimes e as vítimas é que variam. E quando falo de insegurança não me refiro apenas a estupros, sequestros, roubos e furtos. Eu já tive o desgosto de ver um protesto anti-semita na BCE,levado a cabo por anarquistas vestidos de preto e com pedaços de madeira nas mãos. Isso também é violência.

No mais, não existe essa de que só as mulheres é que sentem e lastimam crimes contra mulheres. Os maiores afetados pelo crime bárbaro ocorrido foram a moça (a vítima), logo seguida de seus familiares e amigos. De resto, qualquer ser-humano civilizado é capaz de se sensibilizar com o ocorrido. Não é o orgão genital que controla nossa capacidade de sofrer por atrocidades cometidas contra nossos semelhantes e sim nossos valores.

Para utilizar a linguagem leninista (uma gentil concessão que faço aos esquerdosos), o coletivo que exclui homens demonstra oportunismo. Aproveitaram a circunstância trágica para defender a tese do descaso da sociedade machista (ou patriarcal) em relação aos crimes cometidos contra a mulher. Como se nós homens não tivéssemos mães, amigas, tias, avós ou namoradas pelas quais sentimos afeto.

sexta-feira, 5 de março de 2010

O elogio da civilidade


No semestre que se inicia a Aliança pela Liberdade organizará uma série de palestras e debates a respeito de importantes temas, como a crise financeira internacional, a liberdade de expressão e o alcance da ação estatal no Brasil. Acreditamos que está nas bases de nossa vocação como grupo acadêmico-político a chamada para o debate e a reflexão de temas que ainda são tratados com timidez no espaço universitário.

Afinal, qual a missão da universidade? Insisto em proclamar que seja aproximar-se da verdade, sem dizer o que deve ser, sem prescrições de engenharia social, mas ao menos dizendo o que não é, para aproveitar lição do geneticista Sérgio Pena em sua recente participação na Audiência Pública das cotas raciais no STF. Há aqueles que dizem não existir a verdade, mas, citando uma velha lição "A is A. Existence exists".

Pois bem, começaremos essa busca com contribuição do ilustre diplomata e professor Paulo Roberto de Almeida (http://diplomatizzando.blogspot.com/) na manhã de segunda-feira 15 de março. Às 09:45h terá início aula-debate no Joaquim Nabuco (FA) com o professor sobre temas fundamentais de nossa estratégia nacional, passando por relações internacionais, política, economia e direito.

Mas qual a razão do título que encabeça este post? O evento que abre nosso ciclo de reflexões não se daria sem a valiosa contribuição dos Centros Acadêmicos de Direito, Ciência Política, Relações Internacionais e Economia. Por mais que em muitos casos sejam divergentes as percepções ideológicas dos membros da Aliança e das diretorias dos mencionados centros, encontramos não mais do que simpatia e colaboração por parte delas.

A civilidade não pode submeter-se aos falsos dilemas entre direita e esquerda.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Cinismo ou autismo? Secretaria de Propaganda da Reitoria produz matéria absurda. Parte II


Qualquer indivíduo que tenha a experiência de uma semana no Campus Darcy Ribeiro morreria de rir ou de chorar dessa matéria. Preguiça de andar!? NÃO! Como diz o professor entrevistado na matéria, de fato especialista, e DE FATO membro da Administração como assessor do Reitor, se puderem “as pessoas levam o carro para dentro da sala”. E levaríamos mesmo! Por fetichismo? Por loucura? Infelizmente, não. A briga diária por uma vaga próxima às entradas dos prédios, em especial no ICC, não será resolvida em consultórios psiquiátricos ou com um pouco menos de preguiça. Será resolvida sim com um pouco menos de vulgaridade e frivolidade por parte de nossos gestores.

Todo indivíduo sério de nossa comunidade acadêmica sabe que os riscos crescem exponencialmente se estacionarmos longe das entradas e do movimento dos transeuntes. A própria Secretaria de Propaganda, vulgo SECOM, publicou em 12/06/2009 matéria sobre a violência na UnB, mais especificamente na FA. Eis o link: http://www.unb.br/noticias/unbagencia/unbagencia.php?id=1824

A despeito dos importantes pontos levantados na matéria criticada (como o respeito à legislação de trânsito e a questão ambiental/excesso de carros na UnB), é revoltante insinuar, diante de um cenário de inegável violência, que os estudantes tentamos sempre estacionar perto das entradas apenas por preguiça! Um pouco mais de respeito e seriedade é o que esperamos e COBRAMOS!
*Ao fundo o Gol de um ousado que decidiu não levar o carro pra dentro da sala dele na Faculdade de Tecnologia (FT).

Cinismo ou autismo? Secretaria de Propaganda da Reitoria produz matéria absurda. Parte I

Sobram vagas para estacionar na UnB
Apesar das reclamações e infrações cometidas nos estacionamentos do campus, especialista afirma que o problema é a preguiça de andar

João Campos - Da Secretaria de Comunicação da UnB

Nos horários de maior movimento – das 8h às 10h e das 14h às 16h – não é difícil flagrar irregularidades no trânsito da Universidade de Brasília. A maioria em relação a estacionamento. Placas desrespeitadas, filas duplas e retornos interrompidos são alguns dos problemas mais freqüentes no campus Darcy Ribeiro. Apesar da reclamação sobre a falta de vagas por parte de estudantes e funcionários, informações da Prefeitura e de especialistas revelam que sobram vagas na universidade. E que, na realidade, muitos motoristas têm preguiça de andar um pouco mais até o destino.
O carro chega e para nas faixas amarelas, em frente a entrada principal do ICC Sul. Lá, existe uma placa visível de “proibido estacionar”. Abordada pela reportagem, a estudante de Letras Valéria da Silva justifica a manobra: “Só vou tirar uma xérox ali, é rapidinho”. Mas admite já ter cometido a irregularidade em outros momentos. “Muitas vezes só tem vaga longe ou o lugar é muito escuro para andar até o carro”. No mesmo local e horário, todos os retornos dos quatro canteiros mais próximos do ICC estavam bloqueados por carros. A 50 metros dali, metade do estacionamento estava vazio.
Para o professor e especialista em engenharia de trânsito, Paulo César Marques, o problema é a predominância da cultura do “estacionar na porta” entre os motoristas da UnB. “Se deixar, as pessoas levam o carro para dentro da sala. O ICC (Minhocão) é um exemplo claro disso: muitos estacionam de forma ilegal enquanto sobram vagas no fim do estacionamento”, comentou. Apesar disso, o assessor da reitoria admite que parte das 5,6 mil vagas do campus estão mal distribuídas. “Há locais em que é preciso buscar estacionamentos vizinhos. Há vagas, mas muitas pessoas têm preguiça de andar”.
O professor cita um trabalho de conclusão de curso da Engenharia Civil sobre a circulação de carros na região da Faculdade de Tecnologia (FT). O estudo mostrou que, em nenhum horário, faltou vagas na região. “Onde eu trabalhava (no SG 12) o estacionamento era um caos. Mas a 150 metros dali eu podia escolher embaixo de qual árvore ia estacionar, perto da Casa do Professor”, exemplifica Marques. A situação se repete no novo prédio do Instituto de Biologia, que não tem estacionamento. “Foi uma opção: é só atravessar a rua para chegar ao estacionamento do ICC”, completou o especialista.
PONTO CRÍTICO – O estacionamento da Biblioteca, onde há 559 vagas, é um dos pontos mais preocupantes em relação há falta de lugares próximos para parar. Ali, motoristas improvisam em filas entre as vagas regulares e estacionam ao longo do meio fio, mesmo com placas de “proibido estacionar”. “Já bati meu carro aqui, pois não tinha espaço para manobrar. Estacionamento na UnB é um problema”, reclamou a estudante de farmácia, Marina Carvalho. Segundo ela, na Faculdade de Saúde o problema também se repete. “São lugares que não tem estacionamentos perto”.
Não há um levantamento sobre o número exato de carros que circulam pela UnB por dia. Com a expansão por meio do Reuni, que prevê a criação do dobro de vagas para estudantes até 2012 – hoje são cerca de 3 mil por vestibular -, o trânsito vira tema de debate. Apesar do aumento da demanda por vagas, a administração não prevê a ampliação dos estacionamentos. Aposta em projetos para garantir a independência em relação aos carros. “Há um projeto para ônibus circulares no campus para 2010, além do Bicicleta Livre. Também estamos revendo o itinerário das linhas de ônibus com o governo do DF”, disse Marques.

sábado, 27 de junho de 2009

E agora, José? O povo sumiu - Do Campus Online

Segue abaixo uma matéria do Campus Online que mostra que a invasão da reitoria não é unanimidade sequer entre os moradores da CEU. A situação é clara - e temos o dever de ser transparentes: a patrulha do PSTU/PSOL, que perdeu as últimas eleições do DCE, precisava de um motivo para tentar angariar qualquer tipo de apoio ou proeminência na cena da política estudantil da UnB.

É de se pensar qual a razão dessa movimentação ter acontecido somente após o fim da gestão PSTU/PSOL, já que os problemas evidenciados ocorrem há muito tempo. Problemas na CEU não surgiram esse semestre. O eles não quem admitir é que passaram pelo DCE e pela AMCEU e não fizeram nada, de forma prática, para solucionar os problemas de seus representados. Defender a permanência ilegal de estudantes formados é do interesse do estudante da UnB ou mesmo dos outros moradores da CEU?

Além disso é patente o maniqueísmo de querer ligar as fundações a falta de verba para assistência estudantil. Ora, se sabe que a grande parte fluxo de verbas das fundações de apoio vem de empresas privadas que querem investir na universidade pública...

Não é esse outro argumento da patrulha PSTU/PSOL contra as fundações? Não eram contra dinheiro privado na Universidade? Que preferiam que os impostos pagos pelos "proletários" brasileiros fossem gastos na educação superior da classe média do que fosse investido parte dos lucros do "grande capital" em pesquisa? Que não queriam que bolsas de estudo fossem financiadas pelo programa Santander Univeristário?

Quanto mais pesquisas financiadas com dinheiro privado, mais recursos públicos sobram
para fazer aquilo que é seu papel: infraestrutura, professores qualificados e assistência estudantil.

Fiscalização e transparência: SIM! Ataque a pesquisa científica: NÃO! QUEM É CONTRA AS FUNDAÇÕES DEFENDE MENOS DINHEIRO PARA A INFRAESTRUTURA, QUALIFICAÇÃO DE PROFESSORES E ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL!
Eu não sei rimar, mas quero pesquisar. Recredenciamento já!

Segue a matéria:

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Escrito por Marcela Ulhoa
Seg, 22 de Junho de 2009 16:10

Quais os motivos da pouca participação dos alunos na ocupação?

A ocupação, liderada pela Associação dos Moradores da Casa do Estudante Universitário (AMCEU), entra em sua terceira semana e a mobilização continua baixa. Cerca de dez alunos dormem, diariamente, no Salão de Atos da Reitoria.

Apesar de concordar com as reivindicações dos moradores da CEU, Emidio Vasconcelos, estudante de Sociologia da UnB, questiona o termo ocupação “não sei se o ato pode ser considerado uma ocupação, pois não chega a atrapalhar o funcionamento da reitoria”.

Segundo o estudante de Filosofia e membro da AMCEU, Antônio Marques, em momento algum a intenção do grupo foi ser mais afrontoso, ou mesmo fazer uma grande mobilização. Segundo ele, o objetivo foi pautar problemas específicos de assistência estudantil. “As pessoas têm tentado comparar esse ato com a ocupação anterior. E eu acho que não procede, porque a causa é outra, o propósito é outro”.

Na ocupação de abril do ano passado, ato contra o escandaloso caso de corrupção na gestão do ex-reitor Timothy Mulholland, cerca de 200 pessoas participaram ativamente do processo, ou seja, 0,8% da comunidade acadêmica composta por 24 mil estudantes. “Se a outra ocupação, que teve até o apoio da mídia coorporativa e que deveria ter tido uma mobilização coletiva, não conseguiu, o que dizer então de uma que visa a assistência estudantil?”, defende Antônio.

Ele afirma ainda que, dentro da UnB, são poucas as pessoas que dependem da assistência estudantil para a permanência na universidade. “No total, são aproximadamente 1400 alunos de baixa renda. Então é uma minoria da minoria”.

O estudante de jornalismo e morador da CEU, Paulo Victor, acredita que o final do semestre também contribuiu para a pouca participação dos estudantes. Ele alega que falta tempo para se engajar na causa, por mais que reconheça que isso não é desculpa.

Já a estudante de pedagogia Vânia Silva, que está dormindo todos os dias na reitoria, afirma que tem muita coisa para fazer e que também está no final do semestre, mas que isso não a impede de agir diretamente. Para ela, o problema maior é o contexto individualista, onde as pessoas não “tem tempo para pensar no coletivo”.

Antônio concorda: “Por que a gente não consegue mobilizar a casa? Porque não se consegue mobilizar a não ser que tenha um espetáculo, que tenha uma grande questão acontecendo. Se uma porta pega fogo, se uma marquise cai, se um PM dá um tiro na cabeça dentro do corredor. Questões desse tipo, que são espetaculares, mexem com as pessoas”.


Divergência interna

A dificuldade não está só em mobilizar os alunos da UnB. A realidade é que nem todos os moradores da Casa do Estudante concordam com a ocupação. O estudante de Biblioteconomia e morador da Casa, Demian Alves, acredita que as pessoas estão “reclamando de barriga cheia”. Segundo ele, as condições não são tão precárias. “O apartamento é grande, recebemos três refeições diárias, temos transporte noturno”. Para Demian, o foco está errado e a credibilidade dos estudantes está diminuindo cada vez mais.

Os moradores da CEU recebem refeição gratuita caso o restaurante universitário esteja fechado. Samuel Texeira, aluno de Física, elogia o cardápio do almoço que inclui salada, prato principal e Coca-Cola ou guaraná em lata. “A minha esperança é que, em breve, o restaurante Porcão esteja servindo a nossa marmita”, ironiza Samuel. Segundo ele, o que os alunos querem é “casa, comida e roupa lavada”.

Já para Antônio Marques, membro da AMCEU, a assistência estudantil não pode ser entendida como um favor. “Tem várias pessoas aqui que acreditam que a gente tem que dar graças a Deus porque temos uma moradia, porque temos alimento. Como se isso fosse de graça”. Antônio acredita que falta a reflexão de que eles são bancados por impostos de trabalhadores que, muitas vezes, não têm o mesmo acesso à educação superior que eles tiveram.

Demian, entretanto, acha que a ocupação é uma “arruaça desnecessária”. Ele defende novas formas de diálogo. “A partir do momento que você impede os outros de trabalhar, de estudar, você está tentando impor seus direitos violando o dos outros”.

A estudante Vânia Silva afirma que a AMCEU tentou várias formas de diálogo com a reitoria, mas não foram bem sucedidos. Foi somente com a ocupação que conseguiram o termo de compromisso assinado pelo reitor.

Se a ocupação foi precipitada ou não, legítima ou não, Antônio defende que “se comparar os equívocos, a responsabilidade maior deve cair não em cima dos estudantes, mas em cima da negligência e da omissão histórica dessa universidade. Há anos denunciamos o que tem acontecido, mas tem que haver um acidente para que todo mundo repare. Aí fica uma semana e depois a questão passa e ninguém está mais nem aí pros problemas da casa”, conclui.

Indiferença social?

A ocupação “não-invasiva” da reitoria foi a estratégia dos moradores da CEU para chamar a atenção para os graves problemas vividos por esses alunos. Entretanto, mais do que avaliar a repercussão específica do ato, vale colocar uma interrogação mais genérica no ar: Por que em uma eleição para reitor somente 30% dos alunos votaram? Além disso, somente 19% dos alunos votaram nas eleições do DCE e, na ocupação passada, uma minoria de 0,8% dos alunos participou ativamente. A questão é: vivemos nós uma grande indiferença social?

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