Segue abaixo uma matéria do Campus Online que mostra que a invasão da reitoria não é unanimidade sequer entre os moradores da CEU. A situação é clara - e temos o dever de ser transparentes: a patrulha do PSTU/PSOL, que perdeu as últimas eleições do DCE, precisava de um motivo para tentar angariar qualquer tipo de apoio ou proeminência na cena da política estudantil da UnB.
É de se pensar qual a razão dessa movimentação ter acontecido somente após o fim da gestão PSTU/PSOL, já que os problemas evidenciados ocorrem há muito tempo. Problemas na CEU não surgiram esse semestre. O eles não quem admitir é que passaram pelo DCE e pela AMCEU e não fizeram nada, de forma prática, para solucionar os problemas de seus representados. Defender a permanência ilegal de estudantes formados é do interesse do estudante da UnB ou mesmo dos outros moradores da CEU?
Além disso é patente o maniqueísmo de querer ligar as fundações a falta de verba para assistência estudantil. Ora, se sabe que a grande parte fluxo de verbas das fundações de apoio vem de empresas privadas que querem investir na universidade pública...
Não é esse outro argumento da patrulha PSTU/PSOL contra as fundações? Não eram contra dinheiro privado na Universidade? Que preferiam que os impostos pagos pelos "proletários" brasileiros fossem gastos na educação superior da classe média do que fosse investido parte dos lucros do "grande capital" em pesquisa? Que não queriam que bolsas de estudo fossem financiadas pelo programa Santander Univeristário?
Quanto mais pesquisas financiadas com dinheiro privado, mais recursos públicos sobram
para fazer aquilo que é seu papel: infraestrutura, professores qualificados e assistência estudantil.
Fiscalização e transparência: SIM! Ataque a pesquisa científica: NÃO! QUEM É CONTRA AS FUNDAÇÕES DEFENDE MENOS DINHEIRO PARA A INFRAESTRUTURA, QUALIFICAÇÃO DE PROFESSORES E ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL!
Eu não sei rimar, mas quero pesquisar. Recredenciamento já!
Segue a matéria:
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Escrito por Marcela Ulhoa
Seg, 22 de Junho de 2009 16:10
Quais os motivos da pouca participação dos alunos na ocupação?
A ocupação, liderada pela Associação dos Moradores da Casa do Estudante Universitário (AMCEU), entra em sua terceira semana e a mobilização continua baixa. Cerca de dez alunos dormem, diariamente, no Salão de Atos da Reitoria.
Apesar de concordar com as reivindicações dos moradores da CEU, Emidio Vasconcelos, estudante de Sociologia da UnB, questiona o termo ocupação “não sei se o ato pode ser considerado uma ocupação, pois não chega a atrapalhar o funcionamento da reitoria”.
Segundo o estudante de Filosofia e membro da AMCEU, Antônio Marques, em momento algum a intenção do grupo foi ser mais afrontoso, ou mesmo fazer uma grande mobilização. Segundo ele, o objetivo foi pautar problemas específicos de assistência estudantil. “As pessoas têm tentado comparar esse ato com a ocupação anterior. E eu acho que não procede, porque a causa é outra, o propósito é outro”.
Na ocupação de abril do ano passado, ato contra o escandaloso caso de corrupção na gestão do ex-reitor Timothy Mulholland, cerca de 200 pessoas participaram ativamente do processo, ou seja, 0,8% da comunidade acadêmica composta por 24 mil estudantes. “Se a outra ocupação, que teve até o apoio da mídia coorporativa e que deveria ter tido uma mobilização coletiva, não conseguiu, o que dizer então de uma que visa a assistência estudantil?”, defende Antônio.
Ele afirma ainda que, dentro da UnB, são poucas as pessoas que dependem da assistência estudantil para a permanência na universidade. “No total, são aproximadamente 1400 alunos de baixa renda. Então é uma minoria da minoria”.
O estudante de jornalismo e morador da CEU, Paulo Victor, acredita que o final do semestre também contribuiu para a pouca participação dos estudantes. Ele alega que falta tempo para se engajar na causa, por mais que reconheça que isso não é desculpa.
Já a estudante de pedagogia Vânia Silva, que está dormindo todos os dias na reitoria, afirma que tem muita coisa para fazer e que também está no final do semestre, mas que isso não a impede de agir diretamente. Para ela, o problema maior é o contexto individualista, onde as pessoas não “tem tempo para pensar no coletivo”.
Antônio concorda: “Por que a gente não consegue mobilizar a casa? Porque não se consegue mobilizar a não ser que tenha um espetáculo, que tenha uma grande questão acontecendo. Se uma porta pega fogo, se uma marquise cai, se um PM dá um tiro na cabeça dentro do corredor. Questões desse tipo, que são espetaculares, mexem com as pessoas”.
Divergência interna
A dificuldade não está só em mobilizar os alunos da UnB. A realidade é que nem todos os moradores da Casa do Estudante concordam com a ocupação. O estudante de Biblioteconomia e morador da Casa, Demian Alves, acredita que as pessoas estão “reclamando de barriga cheia”. Segundo ele, as condições não são tão precárias. “O apartamento é grande, recebemos três refeições diárias, temos transporte noturno”. Para Demian, o foco está errado e a credibilidade dos estudantes está diminuindo cada vez mais.
Os moradores da CEU recebem refeição gratuita caso o restaurante universitário esteja fechado. Samuel Texeira, aluno de Física, elogia o cardápio do almoço que inclui salada, prato principal e Coca-Cola ou guaraná em lata. “A minha esperança é que, em breve, o restaurante Porcão esteja servindo a nossa marmita”, ironiza Samuel. Segundo ele, o que os alunos querem é “casa, comida e roupa lavada”.
Já para Antônio Marques, membro da AMCEU, a assistência estudantil não pode ser entendida como um favor. “Tem várias pessoas aqui que acreditam que a gente tem que dar graças a Deus porque temos uma moradia, porque temos alimento. Como se isso fosse de graça”. Antônio acredita que falta a reflexão de que eles são bancados por impostos de trabalhadores que, muitas vezes, não têm o mesmo acesso à educação superior que eles tiveram.
Demian, entretanto, acha que a ocupação é uma “arruaça desnecessária”. Ele defende novas formas de diálogo. “A partir do momento que você impede os outros de trabalhar, de estudar, você está tentando impor seus direitos violando o dos outros”.
A estudante Vânia Silva afirma que a AMCEU tentou várias formas de diálogo com a reitoria, mas não foram bem sucedidos. Foi somente com a ocupação que conseguiram o termo de compromisso assinado pelo reitor.
Se a ocupação foi precipitada ou não, legítima ou não, Antônio defende que “se comparar os equívocos, a responsabilidade maior deve cair não em cima dos estudantes, mas em cima da negligência e da omissão histórica dessa universidade. Há anos denunciamos o que tem acontecido, mas tem que haver um acidente para que todo mundo repare. Aí fica uma semana e depois a questão passa e ninguém está mais nem aí pros problemas da casa”, conclui.
Indiferença social?
A ocupação “não-invasiva” da reitoria foi a estratégia dos moradores da CEU para chamar a atenção para os graves problemas vividos por esses alunos. Entretanto, mais do que avaliar a repercussão específica do ato, vale colocar uma interrogação mais genérica no ar: Por que em uma eleição para reitor somente 30% dos alunos votaram? Além disso, somente 19% dos alunos votaram nas eleições do DCE e, na ocupação passada, uma minoria de 0,8% dos alunos participou ativamente. A questão é: vivemos nós uma grande indiferença social?
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