quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Cinismo ou autismo? Secretaria de Propaganda da Reitoria produz matéria absurda. Parte I

Sobram vagas para estacionar na UnB
Apesar das reclamações e infrações cometidas nos estacionamentos do campus, especialista afirma que o problema é a preguiça de andar

João Campos - Da Secretaria de Comunicação da UnB

Nos horários de maior movimento – das 8h às 10h e das 14h às 16h – não é difícil flagrar irregularidades no trânsito da Universidade de Brasília. A maioria em relação a estacionamento. Placas desrespeitadas, filas duplas e retornos interrompidos são alguns dos problemas mais freqüentes no campus Darcy Ribeiro. Apesar da reclamação sobre a falta de vagas por parte de estudantes e funcionários, informações da Prefeitura e de especialistas revelam que sobram vagas na universidade. E que, na realidade, muitos motoristas têm preguiça de andar um pouco mais até o destino.
O carro chega e para nas faixas amarelas, em frente a entrada principal do ICC Sul. Lá, existe uma placa visível de “proibido estacionar”. Abordada pela reportagem, a estudante de Letras Valéria da Silva justifica a manobra: “Só vou tirar uma xérox ali, é rapidinho”. Mas admite já ter cometido a irregularidade em outros momentos. “Muitas vezes só tem vaga longe ou o lugar é muito escuro para andar até o carro”. No mesmo local e horário, todos os retornos dos quatro canteiros mais próximos do ICC estavam bloqueados por carros. A 50 metros dali, metade do estacionamento estava vazio.
Para o professor e especialista em engenharia de trânsito, Paulo César Marques, o problema é a predominância da cultura do “estacionar na porta” entre os motoristas da UnB. “Se deixar, as pessoas levam o carro para dentro da sala. O ICC (Minhocão) é um exemplo claro disso: muitos estacionam de forma ilegal enquanto sobram vagas no fim do estacionamento”, comentou. Apesar disso, o assessor da reitoria admite que parte das 5,6 mil vagas do campus estão mal distribuídas. “Há locais em que é preciso buscar estacionamentos vizinhos. Há vagas, mas muitas pessoas têm preguiça de andar”.
O professor cita um trabalho de conclusão de curso da Engenharia Civil sobre a circulação de carros na região da Faculdade de Tecnologia (FT). O estudo mostrou que, em nenhum horário, faltou vagas na região. “Onde eu trabalhava (no SG 12) o estacionamento era um caos. Mas a 150 metros dali eu podia escolher embaixo de qual árvore ia estacionar, perto da Casa do Professor”, exemplifica Marques. A situação se repete no novo prédio do Instituto de Biologia, que não tem estacionamento. “Foi uma opção: é só atravessar a rua para chegar ao estacionamento do ICC”, completou o especialista.
PONTO CRÍTICO – O estacionamento da Biblioteca, onde há 559 vagas, é um dos pontos mais preocupantes em relação há falta de lugares próximos para parar. Ali, motoristas improvisam em filas entre as vagas regulares e estacionam ao longo do meio fio, mesmo com placas de “proibido estacionar”. “Já bati meu carro aqui, pois não tinha espaço para manobrar. Estacionamento na UnB é um problema”, reclamou a estudante de farmácia, Marina Carvalho. Segundo ela, na Faculdade de Saúde o problema também se repete. “São lugares que não tem estacionamentos perto”.
Não há um levantamento sobre o número exato de carros que circulam pela UnB por dia. Com a expansão por meio do Reuni, que prevê a criação do dobro de vagas para estudantes até 2012 – hoje são cerca de 3 mil por vestibular -, o trânsito vira tema de debate. Apesar do aumento da demanda por vagas, a administração não prevê a ampliação dos estacionamentos. Aposta em projetos para garantir a independência em relação aos carros. “Há um projeto para ônibus circulares no campus para 2010, além do Bicicleta Livre. Também estamos revendo o itinerário das linhas de ônibus com o governo do DF”, disse Marques.

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