domingo, 23 de setembro de 2012

Parque Científico Tecnológico e a UnB: Expectativas

*Por Pedro Saad


É verdade que precisam também dos investimentos industriais, das transformações agrícolas, das exportações comerciais. [...]. Mas nada pode ter valor para eles [...] se não é feito pelo esforço múltiplo e conjugado das equipes: dirigentes e colaboradores, engenheiros e técnicos, pesquisadores e laboratoristas, criadores e monitores. Desde agora, como o destino dos estudantes do Brasil aparece como essencial e cheio de promessas!”

Charles De Gaulle, em discurso na sua cerimônia de doutoramento honoris causa pela UnB, em 1969

A Universidade de Brasília foi concebida para fazer a diferença no desenvolvimento regional e nacional. O espírito de seus primeiros anos pode ser percebido no discurso da primeira pessoa a receber o título de Doutor Honoris Causa pela UnB, o então presidente francês Charles De Gaulle. Para isso, mostrava-se e ainda mostra-se mais que necessária a integração da universidade com a sociedade, inclusive com o setor privado. E poucos projetos atendem tanto a essa necessidade quanto o Parque Científico e Tecnológico (PCTec-UnB).

Na definição da IASP¹ (International Association for Science and Technological Parks), um Parque Científico e Tecnológico é uma organização gerenciada por profissionais qualificados, que tem por objetivo gerar riquezas na comunidade, promover a cultura de inovação e proporcionar a competitividade das empresas e institutos de geração de conhecimento instalados no parque. Além disso, busca-se o aumento do fluxo de informações e conhecimentos entre a universidade, instituições voltadas para a pesquisa, empresas e mercados.

Na UnB, o estudo, análises e implementação do projeto foram e estão sendo desenvolvidas pelo Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (CDT), em seus aspectos logísticos. O PCTec-UnB também está vinculado à estrutura gerencial do CDT. A parte relativa aos aspectos físicos fica a cargo do Centro de Planejamento Oscar Niemeyer (CEPLAN). Na formulação do projeto, esses órgãos contaram também com o apoio de diversos pesquisadores e diretores de faculdades e institutos da nossa universidade. O PCTec-UnB foi planejado para ter sua localização no extremo sul do campus Darcy Ribeiro, ocupado 12% da área deste, num total de 486 mil m². 

O PCTec-UnB tem seu enfoque na pesquisa tecnológica, voltada para aplicações empresariais e de interesse público. Para isso, ele conta com mecanismos de apoio ao surgimento e aplicação de projetos. Entre esses mecanismos, podemos citar o exemplo da Incubadora de Empresa de Base Tecnológica – IEBT – que oferece aos empreendimentos, além de espaço físico, apoio a obtenção de investimentos, consultorias especializadas e formação gerencial e estratégica. Há também o Hotel de Projetos, que consiste num ambiente desenvolvido para locação de materiais de pesquisa e promoção de grupos de pesquisadores ou de empresas.

Não à toa, há diversos parques científicos e tecnológicos espalhados em países desenvolvidos. Havia no Reino Unido, em 2005, mais de 60 parques; na França, mais de 80; nos Estados Unidos e Canadá, há mais de 200, segundo dados da Anprotec. No Brasil, havia 22 parques científicos e tecnológicos em funcionamento, sendo sete na região Sudeste e dez na região Sul.

Os primeiros passos para o surgimento do projeto na UnB se deram ainda na década de 1980. Nos tempos mais recentes, ele voltou a ser lembrado em 2007. Há dificuldades de ordem burocrática para a implementação do PCTec-UnB. No entanto, é necessário que a comunidade universitária não deixe a idéia de lado e promova incentivos para seu sucesso.

O sucesso de projeto é o caminho para o sucesso do desenvolvimento do planalto central brasileiro. Precisamos dessa integração entre setor privado, pesquisadores, governos e cientistas para promover o crescimento da UnB e o desenvolvimento tecnológico da região. Além disso, só assim as expectativas que essa universidade dava à comunidade em sua primeira década de existência irão se cumprir. Só assim o destino dos estudantes dessa universidade cumprirá as promessas de outrora.


*Pedro Saad é estudante de direito e conselheiro discente no Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da UnB (CEPE). É o atual vice-presidente da Aliança pela Liberdade.

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