sexta-feira, 6 de maio de 2011

H.U.B de quem é esse hospital?



O
Hospital Universitário de Brasília é a área que oferece a maior quantidade de créditos dentro da universidade. Um local onde os três pilares da academia - o ensino, a pesquisa e a extensão – se unem sob um mesmo teto. Entretanto, a sub-utilização do hospital é um dos maiores desperdícios praticados dentro da UnB. Capaz de abarcar quase todos os cursos da universidade, o HUB fica quase restrito às áreas da saúde. O curso de comunicação social poderia atuar dentro do hospital na formulação de campanhas, o curso de administração poderia criar estágios na área financeira, a psicologia poderia atuar de forma mais incisiva no acompanhamento e tratamento de pacientes e familiares, a física e as engenharias atuando na melhoria e manutenção de equipamentos de ponta, a arquitetura na melhoria da alocação de espaços e todas as infindáveis possibilidades que podem surgir da VONTADE.

Enfim, o HUB deve ser um espaço pelo qual todo e qualquer estudante da UnB deveria lutar, pois é ali que estão grandes oportunidades tanto para o crescimento profissional, quanto o pessoal. O hospital é um espaço tão seu quanto de qualquer médico ou paciente!

Cabe a cada estudante perceber que a vontade de desenvolver projetos acadêmicos e profissionais está ao alcance de suas mãos e que o espaço para fazer isso já existe. Não será o reitor que lutará por uma inclusão do seu curso dentro do HUB e certamente não será seu professor que o fará.

Lute pelo seu direito de ter uma formação melhor!

H.U.B o que está acontecendo?

Nos últimos dias verificou-se uma crescente mobilização dos estudantes da faculdade de saúde em prol do Hospital Universitário. As assembléias estudantis se acumularam na última semana do mês de abril para expor os graves problemas que a instituição vem sofrendo. Debates, propostas e encaminhamentos foram discutidos e a decisão foi unânime: Paralização dos estudantes da FS no dia 03/05. Foi o que se viu na última terça-feira.

Os problemas do HUB são emergenciais, embora a sua resolução se arraste ao longo de quase três anos. É o que se vê em relação ao pronto-socorro (fechado há três anos sem previsão REAL de reabertura).

Durante os últimos 3 semestres, vários setores do hospital ameaçaram ruir sob o peso das péssimas condições de trabalho e atendimento. Foi o caso da Gineco-Obstetrícia, da Pediatria e da Pneumologia. No último mês, a Cardiologia, Neurologia, Cirurgia e Clínica Médica tiveram que literamente fechar as portas.

Todas as internações foram suspensas por falta de insumos básicos como gaze, luvas, alcool e linha para sutura. As pessoas deixaram de ser operadas porque não haveria fio para “fechar o paciente”. Outras áreas como a farmácia-escola, a odontoclínica, enfermaria e projetos da nutrição também foram extremamente prejudicadas devido à negligência administrativa da reitoria e da direção do hospital.

A recente crise foi desencadeda, especificamente, pelo fechamento da Cirurgia e da Clínica Médica. Sem qualquer uma das duas áreas é IMPOSSÍVEL formar um profissional da saúde que tenha a mínima capacidade de atender um paciente. O Hospital Universitário se transformou em Ambulatório Universitário (uma das poucas áreas que ainda restam em pleno funcionamento).

Uma das causas da falta de insumos, equipamentos e profissionais é a verba insuficiente que chega ao hospital. Existem três “fontes” de renda que suprem o hospital : A UnB, o MEC e o Ministério da Saúde (MS). Cada um dos três orgãos tem uma participação específica no orçamento de materiais e profissionais contratados. Ocorre, porém que existe uma parcela significativa de funcionários que não é contratada pelo HUB (no sistema CLT), nem é terceirizada. São médicos, plantonistas, faixineiros, vigias e várias outras pessoas que prestam serviços essenciais ao hospital.

Esses funcionários têm contratos denominados de “precarizados” e correspondem à folha SICAP de pagamento no valor de 700 mil reais por mês. Esses funcionários não são de “responsabilidade” contratual de nem uma das três fontes, uma vez que atuam como pessoas jurídicas autônomas. Entretanto, elas devem ser pagas por alguém. Aí começa o problema : O HUB tem que literamente DESVIAR o dinheiro que o MS fornece para os insumos, no intuito de manter o quadro minímo de funcionários.

O MEC havia se comprometido em repassar 1,2 milhão de reais para o HUB como forma de pagar a folha SICAP (700 mil) e iniciar o abate de uma crescente dívida com fornecedores (500 mil/mês). Esse repasse deveria durar de janeiro/10 até fevereiro/11, totalizando 14 meses de repasse. Entretanto, em julho/10 esse repasse cessou e, obviamente, as dívidas começaram a se acumular. Daí veio o DESVIO da verba do MS.

Além do insuficiente aporte de verba pública, e talvez esse sim seja um ponto mais relevante, as várias gestões do HUB têm se mostrado incompetentes ao longo de vários anos. A inabilidade de licitar uma obra para o pronto-socorro é o marco mais evidente da incompetência. Há também casos em que a compra de materiais básicos foi feita sem observação dos melhores preços (caso das unidades de hemodiálise compradas a um preço mais de 80% acima do comprado por outros HU`s). A odontoclínica não possui nem mesmo sugadores para atender os seus pacientes e na farmácia-escola faltam não só medicamentos como a estrutura mínima para manipulá-los.

Diante de todos os problemas aqui expostos e outros mais que poderiam encher várias páginas, foi que os estudantes da Faculdade de Saúde iniciaram mais um protesto contra a gestão do HUB e contra a forma pela qual a reitoria se esquivava da responsabilidade de “adotar”, de fato, o hospital. As principais reivindicações entregues à reitoria foram a responsabilização pelo pagamento da folha SICAP (em caráter emergencial), a convocação de concursos públicos para suprir a carência de profissionais e também para regularizar a situação dos precarizados, a mudança no modelo de gestão do hospital e um aumento no aporte de verbas para o hospital.

Em uma histórica assembléia com a reitoria e decanos, os aproximadamente 300 estudantes sentaram no chão e debateram pontos de pauta no pátio externo do prédio da sede da administração da UnB . Em um claro momento de democracia participativa, os estudantes puderam fazer perguntas e prospotas diretamente aos responsáveis pela universidade. A maior conquista foi, sem dúvidas, poder escutar da equipe da reitoria que o HUB é de responsabilidade integral da UnB. As promessas de melhoria também vieram, mas, assim como essas, outras já foram ouvidas e nada foi modificado.

Resta continuar o movimento pelo HUB e pela saúde no DF.

Texto escrito à convite da Aliança Pela Liberdade por Igor Castro Carneiro, estudante do terceiro semestre da Faculdade de Medicina, Universidade de Brasília.

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