segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Nota de Apoio ao Liberdade USP


Ressalva importante: Esta nota não se refere ao posicionamento do DCE Honestino Guimarães, mas ao posicionamento da Aliança pela Liberdade, que inclui diversos alunos e ex-alunos da Universidade de Brasília que não fazem parte da gestão do Diretório. 

A Aliança pela Liberdade, enquanto movimento político e acadêmico, manifesta sua concordância com os objetivos de construção de uma Universidade Livre que foram, até este momento, expressos pelo movimento Liberdade USP - hoje representado na chapa Reação USP. O movimento estudantil brasileiro passa por uma intensa crise de representação. Os velhos métodos decisórios por assembleias pouco representativas não conseguem ser caixa de ressonância a reverberar toda a pluralidade existente em nossas universidades.

Em termos práticos, em uma Universidade de 75.000 estudantes, se um quarto desses se inscrevessem para falar por dois minutos em assembleia geral, a assembleia teria duração de 26 dias ininterruptos. Este é um modelo que, por sua própria natureza, não é representativo. Por isso, neste modelo somente grupos radicalizados conseguem se fazer ouvir - pois mesmo em momentos de crise aguda a participação nas assembleias gerais não chega a 5%. De tal sorte, os estudantes não conseguem se enxergar nas decisões, bandeiras ou tampouco nos métodos políticos dos movimentos radicais instalados há décadas no poder. O pior dos mundos é aquele em que somente os autoritários - sejam eles de direita ou de esquerda - têm voz.

Diante desse cenário, ainda mais agudo na USP nas últimas semanas, entendemos que o Liberdade USP é um movimento que aponta para um movimento estudantil moderno, plural, democrático e libertário. Embora não seja isento de influências partidárias, o Liberdade USP parece tomar as devidas precauções para que filiados não utilizem o ME como trampolim político ou como tentáculo universitário de partidos. Temos esperança de que o Liberdade USP não se furte a endurecer seu posicionamento, se assim necessário for, contra eventuais carreiristas que tentem usar do espírito libertário do grupo para reproduzir o velho modelo de aparelhamento do movimento estudantil por partidos políticos - ainda que com bandeiras de outra cor.

Na atual polêmica envolvendo o convênio da PM com a USP, o Liberdade USP foi o único movimento a defender um plebiscito para que a comunidade acadêmica se posicionasse sobre o assunto. Em contraste, os demais movimentos utilizaram as velhas e esvaziadas assembléias estudantis para declarar a greve geral, que não encontrou adesão encontrou da parte de alunos que não se sentem sequer motivados a participar de assembleias esvaziadas e pouco representativas - como se viu na reação de estudantes Faculdade de Letras que clamavam por aulas e nas declarações unilaterais de normalidade por diversos centros acadêmicos.

O rechaço à opção pelo plebiscito torna evidente tanto a ineficiência das velhas instituições quanto o pouco compromisso dos grupos radicais com a opinião dos alunos. Mais chocante ainda é a tentativa de impor uma decisão por meio de piquetes, em claro atentado à liberdade dos estudantes e em evidente violação ao direito humano fundamental de decidir seu próprio destino sem ser coagido. Aqueles que não querem ouvir os estudantes em plebiscito parecem viver sob o espírito paternalista que assume que os indivíduos não seriam capazes de escolher o que acham melhor para si. Mas qualquer noção de democracia que exclui as bases e o direito à divergência não passa de autoritarismo totalizante.

Os alunos da USP não são apenas os estudantes profissionais que vivem diuturnamente da política e para a política, mas são majoritariamente aqueles que chegam a universidade para estudar, refletir, debater, contestar e criticar as ideias pré-formatadas; para se dedicar ao estudo, à pesquisa e à extensão; para melhorar a si próprio e assim ajudar a melhorar a sociedade. Na Aliança pela Liberdade, somos estudantes que acreditam na supremacia de direitos e liberdades individuais, na defesa das minorias, no respeito aos direitos humanos, no Estado de Direito, na igualdade de todos perante à lei e no direito inalienável que cada indivíduo tem de escolher seu próprio destino.

Enquanto o Liberdade USP se mantiver em comunhão conosco em nossos princípios, seus integrantes contarão com nosso apoio e nossa solidariedade, pois entendemos que estes são princípios que propõem a aproximação da política estudantil a todos os estudantes, reconhecendo a vocação de pluralidade das universidades e compreendendo que os órgãos de representação estudantil devem se propor a servir os estudantes, não a dirigi-los.

ALIANÇA PELA LIBERDADE
Twitter: @liberdadeunb

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