Publicamos notícia veiculada pelo blog do Professor Marcelos Hermes (http://cienciabrasil.blogspot.com/):
Prezados,
Reproduzo abaixo, indignado, mensagem que há pouco recebi numa lista de discussão, escrita pela Profa. Enilde Faulstich, Chefe do LIP (Instituto de Letras, UnB).
Completa bem o clima de barbárie que vivemos na UnB: desrespeito às pessoas, ao seu trabalho e às instâncias institucionais internas e externas. Vide as seguidas violências perpetradas para impedir o funcionamento dos nossos órgãos colegiados, nos últimos tempos!
Não ouso afirmar que já chegamos ao fundo do poço. Falta assistirmos agressões físicas. Afinal, que diferença existe entre pessoas que fizeram isso com a Profa mencionada e as pessoas que recentemente agrediram um morador na Asa Sul, porque teve a coragem de pedir silêncio num posto de gasolina?
Até quando? O que deve ser feito para que isto tenha um fim? Quem deve ser responsável pela condução de ações que levem a este fim?
Prof. Jairo Eduardo Borges-Andrade
http://lattes.cnpq.br/3622720842959126
PG Psic. Social, Trabalho e Organizações, UnB
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Prezados Professores,
Durante muito tempo, usei como lema o slogan "Orgulho de ser UnB". Hoje, duvido desse orgulho.
Acreditei que deveria retornar à sala de aula com o término da greve de docentes. Na segunda-feira, na terça-feira e na quarta-feira, ministrei minhas aulas; salas cheias; alunos interessados; conteúdo muito bom.
.
Mas hoje, 13 de maio, fui assaltada na sala de aula no Pavilhão Anísio Teixeira com apitos, buzinas, gritos, invasão de sala de aula por senhores e senhoras com bandeiras do Sintfub.
Esclareço que, por sorte, já havia finalizado a aula, cujo tema era a representação simbólica da formação do Império Romano na formação das línguas românicas e a invasão dos bárbaros na antiga Europa. Discutimos muito o assunto, ilustrado por mapas, slides em datashow e livros da professora, com o fito de estimular os jovens da graduação a adquirirem conhecimentos linguístico, social e ético, desde séculos antes de Cristo até o momento atual.
Que ironia, eu havia falado de invasão... antes de Cristo! A sala estava repleta, pois são muitos os alunos. Quando dizia as últimas palavras - exatamente às 11:50 - tive o fim da aula interrompido pelo grande grupo que apitava na porta da sala. Não me intimidei, afinal a aula estava finalizada e faltavam algumas últimas notícias, além de passar a lista de chamada para ser assinada pelos alunos.
Sem querer saber o que se fazia naquela hora e naquela sala, os funcionários entraram na sala, pois eu inisistia em manter a porta encostada para recolher meu notebook, o datashow e proteger a fiação que fica no chão. Um grupo entrou na sala com irritantes apitos e buzinas e sequer procurou dialogar.
E o PIOR foi eu ser XINGADA por pessoas que, ou são contemporâneas a mim pelo tempo de serviço e pela idade, ou nem haviam nascido, quando eu já era professora da UnB. Pra onde foi meu ORGULHO? Fui tomada por enorme vergonha pelo xingamento.
Minha dúvida é até que ponto a greve de docentes acabou e até que ponto a greve de funcionários me impedem de ministrar aulas. Quero uma resposta, senão não entrarei mais em sala de aula até que se resolva a precária situação a que estamos expostos.
Como docente, respeitei a greve dos docentes. Como professora, retornei para a sala de aula porque os alunos estão lá, querendo aula. Como chefe do Departamento, não somente respeitei a greve dos docentes, como abri espaços para as discussões circunstanciadas, com direito à palavra de funcionários, de alunos e de professores. Como chefe de Departamento, respeito a greve dos funcionários e procuro conversar com os servidores do LIP sobre os encaminhamentos que estão sendo feitos pelo sindicato.
Agora, se sou PROFESSORA e estou em sala de aula, o que autoriza funcionários a entrarem em meu espaço e a me xingarem porque estou trabalhando? Quanta humilhação sofre hoje um professor DA e NA Universidade de Brasília!
Pra que um docente faz mestrado, doutorado, pós-doutorado, publica com Qualis, obedece às exigências da CAPES, orienta teses, é pontual em sala de aula, pensa que pode transformar o mundo ao ensinar seriamente conteúdos de suas disciplinas, relaciona-se com ética com a comunidade universitária, para em 5 minutos ser acaçapado por quem não deveria estar ali a humilhar um(a) professor(a)? Peço resposta da administração, quero segurança em sala de aula.
"Orgulho de ser UnB" deveria ser perene, mas como tudo na vida passa.
Neste momento, estou lutando para diminuir minha pressão arterial que tem oscilado e que me tem levado a controle de cardiologista.Cheguei à minha casa com pressão 18 X 10 e batida cardíaca 97 por minuto. Vale a pena isso, em nome de que URP?
E então, uma universidade que, na atualidade, me leva à precariedade da saúde, merece meu orgulho? Não! Bastou!
Quero uma resposta, pois me sinto expulsa do ambiente que eu julguei fazer parte da minha história.
Atenciosamente.
Profa. Enilde Faulstich
Chefe do LIP - IL
Reproduzo abaixo, indignado, mensagem que há pouco recebi numa lista de discussão, escrita pela Profa. Enilde Faulstich, Chefe do LIP (Instituto de Letras, UnB).
Completa bem o clima de barbárie que vivemos na UnB: desrespeito às pessoas, ao seu trabalho e às instâncias institucionais internas e externas. Vide as seguidas violências perpetradas para impedir o funcionamento dos nossos órgãos colegiados, nos últimos tempos!
Não ouso afirmar que já chegamos ao fundo do poço. Falta assistirmos agressões físicas. Afinal, que diferença existe entre pessoas que fizeram isso com a Profa mencionada e as pessoas que recentemente agrediram um morador na Asa Sul, porque teve a coragem de pedir silêncio num posto de gasolina?
Até quando? O que deve ser feito para que isto tenha um fim? Quem deve ser responsável pela condução de ações que levem a este fim?
Prof. Jairo Eduardo Borges-Andrade
http://lattes.cnpq.br/3622720842959126
PG Psic. Social, Trabalho e Organizações, UnB
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Prezados Professores,
Durante muito tempo, usei como lema o slogan "Orgulho de ser UnB". Hoje, duvido desse orgulho.
Acreditei que deveria retornar à sala de aula com o término da greve de docentes. Na segunda-feira, na terça-feira e na quarta-feira, ministrei minhas aulas; salas cheias; alunos interessados; conteúdo muito bom.
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Mas hoje, 13 de maio, fui assaltada na sala de aula no Pavilhão Anísio Teixeira com apitos, buzinas, gritos, invasão de sala de aula por senhores e senhoras com bandeiras do Sintfub.
Esclareço que, por sorte, já havia finalizado a aula, cujo tema era a representação simbólica da formação do Império Romano na formação das línguas românicas e a invasão dos bárbaros na antiga Europa. Discutimos muito o assunto, ilustrado por mapas, slides em datashow e livros da professora, com o fito de estimular os jovens da graduação a adquirirem conhecimentos linguístico, social e ético, desde séculos antes de Cristo até o momento atual.
Que ironia, eu havia falado de invasão... antes de Cristo! A sala estava repleta, pois são muitos os alunos. Quando dizia as últimas palavras - exatamente às 11:50 - tive o fim da aula interrompido pelo grande grupo que apitava na porta da sala. Não me intimidei, afinal a aula estava finalizada e faltavam algumas últimas notícias, além de passar a lista de chamada para ser assinada pelos alunos.
Sem querer saber o que se fazia naquela hora e naquela sala, os funcionários entraram na sala, pois eu inisistia em manter a porta encostada para recolher meu notebook, o datashow e proteger a fiação que fica no chão. Um grupo entrou na sala com irritantes apitos e buzinas e sequer procurou dialogar.
E o PIOR foi eu ser XINGADA por pessoas que, ou são contemporâneas a mim pelo tempo de serviço e pela idade, ou nem haviam nascido, quando eu já era professora da UnB. Pra onde foi meu ORGULHO? Fui tomada por enorme vergonha pelo xingamento.
Minha dúvida é até que ponto a greve de docentes acabou e até que ponto a greve de funcionários me impedem de ministrar aulas. Quero uma resposta, senão não entrarei mais em sala de aula até que se resolva a precária situação a que estamos expostos.
Como docente, respeitei a greve dos docentes. Como professora, retornei para a sala de aula porque os alunos estão lá, querendo aula. Como chefe do Departamento, não somente respeitei a greve dos docentes, como abri espaços para as discussões circunstanciadas, com direito à palavra de funcionários, de alunos e de professores. Como chefe de Departamento, respeito a greve dos funcionários e procuro conversar com os servidores do LIP sobre os encaminhamentos que estão sendo feitos pelo sindicato.
Agora, se sou PROFESSORA e estou em sala de aula, o que autoriza funcionários a entrarem em meu espaço e a me xingarem porque estou trabalhando? Quanta humilhação sofre hoje um professor DA e NA Universidade de Brasília!
Pra que um docente faz mestrado, doutorado, pós-doutorado, publica com Qualis, obedece às exigências da CAPES, orienta teses, é pontual em sala de aula, pensa que pode transformar o mundo ao ensinar seriamente conteúdos de suas disciplinas, relaciona-se com ética com a comunidade universitária, para em 5 minutos ser acaçapado por quem não deveria estar ali a humilhar um(a) professor(a)? Peço resposta da administração, quero segurança em sala de aula.
"Orgulho de ser UnB" deveria ser perene, mas como tudo na vida passa.
Neste momento, estou lutando para diminuir minha pressão arterial que tem oscilado e que me tem levado a controle de cardiologista.Cheguei à minha casa com pressão 18 X 10 e batida cardíaca 97 por minuto. Vale a pena isso, em nome de que URP?
E então, uma universidade que, na atualidade, me leva à precariedade da saúde, merece meu orgulho? Não! Bastou!
Quero uma resposta, pois me sinto expulsa do ambiente que eu julguei fazer parte da minha história.
Atenciosamente.
Profa. Enilde Faulstich
Chefe do LIP - IL
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