“Uma universidade
excelente é uma universidade que produz pesquisa de ponta!” Talvez você pense
que essa é uma afirmação auto-evidente. Ledo engano. O que deveria ser um
consenso retumbante parece ser ignorado solenemente por vastos setores, mesmo
dentro da própria academia.
Mas a Aliança pela
Liberdade será eternamente favorável a medidas que privilegiem a produção
científica na nossa Universidade. Dentro de uma série de artigos nos quais
expomos o que acreditamos ser uma gestão excelente para uma universidade
excelente, nos dedicamos aqui a explicar que tipo de política esperamos ver nos
próximos anos para aprimorar a pesquisa na UnB.
Vamos lá.
Como aumentar e
melhorar a produção científica na universidade? A resposta que nós damos a essa
questão baseia-se num simples binômio “incentivo/financiamento”. Primeiro,
então, debrucemo-nos sobre a questão dos incentivos.
Para ilustrar a ideia,
vosso escriba se arrisca a aventurar-se no competitivo meio esportivo - a
afinidade com a bola não é uma das minhas virtudes. Certamente a conquista de
uma medalha olímpica é uma vitória sem tamanho, que não vem sem sacrifício e
abnegação. Então eu pergunto: O que será que motiva o atleta a empreender o
esforço gigantesco necessário para conquistar uma medalha? Seria o orgulho de
subir ao pódio ao som do hino de sua nação? A satisfação de ver superadas suas
limitações pessoais? O gosto da vitória sobre os adversários?
Acredito que tudo isso
compõe a estrutura de incentivos por trás do hercúleo esforço desportivo. De
maneira semelhante, um pesquisador seguramente deriva muita satisfação em ver
um trabalho seu publicado num grande periódico nacional ou internacional, vendo
ideias e conclusões por ele propostas sendo citadas por colegas pesquisadores e
subsidiando o avanço da ciência nas mais diversas áreas. Entretanto, há um
elemento a mais que figura como grande motivador tanto para o atleta quanto
para o pesquisador, que é sua própria remuneração.
Seria ótimo, por
exemplo, que houvesse dentro das regras de progressão na carreira do professor
algum dispositivo que permitisse o avanço mais rápido dos professores mais
produtivos em termos de pesquisa - ao invés disso, há grupos que querem acabar
com qualquer gratificação concedida aos professores que se destacam na pesquisa
taxando esses artifícios de incentivos “produtivistas”. É claro, entretanto,
que a definição da estrutura da carreira extrapola os limites da UnB, cabendo
ser discutida por órgãos a ela superiores.
Mas existem muitas
medidas que poderiam ser implementadas dentro da alçada da universidade no
sentido de privilegiar aqueles pesquisadores que mais se destacam. Dentre as
propostas, há, por exemplo, a promoção de editais simplificados para obtenção
de recursos para viagens e outros fins direcionados àqueles professores que
sejam bolsistas de produtividade do CNPq ou que sejam membros permanentes de
programas de pós-graduação avaliados com nota 6 ou 7 pela CAPES. Também
poderiam ser concedidas licenças remuneradas prêmio para esses mesmos
professores.
Além disso, é preciso
eliminar uma série de verdadeiros desincentivos à atividade de pesquisa,
materializados numa burocracia pesada, lenta e ineficiente. Necessitamos
simplificar os trâmites para aprovação de projetos e liberação de recursos, de
modo que o professor possa direcionar seu tempo e suas forças para a pesquisa
em si, ao invés de ser obrigado a dispendê-los num esforço homérico para fazer
os papéis saírem de uma sala para outra. Afinal de contas, do mesmo modo como
queremos nossos atletas nas pistas e nas piscinas, nossos professores precisam
estar nos laboratórios e entre os livros, ao invés de estar em meio a jornadas
infindáveis em busca de carimbos.
Por fim, a
universidade tem que criar esquemas que privilegiem aqueles pesquisadores mais
produtivos, de maneira que os menos produtivos se motivem a aumentar a sua
produtividade com o intuito de acessar os mesmos benefícios e que os mais
produtivos se esforcem para não deixar de sê-lo.
Muito bem. Essa é a
nossa proposta para a primeira metade do binômio. A segunda metade diz respeito
à questão do financiamento. Desnecessário dizer que um atleta que não tem
recursos para lançar mão das tecnologias mais avançadas, para ser apoiado por
uma equipe técnica e de saúde capacitada e que não disponha dos insumos para
seu treinamento jamais terá chance numa Olimpíada - o que aliás é um drama
recorrente na história de muitos dos atletas do nosso país.
De maneira novamente
análoga, o pesquisador sem financiamento não poderá ir muito longe e o aspecto
chave nisso tudo é que hoje a universidade precisa do dinamismo e da eficiência
do setor privado para financiar-se. Ela precisa de processos administrativos
que permitam que entidades privadas venham a financiar projetos de pesquisa,
por meio de instrumentos como os convênios, as parcerias e as próprias
fundações de apoio. Imagine você que alguém que queira fazer uma doação (!!!) à
universidade enfrenta hoje dificuldades em fazê-lo, como se a universidade não
precisasse desesperadamente de receber recursos externos.
“Atentado contra a
autonomia universitária!” - bradam alguns, argumentando que o setor privado vai
promover agendas de pesquisa exclusivas, capitalistas, imperialistas, ou sei lá
o quê. Mas eu pergunto: qual é a autonomia que tem uma instituição que admite
financiamento somente de UMA fonte, que é o Estado? Será se isso não abre
brecha para o Estado promover agendas de pesquisa unicamente pró-Estado ou
pró-governo?
Não me soa muito
democrático... nem a mim nem aos teóricos da conspiração de plantão. De todo
modo, nós precisamos diversificar nossas fontes de recursos e aprofundar as
conexões entre o que é produzido dentro da Universidade e o que a sociedade
precisa lá fora. Precisamos inundar-nos de recursos para que a Universidade
passe a atender efetivamente as demandas tecnológicas e intelectuais da
sociedade, materializada nas empresas, nas ONGs, nos indivíduos.
Deixo um último
exemplo. Você quase com certeza já ouviu falar da Tabela FIPE, não? Aquela que
fornece os preços médios de um monte de veículos no mercado nacional? Pois
saiba que essa tabela é utilizada por 25 estados para ajudar no cálculo do
IPVA. É consultada por compradores e vendedores de carros o tempo inteiro para
que tenham uma ideia de quanto valem seus veículos, por companhias de seguro
para definir o valor dos preços cobrados e dos prêmios pagos. É um serviço de
utilidade enorme.
E você sabe o que é a
FIPE?
“A Fundação Instituto
de Pesquisas Econômicas - FIPE é uma entidade de direito privado, sem fins
lucrativos, criada em 1973 para apoiar o Departamento de Economia da Faculdade
de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo
(FEA-USP), com destacada atuação das áreas de pesquisa e ensino.” Saiba mais
aqui. (http://fipe.org.br/web/index.asp)
Ou seja, trata-se de
uma entidade privada, que admite financiamento privado, celebrando contrato com
governos e com empresas para a prestação de serviços que não só contribuem para
o país como um todo, mas também competem para que o departamento de economia da
FEA-USP seja um dos mais destacados do país, sendo parte da melhor universidade
do país. É exatamente isso o que nós queremos para a UnB. E você?
*Lucas Bispo é estudante de Economia e conselheiro discente no Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) da Universidade de Brasília. É membro da Aliança pela Liberdade desde 2012.
*Lucas Bispo é estudante de Economia e conselheiro discente no Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) da Universidade de Brasília. É membro da Aliança pela Liberdade desde 2012.
Nenhum comentário:
Postar um comentário