segunda-feira, 26 de julho de 2010

A (falta de) segurança na UnB: um exemplo

Não há nenhum ser que passe pela UnB que nunca tenha ouvido falar sobre, ou tenha percebido na pele, a falta de segurança no campus Darcy Ribeiro. Roubos de mochilas, bicicletas e pequenos objetos; arrombamentos de carros, pneus furados, um estupro aos arredores do campus e uma recente tentativa de seqüestro são de conhecimento geral. A falta de iluminação e de caminhos adequados durante a noite assusta vários estudantes, funcionários e todos que têm que passar por certos percursos no período noturno, e não é preciso uma pesquisa científica para descobrir isso.

Com o triste incidente do estupro, a discussão acerca da segurança na UnB pegou fogo. O reitor prometeu cumprir algumas coisas, enrolou sobre outras exigências... e a situação continua grave. Com a tentativa de seqüestro da estudante Marina Rosa, que cursa Ciência Política (5º semestre), foi reacesa a chama desse debate. Confira o relato da própria:


Primeiramente, deixo claro que a minha intenção com esse texto não é dar visibilidade a mim ou vangloriar-me do que fiz durante o momento que relatarei em seguida. Friso que já recebi todas as broncas possíveis de policiais e amigos quanto à minha decisão, que não foi em momento algum proteger meu patrimônio, mas sim minha vida. Utilizo desse espaço, cedido por amigos, para deixar de ser somente mais uma nas estatísticas de violência na UnB para me tornar um agente de alerta e passar uma lição.

No dia 16 de julho de 2010, às 17h15, dirigia-me ao meu carro, que estava estacionado na Faculdade de Estudos Sociais Aplicados (FA). Coloquei meu notebook e bolsa no banco de trás e, quando estava sentada para fechar a porta e dar partida, fui abordada por dois garotos, que acredito serem menores de idade. Um deles estava armado e me mandou ir para o banco de trás, ou ele me daria um tiro. O outro parecia bastante nervoso e não atendeu ao comando de me empurrar para dentro. Levantei-me e não me lembro se minha intenção era tentar correr ou entrar no carro, mas acabei de frente ao garoto armado, que estava com a arma rente ao corpo. Consegui agarrar o braço que ele segurava o revólver, apontá-lo para baixo e gritar por socorro. Ambos saíram correndo, ao passo que também corri abaixada para trás dos carros que estavam ao lado do meu. Ouvi um tiro que acredito ter sido acidental e voltei ao prédio da FA para pedir ajuda.

A segurança da UnB foi bastante solícita ao anotar as características dos sujeitos e me encaminhar para a delegacia, onde eu prestaria ocorrência. Porém, uma amiga teve que emprestar o celular ao porteiro do prédio para que ele acionasse a segurança, uma vez que, naquele dia, ele não possuía nem ao menos um rádio. A PM chegou depois e fez uma varredura no campus, mas àquela hora os bandidos já estavam longe.

Sofri um ato de violência no mesmo estacionamento onde, há alguns meses, uma aluna foi seqüestrada. Na mesma Universidade onde, há pouco tempo, outra aluna foi estuprada, onde vários carros são arrombados e onde o patrimônio é recorrentemente furtado. Muito se discute sobre o policiamento do campus, sobre as políticas de segurança da UnB e, a meu ver, o diálogo se perde por aí. Não há negociação e o embate coloca tudo a perder. Não acredito que seja essa produção que a Universidade se proponha a oferecer. Seria a solução um policiamento diferenciado? Uma segurança particular da UnB? Há muito tempo que se colocam idéias, poucas se efetivam e o problema vai crescendo. Falar e discordar é fácil; ouvir que qualquer movimento brusco pode render um "tiro na cara", como aconteceu comigo, não.


Os grupos que se manifestam a respeito, afirmam que a segurança deve ser reforçada, mas simplesmente aumentar o número de seguranças desarmados (e em greve) resolve? Ou pior, só falar que temos que aumentar a segurança, sem nenhuma proposta resolve algo?

A chapa Aliança pela Liberdade tem medidas concretas para solucionar esse problema, ou pelo menos fazer algo a respeito, além da iluminação adequada, queremos policiamento nos campi. Para nós é claro que policiais armados cumprindo sua função inibe criminosos. Os que acham que a polícia não traz segurança deveriam protestar contra o policiamento nas ruas! O melhor argumento que eu já ouvi contra o policiamento é que “tiraria o brilho da Universidade”, como se um estupro não jogasse lixo por cima desse “brilho”.

Queremos abandonar um passado de medo de repressão policial numa época autoritária por uma realidade de segurança numa Universidade de excelência.

Discorda? Vote na enquete ao lado e, por favor, comente neste post, estamos sempre abertos à discussão. Ah, se concordar pode votar e comentar também!

(Texto escrito por Davi Rodrigues Brito. Prestamos solidariedade à estudante Marina de Almeida Rosa, e agradecemos pelo relato fornecido.)

2 comentários:

Joana Ricarte disse...

Parabéns pelo texto, Davi. Concordo plenamente, segurança nos campi não é sinônimo de repressão em CAs mas de garantia de terminar os estudos.

Lamento muito pelo que ocorreu com a estudante Marina e espero que providências sejam tomadas para impedir que isso ocorra novamente.

Anônimo disse...

O legal é que tiveram votos contra o policiamento. Como se não precisasse. E se fosse com você? E se fosse com algum amigo seu?
Tirar o brilho da faculdade? O que garante o brilho da UnB, são seus alunos, e não apenas a universidade.

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