terça-feira, 30 de novembro de 2010

Comunicando-se!


O termo "comunicar" tem origem no latim communis, que significa "tornar comum". Como nossas centenas de leitores acompanharam, ao longo deste mês de novembro nosso Blog ganhou vida. Temos publicado textos de opinião de membros da Aliança pela Liberdade, pautas a serem discutidas nos Conselhos Superiores, relatos a respeito de como se deram as deliberações nesses conselhos e notícias importantes sobre educação e sobre a UnB.

Queremos que os colegas e visitantes que acompanham esta página nos ajudem a tornar comum um número ainda maior e mais relevante de fatos e opiniões. Algo relevante ocorreu ou ocorre pela UnB? Venha noticiar! Impressões sobre a educação em Brasília e no Brasil (ou mesmo fora!)? Venha opinar! Seriam especialmente interessantes opiniões sobre eventos acadêmicos, como seminários e conferências, e a divulgação de coisas do cotidiano, como os Happy Hours.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Extensão universitária: conceito e polêmicas.

"São finalidades essenciais da Universidade de Brasília, o ensino, a pesquisa e a extensão, integrados na formação de cidad]aos qualificados para o exercício profissional e empenhados na busca de soluções democráticas para os problemas nacionais ". (Estatuto da UnB, Art. 3º).
"A Universidade de Brasília organiza e desenvolve suas atividades em conformidade com os seguintes princípios:
(...)
III. Indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão;". (Estatuto da UnB, Art. 4º, inciso terceiro).

Como podemos verificar pelas normas mencionadas, a Universidade de Brasília (como é de praxi em todo país) tem como proposta desenvolver o Ensino, a Pesquisa e a Extensão. Mais que isso, a universidade postula a indissociabilidade entre estas três atividades. O chamado tripé do Ensino Superior possui, sem dúvida, uma parte atrofiada, que é a Extensão.

A grande maioria dos alunos participa apenas das atividades de ensino, posto que o cumprimento desses créditos é conditio sine qua non para sua titulação. As atividades de Pesquisa e Extensão são, como se sabe, voluntárias. A pesquisa possui maior capacidade de atrair os alunos, visto que a quantidade de recursos disponíveis é maior e essa atividade éa chave para o sucesso acadêmico. Desconheço professor universitário que não seja, ou pelo menos tenha sido, um pesquisador, mas são inúmeros os que jamais se envolveram com projetos de extensão.

Não precisamos ir muito longe nem refletir muito para constatar que a Extensão não é tratada como tão essencial quanto a pesquisa ou o ensino e, mais patente ainda, é evidente que essas atividades são dissociáveis. Não há atualmente nada que obrigue professores ou alunos a participarem de projetos de extensão, embora haja uma mobilização dos pró-reitores de Extensão (decanos no caso da UnB) para tornar obrigatórios créditos de Extensão nos currículos de graduação.

Pretendo nesse breve ensaio abordar o conceito de extensão, suas modalidades, as principais disputas quanto ao seu papel social, bem como os seus desafios dentro da UnB.

Mas, afinal de contas, o que é a Extensão? Na definição menos controversa, a Extensão seria a atividade da Universidade encarregada de estabelecer uma ponte com sociedade civil, visando uma transformação da realidade da comunidade através do conhecimento, cultura ou técnica gestado na Universidade.

A Extensão universitária teria surgido (de forma consciente) na Universidade de Cambridge em 1867, quando esta universidade promoveu um ciclo de palestras voltado para o público não-acadêmico (Rocha, 2001, p 13). Outro modelo de Extensão é o norte-americano, no qual a comunidade universitária leva para a sociedade civil os resultados de suas pesquisas que possam contribuir para o desenvolvimento econômico. Trata-se da disseminação de técnicas, sobretudo agrícolas, que ajudavam a aumentar a produtividade do trabalho.

Havia ainda no século XIX um terceiro modelo de Extensão com viés transformador mais radical, empenhado em utilizar a Universidade para criar, dentro de setores menos favorecidos, uma consciência reformista ou revolucionária, conforme testado nas Universidades de Oviedo na Espanha e Córdoba na Argentina.
Ao longo do século XX, resumindo drasticamente o debate, a Extensão passou a ser integrada a proposta pedagógica das Universidades em todo o mundo. Isso significou um maior envolvimento da Administração das universidades na implementação dos projetos de Extensão, fornecendo pessoal, infra-estrutura para essas atividades. Outra mudança importante foi a tentativa de harmonizar a extensão as atividades de Ensino e Pesquisa.

A grande controvérsia conceitual que envolve a Extensão é o seu papel. Paulo Freire, talvez o educador de maior prestígio no Brasil, por exemplo, era crítico ao conceito tradicional de extensão (tal como o praticado em Cambridge). Ele reprovava a atitude dos extensionistas diante da sociedade, ou seja, os universitários são portadores do saber e a comunidade nada sabe. Para Freire, a extensão deveria ser uma oportunidade para o intercâmbio de saberes diferentes, qual seja, o popular e o acadêmico, sem hierarquia entre eles.

Outras atividades de Extensão não possuem nenhuma proposta de troca de saberes e se limitam a utilizar o conhecimento da Universidade para prestar algum serviço para a comunidade, de forma gratuita. Pessoalmente, não tenho nada contra esse tipo de atividade, uma vez que o TODOS os contribuintes sustentam a universidades públicas, mas só alguns desfrutam de seus serviços diretamente. Nada mais razoável que os universitários retribuírem parte do investimento prestando serviços á comunidade. Diria que esse modelo seria extensão como aplicação do Ensino ou pesquisa.

Existem ainda outras atividades que levam conhecimento, em sentido único, da Universidade para a sociedade civil. Também não tenho nenhuma objeção. A Universidade tem o dever de ir além do senso-comum em suas investigações e este pode ser transmitido a comunidade. O que há de maléfico, por exemplo, em um grupo de estudantes de Nutrição ensinarem as populações o manuseio correto dos alimentos, como adotar uma dieta equilibrada, controlar doenças e etc?

E, por fim, existe a proposta de Extensão transformadora, na qual os universitários trabalham para emancipação dos setores `dominados' da sociedade. Nas palavras de Maria das dores Nogueira, no Brasil essa concepção se desenvolve nos anos 60, por iniciativa da UNE, quando "se vêem ações concretas na direção do compromisso com as classes populares, não de forma assistencial, mas com a intenção de conscientizá-las sobre seus direitos".

Por mais que os defensores deste último modelo de extensão sejam, muitas vezes raivosos e intolerantes com os ditos `assitencialistas' ou paternalistas, há que se reconhecer que a acusação se volta contra os próprios acusadores. Ora, querer dizer para os outros quas são os direitos deles, qual deve ser a consciência deles, é não apenas assistencialista como autoritário. Foi com base nessa premissa de verdadeira consciência, que os regimes mais violentos e opressores do século se justificaram.

Enfim, são variadas as maneiras de se fazer Extensão e não vejo motivo para que os grupos fiquem se digladiando para definir o que é ou não é extensão, ou qual delas é a mais legítima. Podemos conviver com propostas diferentes, desde que haja respeito pelo pensamento discordante.

Enfim, feito esse breve passeio pelo conceito e pela história da Extensão, resta agora tratar da situação da UnB. Atualmente o Decanato de Extensão apóia diretamente cerca de 180 projetos, que foram contemplados pelo edital PIBEX 2010. Existem ainda muitos outros projetos que não estão vinculados ao Decanato em atividade, como vimos na décima semana de Extensão da UnB (SEMEX 2010).

A Extensão é sem dúvida um campo aberto para a criatividade dos alunos e pode ser enriquecedora tanto como experiência de vida, como também pela formação profissional. Mesmo quando temos uma proposta de apenas ensinar, inexoravelmente acabamos aprendendo. Quando esse aprendizado retorna para a universidade através do Ensino, todos ganham.
O texto foi escrito por Saulo Maia, estudante do oitavo semestre de História e as opiniões aqui expressas não necessariamente coincidem com a posição da Aliança pela Liberdade.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Acontece agora!


Em alguns minutos começará reunião do CEPE no Salão de Atos da Reitoria.
Dos pontos de pauta destaco o último: diretrizes para convivência universitária. O que se espera é a discussão de regras e costumes para realização de festas e trotes dentro dos campi. Qual sua opinião a respeito? As coisas devem permanecer como estão? O trote deve ser proibido? E a venda de alcool na UnB? Pode? Não pode? Gostaríamos muito de ouvir sua opinião. Deixe um comentário!

PAUTA
Assuntos para Deliberação:


2.1. Apreciação das Atas da 468ª e 469ª Reunião, realizada em 14/10/2010 e 4/11/2010, respectivamente.

2.2. Indicação das Professoras Roberta Mary Vidotti (IG) e Sylvia Maria de Araújo (IG) para compor a Câmara de Ensino de Graduação, na condição de Membros Titular e Suplente, respectivamente.
Relator: Luiz Fernando Luzzi Las-Casas;

2.3. Indicação das Professoras Edgar Merchan-Hamann (FS) e Francisco de Assis Rocha Neves (FS) para compor a Câmara de Pesquisa e Pós- Graduação, na condição de Membros Titular e Suplente, respectivamente.
Relator: Luiz Fernando Luzzi Las-Casas;

2.4. Indicação dos Discentes Vítor de Lima Guimarães (IPOL) e Gustavo Henrique Gonçalves de Paiva (IQ) para compor a Câmara de Ensino de Graduação, na condição de Membros Titular e Suplente, respectivamente.
Relator: Luiz Fernando Luzzi Las-Casas;

2.5. Proposta do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da Faculdade UnB Gama.
Relator: Cesar F. Ferreira Filho;

2.6. Solicitação de indicações de representantes do CEPE para compor a Comissão Permanente do REUNI;

2.7. Comitê Assessor;

2.8. Atividades universitárias: diretrizes para a convivência intrauniversitária.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Ineficiência, má gestão e desperdício na educação brasileira


Matéria do jornal O Estado de São Paulo publicada no dia 7 de novembro apresenta um interessante diagnóstico sobre a Educação no Brasil. O editorial se baseia em um estudo feito pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e conta com comentários de grandes especialistas em educação do país.

O que mais me chamou a atenção foi tanto a péssima qualidade do ensino no Brasil, como a péssima gestão dos recursos públicos. O Brasil obtém resultados muito aquém do montante de gastos, se comparado a países da América Latina. Como diz a reportagem: "Entre 1999 e 2008, o poder público do Brasil gastou US$ 978 anuais por estudante, resultando em uma média de 6,1 anos de estudo da população. Sete nações latino-americanas (Uruguai, Bolívia, El Salvador, Peru, Paraguai, Nicarágua e Equador ) gastaram em média 7,4% a mais que o País (US $ 1.050 por estudante), mas a escolaridade da população ficou 35,2% superior à brasileira".

Conforme o exame internacional Pisa, que avalia os conhecimentos e habilidades de alunos com 15 anos de idade, o Brasil ocupa a 52ª posição. Outro problema é que gastamos proporcionalemente muito com o Ensino Superior em relação ao ensino básico. Países que conseguiram um ingresso para o clube dos desenvolvidos, como a Coreia do Sul, adotaram estratégia distinta da nossa. Primeiro eles se esforçaram para expandir o ensino e depois se empenharam na melhoria da qualidade. O foco do processo era o ensino básico para depois priorizar o ensino superior.

No Brasil, optamos por elevar os gastos com ensino superior, o que não é execrável obviamente. O problema é que os recursos são limitados e o dinheiro gasto nas universidades públicas hoje, deixa de ser gasto no ensino básico público. Com isto, os estudantes mais pobres tem uma educação básica pior e, consequentemente, ficam de fora do Ensino superior público. Trocando em miudos, por mais bem intencionado que seja nossa estratégia, ela se revela bastante elitista, pois direciona subsídios da educação a estudantes de classe média, deixando desamparados aqueles que de fato precisam do auxílio do Estado. Talvez por essa razão muitos países europeus cobrem anuidade em suas universidades públicas, isentando aqueles que origem humilde.

Quanto a má gestão do recursos, eu posso falar como alguém que estudou um período em escola pública. A qualidade do ensino precisaria melhorar muito para ser chamada de vergonhosa. Os professores faltam demais, há o problema da indisciplina na sala de aula, há complacência nas avaliações, não se cumpre o conteúdo programático e daí em diante. Ilude-se aquele que aponta salários baixos e estrutura física ruim como sendo os principais problemsa. No DF, por exemplo, os professores ganham muito bem e nem por isso temos algum resultado a comemorar.

Em suma, precisamos de cidadãos mais ativos, de mais capital social, para que os usuários das políticas públicas ajudem a superar nossa tradição de ineficiência. Já esperamos muito tempo que boas iniciativas partam dos governantes, mas a verdade é que ou elas não vieram ou trouxeram avanços muito tímidos.

Matéria disponível em:

O texto foi escrito por Saulo Maia, estudante do oitavo semestre do curso de História e as análises aqui expressadas não necessariamente representam a posição da Aliança pela Liberdade.


Liberdade! Liberdade!

"Nós nem cremos que escravos outrora,
Tenha havido em tão nobre país
Hoje o rubro lampejo da aurora,
Acha irmãos, não tiranos hostis.
Somos todos iguais, ao futuro
Saberemos unidos levar,
Nosso augusto estandarte, que puro,
Brilha ovante, da Pátria no altar.

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós
Das lutas, na tempestade
Dá que ouçamos tua voz."

Hino à Proclamação da República



domingo, 14 de novembro de 2010

O que de fato somos.

Semanalmente ouço relatos divertidíssimos sobre as fofocas que rondam a UnB quando o assunto é a Aliança pela Liberdade. De contratos com o McDonald's a membros neonazistas, todo tipo de sandice é veiculado por aí. Paciência! Como dizem, quanto mais mentiras disserem sobre nós, mais verdades diremos sobre eles. Mas hoje vamos contar uma verdade sobre nós publicando um e-mail recebido após nossa reunião no último domingo. Ei-lo:


À
Aliança pela Liberdade,

Em 07 de novembro último participei como visitante da Assembleia Geral deste grupo.
Tenho de dizer que foi gratificante constatar a veracidade das virtudes que já me haviam sido relatadas.

Pude perceber um grupo coeso, democrático e que busca com sinceridade fortalecer a Universidade a partir da participação ativa e responsável dos estudantes em diálogo permanente com os demais setores da academia.

Uma agremiação que reconhece a responsabilidade da Universidade de Brasília na sociedade brasileira e do Distrito Federal, mas sem o peleguismo e a culpa petit-borgois que distribui benesses assistencialistas.

E que mantêm em vista a meta central de produção e difusão do saber, se não neutro, mas ético, plural e livre de amarras político-partidárias.

Que busca uma UnB que valorize o mérito individual, sem deixar de amparar concretamente aqueles estudantes dedicados que vivem em condições adversas.

Que defende a UnB e o movimento estudantil do aparelhamento por ideólogos esquizofrênicos e políticos de todos os matizes.

Concluo assim que eventuais discordâncias políticas no além-muros podem e devem ser deixadas de lado na busca pelos resultados mais eficientes dentre os possíveis para a Universidade de Brasília. Atividade que este grupo político exerce com maestria.

Por fim peticiono a minha inscrição nos quadros da Aliança pela Liberdade como membro permanente, oferecendo meu esforço e minha honestidade.

Atenciosamente,
Fabio Monteiro Lima
Estudante de Direito - Universidade de Brasília

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Homossexualidade - Parte II




Continuação do tópico anterior.

II.Heteronormatividade e Homofobia

O horror visível tem menos poder sobre a alma do que o horror imaginado.
William Shakespeare


Uma tendência cognitiva natural é a utilização de categorias sociais para organizar informações sobre outras pessoas (Hockenburry, 2003: 421). Como já visto, tais categorias podem incluir o gênero, a etnia ou a religião. De modo corriqueiro podem incluir inclusive o modo de vestir e falar de uma pessoa, passando por outras preferências como música ou um partido político. Um tipo específico de categoria social para todos esses casos seria o estereótipo, qual seja a atribuição de características a membros de um grupo ou classe (Fiske, 1998).

A atitude de estereotipar qualifica um dado grupo a partir de uma determinada característica. Ela pode tratar, por exemplo, da idade, ao afirmar que adolescentes são “irresponsáveis e impulsivos” e idosos “maduros e mal-humorados”. Porém, como se pode perceber, tais qualidades ou defeitos não têm correlação comprovável com os anos de vida de uma pessoa (Hockenburry, 2003: 421). E é justamente na meia verdade de um estereótipo que reside a grande dificuldade de mudá-los (Taylor&Porter, 1994).

Na média, adolescentes costumam ser mais impulsivos do que idosos, e estes mais sisudos e compenetrados do que aqueles. Porém, isto não se aplica para todos os casos. Em certas circunstâncias pode não se aplicar para a maioria dos casos. Daí surge o preconceito, a generalização e assunção prévia de uma ou mais características para um dado indivíduo, a diferenciação entre “nós” e “eles” (Hockenburry, 2003:422).

A criação mental dessas duas figuras, ingroups (ao qual pertencemos) e outgroups (ao qual não pertencemos), torna-se ainda mais forte no aspecto da sexualidade, em que se assume a heterossexualidade como normal, esperada, natural. A isto denominaremos heteronormatividade. Em outros termos, é a
“pressuposição da norma heterossexual como ordenadora da inteligibilidade sobre os corpos e as formas de relação sexual e afetiva” (Lionço&Diniz, 2009: 51).

A homofobia está umbilicalmente ligada à heteronormatividade, sendo esta uma forma daquela, não apenas por apresentar uma leitura desigual, uma hierarquização entre sexualidades, mas por ser a hostilidade conseqüência desse preconceito para com o outgroup (homossexuais). Como fenômeno complexo e variado, a homofobia pode ser expressa por meio de piadas ou o tratamento jocoso e injurioso contra gays (Eribon,2006: 27), em especial indivíduos afeminados, até motivar execuções [26] e extermínios [27].

A manifestação homofóbica busca, por variadas formas, inferiorizar a homossexualidade, tratada como comportamento desviante. Como outras formas de intolerância, é construída através de emoções (crenças, convicções, sentimentos), condutas (procedimentos, atos, leis) e dispositivos ideológicos (mitos, teorias, doutrinas, dogmas) (Borrillo, 2009: 28). Assim, a homofobia pode se manifestar pelo silêncio a respeito da diversidade sexual, por atitudes de ódio e desprezo puramente irracional ou por um conjunto de normas, valores e conclusões “científicas” bem elaboradas (Borrillo, 2009: 28).

Os homossexuais já foram e são tratados em diferentes circunstâncias como indivíduos com características psicológicas e comportamentais peculiares, como a incapacidade afetiva, a promiscuidade, afetação na manifestação corporal e um comportamento muito sexualizado, por exemplo. Percebe-se que “por meio de uma retórica moralizadora ou de uma linguagem especializada, a lógica discriminatória funciona conforme uma dialética de oposição entre nós-civilizados e eles-selvagens” (Borrillo, 2009: 30).

Os resultados de todo esse construto de discriminação e rebaixamento dos homossexuais pode provocar distúrbios irremediáveis nestes, a começar por um forte sentimento de auto-rejeição, culpa e identidade confusa. Para muitos homossexuais, o enfrentamento de sua orientação sexual pode chegar a níveis tais que ultrapassem o isolamento e a depressão, atingindo a atitude extrema do suicídio (Eribon,2008: prefácio). Ao retratar os primeiros sentimentos conscientes de sua orientação sexual, Andrew Sullivan (1996: 17) utiliza a seguinte representação:

Era como entrar num avião pela primeira vez, ficar eufórico com a decolagem, olhar maravilhado pela janela, ver as nuvens flutuarem lá embaixo, e perceber de repente que vocês está no vôo errado, indo para um destino apavorante, rodeado de pessoas que interiormente deixam você horrorizado. E não há como sair. Você se assusta, é invadido pelo pânico. Você é um deles.

É importante também notar que a homofobia atinge os homens heterossexuais, na medida em que sobre estes também exerce uma forma de violência, qual seja a de adequá-los a um tipo de comportamento padrão e esperado: não estabelecer relações íntimas com outros homens, evitando manifestar sentimentos mais íntimos entre seus pares; ter posturas necessariamente assertivas, por vezes violentas, reafirmando seu papel de macho, e, dentre outras circunstâncias, não tolerar homossexuais, pois são traidores da virilidade, do papel superior natural de um homem na sociedade (Borrillo, 2009: 35).

A ordem heterossexista (Borrillo, 2009: 26), como não-aceitação do princípio da igualdade e liberdade, ameaça os próprios fundamentos da democracia, favorecendo a hostilidade ao outro e promovendo a desigualdade entre gêneros. Viola, através da homofobia, a Declaração Universal dos Direitos Humanos (Minillo&Viana Júnior, 2008: 144-145). As palavras injuriosas, os insultos promovidos contra os homossexuais relembram e reafirmam a todo o momento que há um padrão, uma hierarquia vigente, uma
regra de conduta e preferência sexual a ser seguida. Àqueles que não o fazem estão reservados os guetos, a subcultura, o anonimato, a discrição imposta ou, em termos mais claros, a uma vida dupla (Sullivan, 1996:104).

Para Daniel Borrillo (2009: 43), o primeiro passo pedagógico consiste em “questionar essa ordem heterossexista e tornar evidente que a hierarquia de sexualidades é tão insustentável quanto a de raças ou de sexos”.

26 Para mais informações acessar http://www.washingtonpost.com/wpdyn/content/article/2006/07/19/AR2006071902061.html
Acessado em 20 de dezembro de 2009.
27 Para mais informações acessar http://www.holocaustmahnmal.de/en/homosexualmemorial Acessado em 20 de dezembro de2009.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Homossexualidade - Parte I


Há alguns dias elaborávamos dentro da Aliança posts semanais sobre temas que envolvem a liberdade, mesmo que não correlacionados ao campo "educação". A idéia seria postarmos artigos de membros ou conhecidos do grupo. Crendo muito oportuno o debate sobre homossexualidade, homofobia e heteronormatividade, especialmente após o detestável ato ocorrido na última festa da calourada deste semestre (amanhã iremos postar a nota do DCE/UnB a respeito), publico o primeiro trecho de um artigo que escrevi há alguns meses e foi publicado no livro da SiNUS 2010 (mais informações em http://www.sinus.org.br/2010/ ). Como de costume, as idéias expressas aqui são de responsabilidade de seu autor e não necessariamente identificam a opinião coletiva do grupo.
Por André Maia, estudante de Direito e membro da AL.


I.Homossexual
Aqui se pode apenas descrever e dizer: assim é a vida humana.
Ludwig Wittgenstein


Esta seção poderia ter diferentes títulos, em sua maioria mais claros, mais objetivos, porém não menos polêmicos, equivocados e, em sua objetividade, injustamente simplistas. Poderíamos começar por “A condição homossexual”, mas logo nos submeteríamos a um termo que carrega em si uma carga valorativa [21] por demais pesada para a peculiar circunstância que se quer debater. Poderíamos ser simples e intitular “Pessoas LGBTTs”. Porém, tal formato seria inadequado para este artigo por razões que, em breve, serão mais bem apresentadas, mas que passam por todo debate que se pretende a respeito de diversidade sexual: qual ou quais termos utilizar para identificar nosso objeto de estudo?

Poderíamos ir pelo caminho de Andrew Sullivan (1996) e, francamente, dar o formato certo a um subtítulo que encabeça uma sessão que, primordialmente, se pretende a dar respostas (mas que apresentará somente uma): faríamos uma pergunta, “O que é um homossexual?” [22]. Contudo, prepararíamos o nosso próprio fracasso. Ainda que as contribuições de Sullivan joguem luz sobre a maior parte das questões aqui levantadas, aqui não há resposta assertiva para tal pergunta.

A própria reflexão a respeito do subtítulo desta seção já aponta para o primeiro passo a ser dado: por qual razão utilizaremos as expressões homossexual e gay para designar o objeto deste estudo. É justamente em respeito à pluralidade da sigla LGBTT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) e por cada grupo por ela contemplado, que não utilizaremos a sigla como designadora do sujeito foco da discriminação a respeito da qual aqui se quer debater. Com o intuito de ter um foco claro e melhores resultados nesta pesquisa e no debate que ela suscita, nos limitaremos a aplicar o termo homossexual e/ou gay buscando designar homens e mulheres “constitutivamente, emocionalmente, e sexualmente atraídos pelo mesmo sexo” (Sullivan,1996: 9).

Mesmo que os indivíduos LGBTT possam ser contemplados em aspectos e características comuns levantados nesta pesquisa, seria desonestidade crer ou fazer crer que travestis, transexuais e transgêneros terão uma abordagem além da superficial a respeito de sua realidade. Ademais, apesar das características extremamente relevantes que diferenciam lésbicas de gays, pela simples diferença de gênero (Borrillo, 2009:23-25), e as conseqüentes implicações sociais dessas diferenças, seguiremos o entendimento bem consolidado de que “o processo de enfrentar e aceitar algo que a pessoa já é, o lento desenrolar de uma autorealização em torno de uma realidade emocional básica, é o mesmo” (Sullivan,1996: 22). Isto, contudo, não
nos impedirá de utilizar o termo “lésbica” quando este se fizer necessário por alguma relevante diferenciação dos homossexuais masculinos.

Portanto, nos questionemos a respeito desse fato, a homossexualidade [23]. Seria uma orientação ou uma escolha (ou uma preferência)? Como um indivíduo se torna homossexual? Como passa a sentir e, posteriormente, a manifestar atração por pessoas do mesmo sexo? Muitas formas de explicação já foram apresentadas por religiões, pesquisadores, associações, moralistas, revolucionários. Essa experiência pode ser considerada uma patologia, um desvio de perversão, uma benção de alguns privilegiados, uma maldição, algo que precisa ser curado, louvado ou, simplesmente, respeitado. Independente da leitura que cada indivíduo, sociedade ou governo possa fazer, essa é uma experiência que trás consigo um dado inescapável: ela existe.

Contudo, para uma construção argumentativa clara e coerente, passaremos a um segundo passo de nosso diálogo: a dicotomia orientação/escolha. Em “Praticamente Normal – uma discussão sobre o homossexualismo”, Andrew Sullivan analisa as quatro principais abordagens política a respeito da homossexualidade: os proibicionistas, os liberacionistas, os conservadores e os liberais. Para que os fundamentos de seu diálogo sejam claros, ele apresenta em seu prólogo a sua maneira de argumentar que um
homossexual, majoritariamente, o é por orientação, não por escolha. O autor utiliza não apenas argumentos lógicos como “se tivessem opção, muitos homossexuais prefeririam não o ser – o que é uma boa prova de que não existe opção” Sullivan,1996:22). Fundamentalmente seu argumento é a narrativa de sua própria experiência na infância e adolescência, retratando os sentimentos profundos e as reações a estes que o tomaram.

Por “homossexual” quero dizer simplesmente alguém que pode contar uma história semelhante à minha; alguém que descobriu na sua vida que é atraído ou atraída, emocional e sexualmente, pelo mesmo sexo; alguém que, do ponto de vista prático, não teve uma opção, de fato, a esse respeito (Sullivan,1996: 23).

A literatura [24] , em campos variados do conhecimento, como o Direito, Sociologia, Educação e Psicologia, tem referendado essa posição. Inclusive setores com perfil mais conservador, como a Igreja Católica, já indicam o alinhamento a esse entendimento (Congregação da Propagação da Doutrina da Fé,1986), mesmo que suas recomendações sejam distintas das de outros grupos ou entidades, que aceitariam a
manifestação da homoafetividade [25].

Para os pontos que seguirão, em especial o debate a respeito da homofobia e da legislação internacional, é politicamente relevante o entendimento de algo como normal ou anormal, pois a naturalização de certos valores e comportamentos está, muitas vezes, na base da construção de um preconceito e no exercício da discriminação (Borrillo, 2009). Ainda assim, independente da posição a ser assumida, não é nisto que se encerra a discussão:

A experiência humana começa com fatos assim; não se encerra com eles. Há uma lamentável tendência de tentar encontrar alguma solução definitiva para os sofrimentos humanos permanentes – seja numa cadeia de DNA, numa pesquisa psicológica conclusiva, numa análise de hipotálamos ou num versículo da Bíblia – a fim de acabar com a discussão. Ou então insistir na veracidade emocional de certa experiência e esperar que ela vença qualquer outro argumento apresentado. Mas nada disso pode substituir a discussão política e moral acerca de como uma sociedade deve lidar com a presença dos homossexuais em seu meio (Sullivan,1996: 21).

21 Não se quer negar que toda definição a ser utilizada está carregada de valores, é fruto de um construto social e evolutivo. Porém, estamos a desnudar um termo específico e sua violência intrínseca. Ver Derridá (2007).
22 Sullivan em “Praticamente Normal” usa tal pergunta para seu prólogo.
23 Utilizaremos o termo “homossexualidade” ao invés de “homossexualismo” a fim de evitarmos, como recomenda parte da literatura utilizada, a reprodução do sufixo “ismo”, geralmente utilizado para doenças ou desvios psicológicos. Ver Dias (2009) e
Lionço&Diniz (2009).
24 Ver Hockenbury (2003), Dias (2009), Lionço(2009), Eribon (2008).
25 Maria Berenice Dias (2009) defende o uso da expressão “união homoafetiva” e do termo homoafetividade como mais capazes de expressar a completude dessas relações e manifestações de afeto.

O paradigma das universidades brasileiras: ensino superior para todos, ensino técnico para ninguém.


Boaventura de Sousa Santos em sua famosa palestra ‘’Um Discurso sobre as Ciências’’, realizada em 1987, em Coimbra, categorizou a ciência contemporânea como dentro de um paradigma emergente possuindo, dentre outras características, o alto grau de especialização do conhecimento. Essa característica já foi observada por inúmeros outros ilustres pensadores, desde Comte até Weber. O que isso tem a ver com a realidade de nossa universidade? E eu respondo reformulando essa pergunta: o que tem a ver com a realidade das universidades públicas do país?
Em matéria publicada em 2008, a pró-reitora de graduação da UFRJ, Belkis Valdman, afirmou: "A UFRJ está caminhando em direção às novas formações profissionais, além de estar inserindo um maior número de estudantes na universidade". Entre os novos cursos da época estavam Saúde Coletiva, Comunicação Visual e Design, História da Arte e Terapia Ocupacional. A Universidade Federal de Pernambuco abriu no mesmo período, dez novos cursos, entre Dança e Engenharia de Alimentos. Na UFMG, novos cursos como Serviços de Saúde, Ciências do Estado, Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis, Licenciatura do Campo e Licenciatura Intercultural Indígena estão no rol da nova tendência brasileira, incentivada pelo Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni).
A legitimidade da existência de muitos desses novos cursos, deixarei a cargo do leitor. Devemos lembrar que não podemos colocar todos os novos cursos dentro de uma mesma categoria de legítimos ou não-legítimos, da mesma maneira que não podemos simplesmente aceitar essa tendência como algo normal, por isso imune às críticas. Critérios objetivos devem ser apresentados antes da abertura de um curso de graduação.
Observam-se duas categorias de novos cursos: os que costumavam ser ministrados em uma pós-graduação como forma de especialização e agora são oferecidos em nível de graduação, e outros que nem sequer eram cogitados como possíveis cursos superiores, como ‘’Licenciatura em Dança’’. Analisando o caso de cursos como ‘’Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis’’, chega-se à conclusão que a educação técnica no país cedeu espaço para o inchaço no ensino superior, com a lógica de que o ensino superior tem que ser para todos e o ensino técnico para ninguém.
Na Universidade de Brasília, observamos recentemente a criação de novos cursos, não só em campi recém criados, mas (ou principalmente) no campus Darcy Ribeiro. Nove novos cursos foram aprovados apenas no ano de 2009. Todos possuem boas justificativas para a existência? Nenhum deveria ser criado? A análise deve ser pontual e cobrada pelos alunos, pois são eles os que mais sentirão as conseqüências.
Em 2008 foi criado na UnB, campus Ceilândia, o curso ‘’Gestão de Saúde’’ e em 2010 o curso ‘’Gestão em Saúde Pública’’, no campus Darcy Ribeiro. Os dois cursos respondem a uma demanda por profissionais que possam administrar instituições de saúde, tendo conhecimentos de gestão e ao mesmo tempo de biologia, química, etc. Qual a diferença que justifica a existência desses dois cursos e não de um só? Um seria gestão de saúde individual enquanto o outro de saúde coletiva? Qual o critério utilizado para a abertura de um curso de graduação na UnB?
O problema não é a abertura de novos cursos, pois muitos são sim necessários. O que preocupa é que o objetivo de tornar a universidade maior, com mais opções de cursos e vagas, não necessariamente vem acompanhado de qualidade ou mesmo de uma necessidade que compense a despesa. Todos sabem que os recursos são escassos, as pesquisas no país não são incentivadas como deveriam ser, alguns departamentos têm carência de professores, a estrutura física muitas vezes é precária e, entrementes, novos cursos são abertos todos os dias. Muitos deveriam estar inseridos na Universidade ou em escolas técnicas de qualidade?
Da maneira como está, com critérios pouco conhecidos, abriremos precedente para a criação de, por exemplo, graduações em Sociologia do Esporte, Direito Penal, Microeconomia e a possibilidade de toda e qualquer matéria ou especialização se tornar curso. O objetivo de abrir mais vagas utilizando para isso novos cursos pode prejudicar os próprios alunos, quando se depararem com eventuais indefinições de projetos pedagógicos, orçamento cada vez mais apertado e carência de estrutura física, características infelizmente cada vez mais comuns em universidades mais ‘’democráticas’’.

Artigo escrito por Rodrigo Lyra, estudante de Ciências Sociais, membro da Aliança pela Liberdade e do CEPE. As opiniões expressas no texto são de responsabilidade de seu autor e não necessariamente refletem a opinião da organização Aliança pela Liberdade.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Finalmente, o Conselho Comunitário

No dia 26 de outubro de 2010 a UnB viveu um dia histórico com a realização da primeira reunião do Conselho Comunitário. Previsto no regimento geral da Universidade há 17 anos, o Conselho deveria reunir-se pelo menos uma vez por ano, norma esta não observada pelos últimos reitores.

Podemos entender melhor o que é o Conselho Comunitário observando a legislação que lhe deu origem. Conforme o Art. 14 do regimento geral da UnB, "O Conselho Comunitário é um órgão consultivo da administração superior da Universidade de Brasília (...)". O artigo seguinte explica o seu papel, que é "opinar sobre estudos, projetos, planos e relatórios da Universidade e recomendar ações e medidas à Administração Superior".

Um dos principais entraves à realização do Conselho era a regulamentação do parágrafo único do art. 16, que tratava da composição e das entidades representadas. O regimento falava, por exemplo, em representação de entidades empresariais, mas seria obrigação do Consuni dizer qual entidade empresarial receberia o convite. Esse problema foi solucionado pela resolução 3/2010 do Consuni que preencheu todas essas lacunas.

Eu tive a honra de ser indicado como representante dos estudantes do Consuni no Conselho Comunitário. Eu até gostaria de me vangloriar pela indicação, mas o fato é que não houve disputa pela vaga. É que na reunião do Consuni em que a indicação foi feita, os RDs dos demais grupos haviam se retirado antes da conclusão das deliberações, quando da aprovação das condicionantes referente ao credenciamento da FINATEC. Não se sabe ao certo se a retirada se deve a compromissos mais importantes, ou ao desinteresse pelos demais pontos de pauta.

Estiveram presentes na reunião representantes de entidades empresariais (como o SEBRAE), Secretários do GDF, a associação de ex-alunos da UnB, a associação de aposentados da FUB, representantes de movimentos sociais entre outros.

A reunião foi aberta pelo Reitor José Geraldo, logo seguido pelos Decanos, que falaram um pouco sobre suas trajetórias acadêmicas e fizeram um balanço dos resultados e desafios envolvendo suas respectivas pastas.

A reunião continuou em clima de tranqüilidade e satisfação, observada sobretudo nos olhos dos professores mais antigos da casa. A representante dos servidores aposentados se recordou dos acalorados debates ocorridos na estutuinte da UnB, envolvendo a proposta do Conselho Comunitário.

Em meu discurso, o último antes do fechamento da reunião pelo Reitor, procurei expor qual a importância do conselho nascente. Considero que o Conselho, mesmo que apenas consultivo, pode servir para amadurecermos propostas para a melhoria da qualidade da Universidade, além de servir para firmar parcerias que nos ajudem a cumprir nossos objetivos.

Ao fim da reunião, elegemos a professora Leila Maria Oliveira, representante do Fórum de Educação de jovens e adultos do DF, para representar a instituição recém criada no Consuni.

Para outras informações, visite:
http://www.unb.br/noticias/unbagencia/unbagencia.php?id=4116
http://www.unb.br/noticias/unbagencia/unbagencia.php?id=4105

Saulo Maia.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Ayres Britto e a Liberdade de Imprensa


HOJE, NO AUDITÓRIO JOAQUIM NABUCO (FA-PRÉDIO DE REL,POL E DIR), SERÁ REALIZADA CONFERÊNCIA COM O MINISTRO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL CARLOS AYRES BRITTO.










Há alguns meses, quando foi noticiada decisão proferida pelo Ministro Ayres Britto a respeito da Lei de Imprensa (vide http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/adpf130.pdf) , tive a idéia de convidá-lo a proferir palestra em nossa UnB a respeito da decisão e do tema de que ele tratava. O tempo passou, não fiz o convite e agora me deparo com a grata surpresa de ver o evento sendo realizado pelos organizadores da IV Semana Política. Recomendo a todos uma passada pelo evento, que tem excelente programação. A participação do Ministro ocorrerá hoje às 19h no auditório Joaquim Nabuco, que fica logo na entrada principal da FA.

Eis a programação (retirada do blog Casa de Política):

A Semana Política

É uma iniciativa do Instituto de Ciência Política da Universidade de
Brasília, organizada conjuntamente pela Direção do Instituto, o Centro
Acadêmico de Ciência Política (CAPOL), o Programa de Educação Tutorial em
Ciência Política (PET-POL), a Strategos Empresa Júnior de Consultoria
política e o Politeia. É um evento de ensino e extensão universitária cujo
principal objetivo é promover o debate sobre temas relevantes da ciência
política. Além disso, é um evento gratuito e aberto a todos que dele
quiserem participar, porque visa promover a integração entre a universidade
e a comunidade.

Programação
Abertura - Joaquim Nabuco

- Conferência com Marcelo Cavarozzi - Segunda, 8/11, 18:00;


- Conferência com Ayres Britto - Terça, 9/11, 19:00;

Mesas Redondas – Joaquim Nabuco

- MR - Economia e Papel do Estado - Terca, 09/11, 09:00-12:00
- Participantes: Maria Rollemberg, Eduardo Gomes, Daniel Tygel;
Mediador: Bernardo Mueller;
- MR - Meio-ambiente e sustentabilidade - Terca, 09/11, 14:00 - 17:00
- Participantes: Donald R. Sawyer, Pedro Ivo e Paulo Salles; Mediador:
Thomas Ludewigs;
- MR - Identidade e multicultualismo - Quarta, 10/11, 09:00 - 12:00
- Participantes: Demétrio Magnoli, Teresa Negrao; Mediador: Leandro
Rodrigues;
- MR - Cultura, política e valores - Quarta, 10/11, 14:00 - 17:00
- Participantes: Lúcio Rennó, Rita Segatto, Débora Messenberg;
Mediador: Marilde Loiola;

Grupos de Trabalho
GT - Legislativo e Reforma Política - Quinta, 11/11, 09:00 - 12:00 – FA,
A1-04

- Participantes: Lizie Câmara, Graziella Testa, Suelly Mara; Comentador:
Graziela Dias Teixeira;

GT - Política e Comunicação - Quinta, 11/11, 14:00 - 17:00 – FA, A1-04

- Participantes: Paulo Henrique Canhoto Alves, Denise Maria Mantovani,
Max Stabile; Comentador: Hélio Marcos Prates Doyle;

GT - Políticas Públicas - Sexta, 12/11, 09:00 - 12:00 – FA, A1-04

- Participantes: André Borges de Carvalho, Cecília Maria de Souza
Escobar, Gustavo Rocha ; Comentador: Denílson Bandeira;

GT - Sociedade Civil e Movimentos Sociais - Sexta, 12/11, 14:00 - 17:00

- Participantes: Juliana Maia, Jean D'Ugard, Caroline Soares Santos;
Comentador: Rebecca Abbers;

Oficinas
Oficina - Marketing Político - Quinta, 11/11, 09:00 - 12:00
Oficina - Pesquisa Eleitoral - Quinta, 11/11, 14:00 - 17:00
Oficina - Política e Educacao - Sexta, 12/11, 09:00 - 12:00

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Aliança pela Liberdade e o recredeciamento da FINATEC: mitos e fatos

Prezados visitantes, escrevemos esta breve sequência de mitos e fatos de modo a deixar um pouco mais claro todo nosso posicionamento favorável em relação ao recrecenciamento da FINATEC, nas últimas reuniões do CONSUNI, bem como o que pensamos sobre financiamento de pesquisa e fundações de apoio à UnB.

MITO 1: Quem apoiou recredenciamento da FINATEC é conivente com a corrupção

Por mais panfletário que seja o mito acima, precisamos atacá-lo logo de partida. Obviamente, somos contrários a quaisquer desvios éticos e morais que ocorram na administração pública. Mas qualquer análise honesta precisa separar problemas de gestão, derivado das pessoas que controlam as instituições, dos problemas que são da natureza dos órgãos institucionais.

Durante a gestão Timothy Muholland, foram identificados diversos problemas de gestão relacionados especialmente a desvio de finalidade na condução das atividades da FINATEC. No mesmo período, há diversos indícios de corrupção com recursos administrados pela FUB.

Aqueles que são contra as fundações de apoio à pesquisa, dizem que os problemas ocorridos, no passado, com a FINATEC deveriam levar à sua extinção. Por coerência, os mesmos deveriam pedir a extinção da FUB (e, por consequência, da UnB), já que ocorreu corrupção nesta fundação pública.

Não nos parece razoável extinguir a FINATEC ou a FUB por problemas passados em suas gestões. Entendemos que deve haver mecanismos de controle que garantam maior transparência e maior controle sobre os órgãos de finalidade pública (sejam de direito público ou privado), para minimizarmos o risco de corrupção e garantirmos maior eficiência na utilização dos recursos do erário.

FATO 1: Já foram tomados alguns passos para garantir maior transparência e controle da UnB sobre seus recursos

Alguns passos para isso já foram tomados. O passo mais evidente é que o CONSUNI indicou TODOS os nomes do Conselho Superior da FINATEC, inclusive com a participação de um estudante Raduan van Velthem Meira (IREL), eleito como consequência de uma indicação da Aliança pela Liberdade. Anteriormente o CONSUNI não fazia a indicação desses nomes. De fato, indicamos dois estudantes para o Conselho Superior da FINATEC, mas o DCE/UnB recusou-se a votar no outro estudante que indicamos. Nós trabalhamos por maior transparência e não fugimos de nossa responsabilidade. Outra mudança muito importante é aquela que impede que Conselheiros do CONSUNI sejam membros do Conselho Superior da FINATEC, para evitar conflitos de interesses e garantir que o CONSUNI fiscalize, de fato, a FINATEC - como é sua obrigação.

MITO 2: Os recursos privados aplicados em pesquisa por meio das fundações de apoio substituem os recursos públicos de pesquisa

Essa afirmação é patentemente falsa. Na verdade, os recursos privados que venham a ser investidos em pesquisa por meio das fundações de apoio NÃO CONCORREM com os recursos públicos, mas complementam estes. Nosso objetivo é garantir MAIS RECURSOS para pesquisa na Universidade de Brasília, sejam eles de origem pública ou privada. Quem quer mais recursos para pesquisa, não pode ser contra a existência de fundações de apoio.

FATO 2: A UnB é a única das grandes universidade federais que não conta com uma fundação de apoio geral à pesquisa credenciada junto ao MEC/MCT

As Universidades Federais de ponta precisam de recurso para pesquisa e, como consequência, todas elas utilizam fundações de apoio para garantir maior quantidade de recursos para pesquisa. Essa tendência é reforçada pela Medida Provisória 495/2010, que reafirma que as fundações de apoio à pesquisa são opções prioritárias do Governo Federal para a alocação de recursos para pesquisa. De agora em diante, se a UnB ficar sem uma fundação de apoio credenciada junto ao MEC/MCT, passará a perder triplamente: terá mais dificuldade para captar recursos privados, recursos das sociedades de economia mista (Petrobrás, Banco do Brasil, Eletrobrás, etc) e também para captar recursos dos órgãos governamentais de fomento a pesquisa. Será que é isso que queremos para UnB?

OBS: A única fundação da UnB credenciada nesse momento é a FAHUB, mas que não garante apoio geral à pesquisa, mas tão somente ao HUB.

MITO 3: Uma vez aprovado o recredenciamento da FINATEC, não haverá mais controle e essa será uma decisão definitiva

Isso é falso. As contas da FINATEC (e de qualquer fundação de apoio) devem ser avaliadas anualmente pelos Conselhos Superiores da UnB e seu credenciamento deve ser revalidado a cada biênio. Entendemos que, em um momento em que a UnB não tem nenhuma fundação credenciada, o recredenciamento da FINATEC era sem dúvida a melhor opção. Entretanto, no futuro, sob outro cenário a avaliação pode ser diferente e deverá ser julgada conforme o contexto. Nós acreditamos que o melhor para UnB é ter várias fundações de apoio, concorrendo entre si, para garantir alternativa para os professores, menores taxas de administração e mais recursos para pesquisa.

FATO 3: Fundações de apoio à pesquisa podem ajudar a UnB de diversas maneiras

Existem várias de opções, no uso das fundações de apoio, que benefiam a UnB. Inicialmente, há editais para a utilização de recursos, privados ou públicos, de projetos negociados por intermédio das fundações de apoio. Além disso, as fundações de apoio podem lançar editais para financiar a participação de estudantes e docentes em congressos nacionais e internacionais. Ademais, os departamentos e institutos da UnB podem montar laboratórios importando equipamento de pesquisa, a impostos bem reduzidos, por meio dessas fundações de apoio. Finalmente, as fundações de apoio acabam por acumular infra-estrutura física de boa qualidade que pode beneficiar os institutos e departamento na realização de eventos nacionais e internacionais. Obviamente, essa lista de benefícios não é definitiva. Gestores criativos e eficientes podem fazer muito mais ainda que com recursos limitados.

Quero saber mais sobre o assunto, o que eu faço?

Deixaremos disponibilizado o brilhante relatório do Prof. Nigel Pitt, apresentado e aprovado pelo CONSUNI. Leia com cuidado e tire suas próprias dúvidas, clicando aqui.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Consuni e Conselho Superior da Finatec

Já começou a apuração dos votos p/ saber quem serão os 12 Conselheiros da Finatec nomeados pelo Consuni. A Aliança pela Liberdade indicou três nomes:

1.Professor Vicente Dobroruka (HIS)
2.Discente Raduan Meira (REL)
3.Discente Bruno Guilherme Amui (Eng. Elétrica)

Todos os indicados são gabaritados para a missão. A indicação do dois estudantes dentre os 3 nomes é uma prova de que a AL acredita no poder fiscalizador que o corpo discente da UnB deve exercer. Mais informações serão disponibilizadas ainda hoje.

ATUALIZANDO (23:59H)
2.Discente Raduan Meira (REL) ELEITO.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O debate, o equilíbrio e a realidade


Estava buscando algum tema para abordar na postagem de hoje e eis que me veio à cabeça falar sobre algo essencial, algo que diz respeito à finalidade central deste grupo: representar os estudantes da Universidade de Brasília. Mas hoje não vamos falar apenas sobre princípios, sobre como nossa representação é de qualidade, não de quantidade. Não vamos falar apenas sobre como aqui a via é pelo diálogo, não pelo grito, como já bem esmiuçado pelo amigo Saulo, membro desta Aliança.* Vamos falar sobre como funciona a dinâmica de um Conselho Superior. No caso específico, vou falar sobre o que vi e vivi no CONSUNI.
O Conselho Universitário, instância máxima de nossa universidade, é composto por professores, servidores técnico-administrativos e estudantes (graduação e pós). Os professores, cerca de 70% dos membros, dividem-se entre membros da Reitoria (Reitor, Vice-Reitor e Decanos), Diretores das Unidades Acadêmicas, cada qual tem uma cadeira no Conselho, e professores representantes de suas UAs, eleitos por seus pares para mandatos de dois anos. Há também professores representando unidades de apoio, como a Editora e a Biblioteca Central. Técnicos e estudantes têm seus representantes eleitos por seus pares, como é o nosso caso.
Um observador corriqueiro poderia crer que o sistema gera um desequilíbrio em que professores sempre votam unidos, tratorando qualquer demanda de estudantes e técnicos. Felizmente, isso não passa nem perto da realidade. Primeiro porque são também os professores campeões em faltas. Há casos escandalosos em que alguns membros simplesmente não aparecem há meses. Regimentalmente, deveriam ter perdido seus mandatos, mas falta uma fiscalização mais dura a respeito. A Aliança tem levantado os nomes faltosos e já irá apresentar na próxima reunião alguns casos mais graves. Essas faltas desequilibram a “relação de poder prevista” e como as votações costumam ser apertadas em casos polêmicos, um grupo com 3 ou 4 votos faz toda a diferença.
Em segundo lugar, o que observei ao longo de mais de um ano de participação foi que há uma votação entrincheirada de estudantes e servidores quando eles decidem fazer valer seus mais arraigados dogmas ideológicos, cumprindo com sua profissão de fé e manifestando falta de bom senso a toda prova. O obscurantismo geralmente direciona-se contra qualquer coisa que possa parecer “ingerência do mercado” na universidade pública. Fundações são um exemplo típico. Isto é uma pena, pois leva a um descrédito deles quando poderiam contribuir demais para os casos concretos.
Felizmente, essas posições têm sido mais a exceção. Como falamos em um órgão deliberativo que tem por incumbência orientar e definir diretrizes para uma instituição de missão pré-estabelecida, os votos costumam ser orientados pela razoabilidade e o bom-senso, mesmo que discordantes. O que vemos, muitas vezes, é o voto de estudantes acompanhando os dos professores e vice-versa. Toda ponderação razoável é bem recebida pelos demais, independente da posição do orador na ordem acadêmica. Em verdade, no princípio a coisa não era bem assim. Acredito, como mero observador, que havia aí duas razões. A primeira advinha de uma péssima tradição em usar o CONSUNI como mero instrumento para referendar as decisões da Reitoria. Isto se confirma pela maneira como o órgão era tocado nas gestões Lauro Morhy e Timothy Mulholland, quando se reunia poucas vezes e como mero confirmador de decisões inferiores regimentalmente, mas superiores de fato.
A outra razão era a postura pouco equilibrada e ultra-radical de estudantes/militantes de partidos da ultra-esquerda, prontos a falar até a exaustão dos demais conselheiros, com frases prontas e raciocínios pré-fabricados. Não é necessário esforço para depreender que a eles se endereçava o desprezo e a galhofa. Infelizmente, isto apenas provocava animosidade, descrença e desconfiança entre professores e estudantes. O que a Aliança pela Liberdade, e até membros de outros grupos, que se comportam de maneira equilibrada, com ponderações inteligentes, fez foi quebrar com essa péssima tradição, aproveitando um novo momento de abertura e diálogo, iniciado na reitoria pro-tempore e incentivado na gestão do Prof. José Geraldo. É patente a receptividade que nossos posicionamentos têm entre os demais membros dos Conselhos Superiores, sejam funcionários, estudantes ou professores. Isto não se dá por sermos brilhantes, iluminados, geniais. Muito pelo contrário! Sabemos de nossas deficiências e pouco conhecimento. Mas sabemos também, e nos orgulhamos disso, que nossa posição de prestígio e respeito entre nossos pares é fruto de equilíbrio, ponderação, independência e dignidade. Não ofendemos a honra de ninguém, não berramos ou gritamos para fazer valer nosso ponto de vista, nossa perspectiva. Afinal, a vida não nos trouxe até aqui por meio de nossa estupidez, mas por meio de nosso intelecto.

*Post http://liberdadeunb.blogspot.com/2010/08/alianca-nao-e-de-luta.html

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Pela liberdade de escolha (ou O porquê do trote voluntário ser essencial)

Há alguns dias, neste mesmo Blog, foi veiculado um comentário referente ao acidente ocorrido com um calouro de Engenharia de Redes. Embora classificado pelo próprio estudante lesionado como um “acidente”, o trote seria, alguns argumentam, uma prova definitiva de que estes seriam tão somente momentos de barbárie contra indefesos calouros que se sentiriam moralmente coagidos a participar dos ritos de violência, sob a pena do ostracismo social universitário.

Pretendo tecer alguns argumentos para indicar que tal discurso não passa de soma de mito, hipérbole, preconceito e ignorância. Inicialmente, necessário é assinalar que rituais são muito importantes na vida humana. Cada experiência inédita em nossas vidas é uma pequena conquista que em geral fica marcada na memória, em graus distintos de importância. O primeiro beijo; a primeira namorada; a primeira vez que você viu seu time ser campeão; viagens e reconhecimentos de sucesso, dentre outras situações, são experiências deste tipo. Aquelas mais tradicionais (e mais importantes), acabam por serem envoltas por expectativas e rituais que consumam essa realização. Casamento, formatura do Ensino Médio e o ingresso na Universidade são marcados pela existência dessas práticas tradicionais.

O ingresso em uma Universidade Federal de ponta, hoje, é precedido por um esforço incomensurável de horas de preparação com vistas a um único objetivo. Muitas vezes sacrifica-se a vida social, o namoro e o lazer somente para conseguir alcançar a tão sonhada aprovação no vestibular. Chegado o dia da aprovação, as expectativas transformam-se em ondas de júbilo e êxtase – uma felicidade que só quem já passou pode entender. O ingresso na Universidade é marcado não somente pela sensação de sucesso, como também pela ideia de abandono da infância e ingresso na vida adulta (ou quase), com (novas) expectativas referentes a experiências que alguém só pode vivenciar no ambiente universitário.

Parece evidente, portanto, que a aprovação na UnB é um dos momentos mais importantes na vida de qualquer jovem – pelo que significa em absoluto, e pelas expectativas que enseja. De tal sorte, não é de se estranhar que os calouros queiram viver intensamente cada momento do sem-número de ineditismos que o cercam nesse momento. Nesse sentido, o trote é, portanto, um rito de celebração, um êxtase coletivo de júbilo e a garantia de que esses momentos ficarão para sempre na memória dos calouros.

Não tenho dúvidas em afirmar que a esmagadora maioria dos calouros (e me incluo nesse grupo, pois era como sentia-me quando de meu primeiro semestre) espera ansiosamente pelo trote! A imagem da sujeira das tintas, do passeio desconfortável pela então desconhecida UnB, da provocação gratuita a cursos “rivais” (no meu caso: “Eu faço REL, e sou viado; mas todo POL é REL frustrado!”) e a capacidade de rir de si mesmo, dos colegas e do ridículo da situação é inesquecível – e uma verdadeira lição de vida.

Parece-me óbvio que os veteranos podem facilitar a vida dos calouros e devem tomar algumas atitudes essenciais. Podem avisar o dia do trote, para que os calouros tragam roupas velhas para participar da sujeira. O voluntarismo, naturalmente, é imperativo. Não consigo aceitar o argumento de haver “coação moral implícita” evidenciada pela “exclusão social” dos ausentes. Minha experiência mostra-me que capacidade de socialização é algo muito caro a cada pessoa e que, assim como a participação no trote não é garantia de popularidade, a ausência do trote não significa ostracismo. Conheço gente que não participou do trote exerceu liderança em seus cursos – ou seja, isso é mais percepção que realidade.

Até entendo que alguns calouros possam acreditar nisso – assim como acreditam, também, que se você pegar qualquer matéria fora do fluxo de seu curso o “sistema” vai, de algum modo, marcá-lo para sempre e você nunca mais conseguirá qualquer matéria no MatriculaWeb! A mudança dessas percepções é também parte da vivência universitária e do amadurecimento inerente à passagem dos estudantes na UnB!

Você, formando, pode até achar trote uma coisa idiota. Para a maioria dos calouros, entretanto, é um ritual/marco/memória/momento muito importante em que se vai espontaneamente celebrar o sucesso e a alegria. Se você é contra trote, não participe. Não queira, contudo, impor sua visão de mundo sobre todos os outros. Não seja paternalista e autoritário: deixe com que outros escolham, por si só, se querem ou não participar dos ritos de iniciação Universitária.

Carlos Góes, 23, é estudante do 8º semestre de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, Representante Discente no Conselho Universitário da UnB e membro fundador da Aliança pela Liberdade.

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