quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Para além dos votos


*Por Carlos Góes
"Há um terreno superior ao das dissensões políticas em que espíritos de igual tolerância, de igual elastério, de igual patriotismo, podem e devem sempre colaborar uns com os outros, no interesse comum do país; esse terreno pertence a líderes de opinião, como Rui Barbosa, alargar cada vez mais, e dar-lhe a força e a consistência do granito. Creia-me com todos os meus velhos sentimentos de confraternidade liberal, amizade e admiração, Joaquim Nabuco". (14 de maio de 1899)

A Aliança pela Liberdade foi eleita para o Diretório Central dos Estudantes da Universidade de Brasília com 1280 votos. Mas existem coisas que são mais importantes que os votos: os princípios. É por nossos princípios que, muitas vezes, fomos perseguidos pelos membros do velho movimento estudantil. É pelos mesmos princípios que somos tão estranhos a esse ambiente.

Somos, de fato, o “patinho feio” do movimento estudantil. E somos isso por nos recusarmos a compactuar com o velho modo de tratar os assuntos da Universidade. Rejeitamos o controle da políticas estudantil por partidos políticos, rejeitamos as velhas bandeiras, rejeitamos as estruturas decisórias fascistas utilizadas, em que 100 pessoas "de luta" decidem por 33.000 estudantes. Isso nos faz diferentes. Recordemo-nos de nossos princípios.
Somos estudantes como VOCÊ, cansados do marasmo do movimento estudantil atual - dominado por velhos bordões ideológicos que nada dizem. Somos estudantes de dentro da sala de aula, que não se vêem representados por grupos ligados a partidos políticos e que esquecem até mesmo que Muro de Berlim caiu - continuam a gritar: Fora FMI!, Fora pelegos!, Fora Todos!

Somos estudantes que se preocupam com o dia-a-dia daqueles estudantes que querem fazer seu papel: estudar, refletir, debater, contestar, criticar as ideias pré-formatadas. Somos estudantes que se focam na resolução de problemas cotidianos e na melhoria da vida de cada um.

Somos estudantes que acreditam na supremacia de direitos e liberdades individuais, na defesa das minorias, no respeito aos direitos fundamentais da pessoa humana, no Estado de Direito, na igualdade de todos perante à lei e no direito inalienável que cada indivíduo tem de escolher seu próprio destino.

Somos estudantes que dão valor à LIBERDADE!
Foi sob esse espírito que criamos o grupo. Não foi para querer "combater o mal"; ou para "acabar com os comunistas". Foi, ao contrário, para mostrar que podemos fazer política estudantil com base em princípios. Juntamo-nos em Aliança trazer uma mensagem de ânimo para os estudantes da UnB. Todo o descrédito e perda de legitimidade que os grupos tradicionais têm com os estudantes-que-estudam mostram que a nossa indignação é compartilhada por muitos.

Vamos lembrar desse nosso objetivo original: levamos uma mensagem de ânimo. A Aliança não é e nunca será um projeto de poder, mas é verdadeiramente um projeto de potência. Estamos na UnB para exibir nossas propostas, para defender nossos princípios, para mostrar que existe um grupo na UnB que está mais preocupado com a qualidade da pesquisa, dos professores e com os interesses dos estudantes do que com sair no Correio Braziliense ou do que apoiar piquetes e greve violenta.

A quantidade de votos que tivemos, sinceramente, é algo secundário. É óbvio que ganhar votos é importante, mas os votos só serão verdadeiros, só serão relevantes, se não sacrificarmos nossos princípios. Se os que nos xingam jogam sujo, não vamos fazer o mesmo. Se têm partido, não teremos nós mesmos essa subordinação. Se mentem, não seremos nós a mentir.

Na clássica referência de um ícone cultural contemporâneo, é pelo poder da verdade que, enquanto vivemos, podemos conquistar o universo. Falemos de tudo. Falemos das vinculações partidárias, dos desvios de finalidade, falemos da preocupação midiática. Mas, lembrando do ano passado, em histórico discurso do nosso ex-Presidente da Aliança, vamos endurecer, mas sem perder a ternura - que é como eles gostam. Joguemos duro, mas NÃO joguemos sujo nunca.

A Aliança trabalhou muito e agora logra os frutos da vitória, graças ao espírito livre dos estudantes da UnB. Mas devemos, sempre, recordar a todos daquilo que realmente somos, desde nossa fundação. Daquilo que não podemos nunca deixar de ser.

Esses princípios são maiores que votos. Esses princípios são ideias, são potência. E essas coisas vivem para sempre. Obrigado, antes de tudo, não por ter escolhido a nós, mas por ter escolhido estes princípios.

*Carlos Góes é membro fundador da Aliança pela Liberdade, bacharel em Relações Internacionais pela UnB e mestrando em Economia Internacional pela Johns Hopkins University.

8 comentários:

Deco disse...

Lembrando que a referência não é ao ex-Presidente da República, mas da Aliança.

Anônimo disse...

Parabéns pela eleição. Vocês merecem!

Criem boas instituições, para que a volta do populismo no movimento estudantil e a cooptação por partidos políticos não aconteçam.

Estreitem os laços com toda a sociedade: cidadãos, empresários, setor público, etc. Todos precisam da Universidade.

Ruim é um DCE que rejeita uma parte da sociedade, empresários (por exemplo), por pura ideologia.

As boas instituições não são apenas o parlamentarismo com os CAs, etc. As boas instituições são aquelas em que o futuro das eleições do DCE não dependa apenas de estudantes engajados.

A oposição será muito forte, mas tenham coragem! Envolvam a maioria desorganizada contra a minoria organizada! Esse é o maior desafio de vocês!

A comunicação com todos os alunos é importatíssima. Já fui aluno da UnB e hoje sou professor. Estou orgulhoso do que vocês fizeram e da mudança de ares na Universidade.

Parabéns!

Anônimo disse...

Há muito a fazer, mas o primeiro passo foi dado. Ótima plataforma, mas preparem-se para serem atacados pelos stalinistas da UnB, incluindo o Zé Geraldo.

Parabéns de um ex-aluno da UnB.

Paulo cezar disse...

Como ex-aluno da Unb venho parabenizá-los pela vitória.

Nos meus tempos de universidade conheci na pele a ideologia radical que dominava o DCE.

Desejo-lhes uma boa sorte e que o poder não suba na cabeça de vocês.

Desejo que vocês sejam capazes de pragmatismo, como dizem suas palavras, e expulsem o dogmatismo que reinou até agora.

Qualquer dogma é ruim e afasta o DCE da realidade dos estudantes, seja o dogma liberal ou socialista !

Portanto pragmatismo é a palavra de ordem.

Boa sorte !

Míriam Martinho disse...

Pessoal,

soube da vitória de vocês pela imprensa e queria cumprimentá-los pela façanha. Toda a força, e repassem sua experiência para outras universidades brasileiras. Estão todas necessitadas de LIBERDADE, nos termos em que defendem. Parabéns!

Anônimo disse...

Parabéns!

Ítalo Candido de Oliveira disse...

"vamos endurecer, mas sem perder a ternura"

Que eu me lembre o último que disse tais palavras "doces"mandava a sangue frio os que apenas ousavam discordar do seu posicionamento para o paredão.

Góes disse...

Ítalo, a frase é uma ironia às chapas de esquerda da UnB. A gente dizia que ia endurecer, mas sem percer a ternura - que é como eles gostam.

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