Matéria do jornal O Estado de São Paulo publicada no dia 7 de novembro apresenta um interessante diagnóstico sobre a Educação no Brasil. O editorial se baseia em um estudo feito pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e conta com comentários de grandes especialistas em educação do país.
O que mais me chamou a atenção foi tanto a péssima qualidade do ensino no Brasil, como a péssima gestão dos recursos públicos. O Brasil obtém resultados muito aquém do montante de gastos, se comparado a países da América Latina. Como diz a reportagem: "Entre 1999 e 2008, o poder público do Brasil gastou US$ 978 anuais por estudante, resultando em uma média de 6,1 anos de estudo da população. Sete nações latino-americanas (Uruguai, Bolívia, El Salvador, Peru, Paraguai, Nicarágua e Equador ) gastaram em média 7,4% a mais que o País (US $ 1.050 por estudante), mas a escolaridade da população ficou 35,2% superior à brasileira".
Conforme o exame internacional Pisa, que avalia os conhecimentos e habilidades de alunos com 15 anos de idade, o Brasil ocupa a 52ª posição. Outro problema é que gastamos proporcionalemente muito com o Ensino Superior em relação ao ensino básico. Países que conseguiram um ingresso para o clube dos desenvolvidos, como a Coreia do Sul, adotaram estratégia distinta da nossa. Primeiro eles se esforçaram para expandir o ensino e depois se empenharam na melhoria da qualidade. O foco do processo era o ensino básico para depois priorizar o ensino superior.
No Brasil, optamos por elevar os gastos com ensino superior, o que não é execrável obviamente. O problema é que os recursos são limitados e o dinheiro gasto nas universidades públicas hoje, deixa de ser gasto no ensino básico público. Com isto, os estudantes mais pobres tem uma educação básica pior e, consequentemente, ficam de fora do Ensino superior público. Trocando em miudos, por mais bem intencionado que seja nossa estratégia, ela se revela bastante elitista, pois direciona subsídios da educação a estudantes de classe média, deixando desamparados aqueles que de fato precisam do auxílio do Estado. Talvez por essa razão muitos países europeus cobrem anuidade em suas universidades públicas, isentando aqueles que origem humilde.
Quanto a má gestão do recursos, eu posso falar como alguém que estudou um período em escola pública. A qualidade do ensino precisaria melhorar muito para ser chamada de vergonhosa. Os professores faltam demais, há o problema da indisciplina na sala de aula, há complacência nas avaliações, não se cumpre o conteúdo programático e daí em diante. Ilude-se aquele que aponta salários baixos e estrutura física ruim como sendo os principais problemsa. No DF, por exemplo, os professores ganham muito bem e nem por isso temos algum resultado a comemorar.
Em suma, precisamos de cidadãos mais ativos, de mais capital social, para que os usuários das políticas públicas ajudem a superar nossa tradição de ineficiência. Já esperamos muito tempo que boas iniciativas partam dos governantes, mas a verdade é que ou elas não vieram ou trouxeram avanços muito tímidos.
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O texto foi escrito por Saulo Maia, estudante do oitavo semestre do curso de História e as análises aqui expressadas não necessariamente representam a posição da Aliança pela Liberdade.
Um comentário:
Como diria cartaz veiculado pelo Correio Braziliense de hoje, "E nem deu certo de novo!!!"
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