quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O debate, o equilíbrio e a realidade


Estava buscando algum tema para abordar na postagem de hoje e eis que me veio à cabeça falar sobre algo essencial, algo que diz respeito à finalidade central deste grupo: representar os estudantes da Universidade de Brasília. Mas hoje não vamos falar apenas sobre princípios, sobre como nossa representação é de qualidade, não de quantidade. Não vamos falar apenas sobre como aqui a via é pelo diálogo, não pelo grito, como já bem esmiuçado pelo amigo Saulo, membro desta Aliança.* Vamos falar sobre como funciona a dinâmica de um Conselho Superior. No caso específico, vou falar sobre o que vi e vivi no CONSUNI.
O Conselho Universitário, instância máxima de nossa universidade, é composto por professores, servidores técnico-administrativos e estudantes (graduação e pós). Os professores, cerca de 70% dos membros, dividem-se entre membros da Reitoria (Reitor, Vice-Reitor e Decanos), Diretores das Unidades Acadêmicas, cada qual tem uma cadeira no Conselho, e professores representantes de suas UAs, eleitos por seus pares para mandatos de dois anos. Há também professores representando unidades de apoio, como a Editora e a Biblioteca Central. Técnicos e estudantes têm seus representantes eleitos por seus pares, como é o nosso caso.
Um observador corriqueiro poderia crer que o sistema gera um desequilíbrio em que professores sempre votam unidos, tratorando qualquer demanda de estudantes e técnicos. Felizmente, isso não passa nem perto da realidade. Primeiro porque são também os professores campeões em faltas. Há casos escandalosos em que alguns membros simplesmente não aparecem há meses. Regimentalmente, deveriam ter perdido seus mandatos, mas falta uma fiscalização mais dura a respeito. A Aliança tem levantado os nomes faltosos e já irá apresentar na próxima reunião alguns casos mais graves. Essas faltas desequilibram a “relação de poder prevista” e como as votações costumam ser apertadas em casos polêmicos, um grupo com 3 ou 4 votos faz toda a diferença.
Em segundo lugar, o que observei ao longo de mais de um ano de participação foi que há uma votação entrincheirada de estudantes e servidores quando eles decidem fazer valer seus mais arraigados dogmas ideológicos, cumprindo com sua profissão de fé e manifestando falta de bom senso a toda prova. O obscurantismo geralmente direciona-se contra qualquer coisa que possa parecer “ingerência do mercado” na universidade pública. Fundações são um exemplo típico. Isto é uma pena, pois leva a um descrédito deles quando poderiam contribuir demais para os casos concretos.
Felizmente, essas posições têm sido mais a exceção. Como falamos em um órgão deliberativo que tem por incumbência orientar e definir diretrizes para uma instituição de missão pré-estabelecida, os votos costumam ser orientados pela razoabilidade e o bom-senso, mesmo que discordantes. O que vemos, muitas vezes, é o voto de estudantes acompanhando os dos professores e vice-versa. Toda ponderação razoável é bem recebida pelos demais, independente da posição do orador na ordem acadêmica. Em verdade, no princípio a coisa não era bem assim. Acredito, como mero observador, que havia aí duas razões. A primeira advinha de uma péssima tradição em usar o CONSUNI como mero instrumento para referendar as decisões da Reitoria. Isto se confirma pela maneira como o órgão era tocado nas gestões Lauro Morhy e Timothy Mulholland, quando se reunia poucas vezes e como mero confirmador de decisões inferiores regimentalmente, mas superiores de fato.
A outra razão era a postura pouco equilibrada e ultra-radical de estudantes/militantes de partidos da ultra-esquerda, prontos a falar até a exaustão dos demais conselheiros, com frases prontas e raciocínios pré-fabricados. Não é necessário esforço para depreender que a eles se endereçava o desprezo e a galhofa. Infelizmente, isto apenas provocava animosidade, descrença e desconfiança entre professores e estudantes. O que a Aliança pela Liberdade, e até membros de outros grupos, que se comportam de maneira equilibrada, com ponderações inteligentes, fez foi quebrar com essa péssima tradição, aproveitando um novo momento de abertura e diálogo, iniciado na reitoria pro-tempore e incentivado na gestão do Prof. José Geraldo. É patente a receptividade que nossos posicionamentos têm entre os demais membros dos Conselhos Superiores, sejam funcionários, estudantes ou professores. Isto não se dá por sermos brilhantes, iluminados, geniais. Muito pelo contrário! Sabemos de nossas deficiências e pouco conhecimento. Mas sabemos também, e nos orgulhamos disso, que nossa posição de prestígio e respeito entre nossos pares é fruto de equilíbrio, ponderação, independência e dignidade. Não ofendemos a honra de ninguém, não berramos ou gritamos para fazer valer nosso ponto de vista, nossa perspectiva. Afinal, a vida não nos trouxe até aqui por meio de nossa estupidez, mas por meio de nosso intelecto.

*Post http://liberdadeunb.blogspot.com/2010/08/alianca-nao-e-de-luta.html

4 comentários:

Anônimo disse...

Só me digam uma coisa,do começo do post??
Como vocês querem "representar os estudantes da Universidade de Brasília" se vcs só sabem do que acontece na FA??Vcs conhecem alguém da FS,FE,FT,gama,ceilância,etc??Não se iludam o grupo de vcs serve para se representar e nada mais,o que não deixa de ser algo saúdalvel.Porém não se iludam e achem que saibam das demandas de todos os estudantes,pois realmente a UnB é maior que Consuni,Cade,Cepe,FA e ICC norte!!

abs

Deco disse...

E quem disse que só conhecemos gente na FA? Vc diz isso de ouvir dizer, não é? Tudo bem. As pessoas também vem aqui p/ aprender.

A AL tem membros na FT,FS,FE,Gama, Eco, ADM, IH, ICS... e a lista continua. Informado?

Um abraço!

Anônimo disse...

pois é...

tava na hora de divulgar então....

pois pelo menos aqui na fe esse pessoal continua atuando na escuridão...

Deco disse...

Certamente! Nossa agenda está organizada para isso. Sabemos da ENORME capacidade de adesão que nosso grupo tem em diversas Unidades Acadêmicas. O que nos falta é organização e pessoal para isso, mas estamos indo aos poucos e crescendo. O funcionamento crescente de nosso blog é um exemplo.

Obrigado pela visita!

Blog da Liberdade