quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Por uma UnB Segura


*Por Davi Brito

Furtos, depredações, assaltos, tentativas de sequestros e até estupros. É com espantosa frequência que estudantes de nossa universidade se queixam e se mobilizam para tentar amenizar os efeitos dessas ocorrências. O mais inacreditável é que esta realidade se mantém, e se agrava, através dos anos e gestões. Mesmo com toda a comunidade acadêmica submetida a tal insegurança, até hoje não foram tomadas medidas eficazes.

 A insegurança é um problema que afeta a todos que frequentem um dos campi, inclusive àqueles que não fazem parte da comunidade acadêmica. Hoje, o campus Darcy Ribeiro é responsável pela maior parte da criminalidade na Asa Norte. Não há meios de uma universidade alcançar sua plena capacidade de ensino, pesquisa e extenção se as pessoas que circulam na universidade e atráves dela não têm segurança. 

 Frente a este cenário, o que esperamos de nosso próximo reitor é objetividade, sem demagogias e politicagens. O problema é latente e temos que combatê-lo. Elencamos 10 pontos que não devem ser olvidados para que tudo seja efetivamente resolvido. 

 01. Batalhão Universitário (ou Policiamento Cidadão Universitário)
O policiamento nos campi é necessário, mas, não menos importante, é o cuidado para que tal proteção não ameace a liberdade de expressão e pensamento, que é um dos pilares da criação acadêmica. Na Audiência Pública sobre Segurança na UnB realizada na Câmara Legislativa do DF no dia 16 de março deste ano, pelo DCE, sugerimos a criação de um Batalhão Universitário, uma seção do corpo da polícia do DF que será treinada especificamente para lidar com o público universitário. Ou seja, além do treinamento para prevenir crimes, os policiais estarão preparados também para tratar devidamente as diferentes facetas da comunidade acadêmica. O Decanato de Assuntos Comunitários e os estudantes, desde março, estão se movendo e dialogando com os órgãos governamentais responsáveis para concretizar a medida supracitada. Entretanto, se realmente queremos que o policiamento universitário seja um exmplo a ser seguido, esse diálogo tem que ser perene e comprometido, sendo levado a cabo por todos os segmentos de nossa universidade e protagonizado pela administração superior da Universidade.

 02. CONSEGs (Conselho Comunitário de Segurança da UnB) 
A atenção que a atual administração tem dado a este Conselho promete gerar excelentes resultados. Contudo, seu funcionamento é de longo prazo e merece atenção contínua, além de maior publicidade de suas ações e resultados. Deve-se fortalecer a presença dos CONSEGs nos campi avançados.

 03. Câmeras 
Não precisamos apenas de câmeras, mas de pessoal qualificado para operá-las, uma rede elétrica que as suportem e uma comunicação veloz e eficiente com os corpos policiais para que infrações sejam impedidas.
  
04. Devida atenção à CoPP 
A Coordenadoria de Proteção ao Patrimônio cuida da segurança de nossa universidade, mas padece da falta de inúmeros materiais básicos, como até mesmo lanternas para rondas noturnas e livros de ocorrências. Não raro, a CoPP não tem autonomia para tomar medidas essenciais à nossa segurança. 

 05. Conscientização
Muitos dos problemas recorrentes nos campi poderiam ser evitados se os indivíduos tomassem um pouco mais de cuidado, deste modo, se fazem imperativas camapanhas educativas sobre o tema. Tão importante quanto é saber como proceder se presenciar uma ocorrência e o que deve ser feito após ela.

 06. Iluminação e áreas descampadas
Locais ermos e escuros são um convite ao crime e abundam na UnB. No campus Darcy Ribeiro, há matagais altos em caminhos que os estudantes fazem até as principais vias, inúmeros estacionamentos carecem do mínimo de iluminação necessária e existem várias localidades desertas. Aumentar a movimentação em certas áreas é recomendável, dar manutenção aos caminhos feitos pelos alunos é imprescindível e melhorar a iluminação é o mínimo que podemos esperar da nova gestão.

 07. Defesa Civil 
Muitos dos prédios da UnB não seguem as normas de segurança pública estabelecidas pelos bombeiros, o mais evidente deles é o ICC. A falta de extintores e outras precauções já foi motivo de reportagens e denúncias, mas a situação permanece colocando milhares de vida em risco todos os dias. 

 08. Estreita comunicação com os corpos policiais 
O dever de nossos seguranças é a proteção patrimonial, todo o resto cabe às estruturas estatais já existentes. Por este motivo nossa segurança interna, que conhece bem a UnB, deve ter o mais fácil e rápido contato com a polícia, de modo que qualquer ocorrência possa ser atendida tempestivamente.

 09. Quatro Campi 
A UnB é uma única universidade, mas tem 4 campi. Toda estrutura disponível ao Darcy deve ser igualmente disponível aos outros 3 campi. A mobilidade é um problema recorrente, mas há também peculiaridades que devem ser constantemente averiguadas em cada local. 

 10. Trânsito e mobilidade
A falta de iluminação e sinalização de trânsito oferece sérios riscos a vida da comunidade. Pouquíssimos alunos consideram a possibilidade de locomoção por bicicletas porque não há locais seguros para guardá-las e nem caminhos adequados para utilizá-las. O incentivo ao uso de bicicletas, além de todas as outras vantagens, pode diminuir os acidentes de trânsito, diminuir a superlotação dos estacionamentos e aumentar a circulação de pessoas, tornando nossa universidade um local mais seguro.

 *Davi Brito, é graduando em Direito e ex-presidente da Aliança pela Liberdade.

domingo, 12 de agosto de 2012

Greve: Estamos no fim?/ Instituto de Ciência Política pede fim da paralisação/ Vamos calcular?



*Por Mateus Lôbo

Há quantos dias a Universidade está em greve? Também perdi a conta, mas um fato é verdade: os dias já são meses!

A greve é um direito constitucional e não serei eu a dizer aos nossos docentes quando voltarem ou não dela. Cada categoria com seus direitos, com seus deveres. Não obstante o movimento grevista ainda seja forte e não haja uma perspectiva concreta de quando voltaremos à normalidade acadêmica, já há indícios dentro da nossa Universidade de que algo pode mudar em breve.

Em 27 de julho, a diretoria da Associação de Docentes da Universidade de Brasília (ADUnB) divulgou nota em que sugeria o fim de greve. Dizem trechos do documento:

A diretoria da ADUnB entende que a proposta enviada pelo governo representa um  avanço significativo em relação à proposta anterior. (...) A proposta (...) não é a ideal, mas é importante perguntar se é possível obter mais dado o cenário econômico atual.

Além disso, no fim da semana passada o Instituto de Ciência Política, em atitude inédita entre as Faculdades e Institutos da Universidade de Brasília nesta greve, divulgou nota conclamando a retomada as salas de aula e o término da paralisação:

Os professores do Instituto de Ciência Política consideram que já obtivemos conquistas importantes com nosso movimento e que portanto é hora de retomar as salas de aula e terminar a greve. Para isso, conclamamos os demais colegas para comparecerem às assembleias da ADUnB e votar a favor do término da greve.

Os indícios estão dados, agora nos resta esperar e torcer para quando voltarmos às aulas não sejamos, mais uma vez, os maiores prejudicados! Até lá, vamos sabendo dos nossos destinos pela "Calculadora da Greve", desenvolvida pelo estudante João Paulo Apolinário Passos de Ciência da Computação - UnB.

*Mateus Lôbo é graduando em Ciência Política e representante discente no Conselho Universitário (CONSUNI) da Universidade de Brasília. É o atual Presidente da Aliança pela Liberdade.

O conteúdo deste texto é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião da Aliança pela Liberdade.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Radiografia dos salários do funcionalismo público

Nosso membro fundador, Carlos A. B. Góes, hoje pesquisador de economia latino-americana na Johns Hopkins University, publicou este excelente artigo no Valor Econômico
Como aperitivo e em tempos de greve: 

"Contudo, é difícil argumentar em favor de salários ainda maiores para um funcionalismo público que ganha, na média, quase 75% mais do que o resto da sociedade que o sustenta.

Íntegra do artigo:

Radiografia dos salários do funcionalismo público  

Por Carlos A. B. Góes
                                
No último mês, notícias sobre mobilizações de greves nacionais ocuparam lugar de destaque na imprensa. Os professores e técnicos das universidades federais interromperam seus trabalhos. O mesmo ocorreu com os servidores do ensino técnico e tecnológico. Até mesmo os funcionários do Itamaraty - assistentes e oficiais de Chancelaria e alguns diplomatas - que tradicionalmente não entram em greve cruzaram os braços.
O aumento no número de greves de servidores públicos é um fenômeno generalizado no país. Segundo dados do Dieese, entre 2007 e 2011 as greves no setor público aumentaram 138%. Seria de se esperar que essa diferença fosse explicada por uma estagnação nos salários do funcionalismo público num passado recente. Entretanto, uma análise desses números nos mostra que o salário real dos funcionários públicos - isto é, já corrigido pela inflação - aumentou 28,2% desde 2003, com uma aceleração a partir de 2005.
Contra-intuitivamente, períodos de aumentos significativos no salário real foram seguidos de um crescimento no número de greves. Ao invés de uma curva de satisfação e acomodação com os ganhos reais, a forte correlação entre o número de greves que se seguem a períodos de aumento no salário real parece apontar para uma curva de aprendizado: como se os sindicatos percebessem que sua estratégia está funcionando e intensificassem suas ações em busca de ganhos ainda maiores.
Esse fenômeno vem criando uma distorção entre os níveis de ganho salarial entre os setores público e privado da economia. No setor privado, os aumentos no salário real estão limitados pelos ganhos de produtividade (em economês, limitados pelo "produto marginal do trabalho") e pelo poder de barganha de firmas e sindicatos na negociação salarial. No setor público a medida de produtividade não é objetiva e a relação entre o empregador - o governo - e os sindicatos tem idiossincrasias políticas mais complexas. Em contraste com os 28,2% de ganhos reais no setor público citados acima, desde 2003, os salários reais no setor privado cresceram 6,9%. Isso significa dizer que o crescimento relativo dos rendimentos reais do setor público foi quatro vezes maior que o do setor privado.
Tal situação se torna um problema quando se considera que os salários do setor público, ao começo da década, já eram maiores que os do setor privado. Como a maior parte da população é remunerada no setor privado, isso significa que o funcionalismo público tem tornado-se cada vez mais parte da elite econômica. Por exemplo, o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes) reivindica em suas negociações de greve um salário mensal de R$ 22.633,92 para professores titulares das universidades federais. Se os salários reinvindicados se tornarem realidade, isso significará que esses professores terão uma renda maior do que a de 99,5% da população brasileira. Com toda a deferência necessária à nobre arte do magistério, a transferência de renda para aqueles que constituem 0,5% mais abastado do país parece difícil de ser justificada como objeto de qualquer política pública.
O hiato entre a renda média do funcionalismo público e a renda média dos demais trabalhadores brasileiros tem aumentado fortemente na última década. Tomando como base dados da Pesquisa Mensal de Empregos do IBGE, é possível verificar que, durante o ano de 2003, um funcionário público ganhou mensalmente, em média, R$ 602 a mais que um trabalhador do setor privado. Já em 2011, essa diferença aumentou para R$ 1164. Além disso, estudo recente da PUC-Rio aponta que, quando considerados salários e rendimentos com aposentadorias, a vantagem para o funcionalismo público torna-se prevalente para todos os níveis de escolaridade - de trabalhadores sem educação formal àqueles com pós-graduação. Como os funcionários públicos ganham mais que a média, o aumento dessa diferença constitui objetivamente uma política de concentração de renda.
A atual tendência funciona como forte atrativo para que mais pessoas saiam do setor privado e busquem os maiores salários e benefícios do setor público. Segundo a Associação Nacional de Proteção e Apoio aos Concursos (Anpac), associação formada por cursos preparatórios para concursos, cerca de 11 milhões de pessoas se candidataram a vagas no funcionalismo público em 2011. E, julgando pela atual conjuntura, não existe perspectiva de mudança nesse cenário. À medida que os trabalhadores mais capacitados deixam o setor privado, menores tenderão a ser, no longo prazo, as perspectivas de crescimento da produtividade da economia.
Não há dúvidas de que o país precisa de funcionários públicos capacitados e justamente remunerados que ajudem a minimizar as ineficiências da gestão governamental e combater a corrupção. Contudo, é difícil argumentar em favor de salários ainda maiores para um funcionalismo público que ganha, na média, quase 75% mais do que o resto da sociedade que o sustenta. Uma radiografia dos salários no setor público revela, portanto, uma política que concentra renda, drena talentos dos setores produtivos e, por questões políticas, garante aumentos reais maiores do que os ganhos médios de produtividade do país - minando as bases de seu crescimento no longo prazo.

Carlos A. B. Góes é pesquisador de economia latino-americana vinculado à Universidade Johns Hopkins.

domingo, 5 de agosto de 2012

Carta aos Reitoráveis



Prezados reitoráveis,

Há quatro anos, como hoje, nossa Universidade estava em processo de escolha do seu novo Reitor; após período de grave crise institucional, quando diversas irregularidades da gestão Timothy Mulholland se tornaram públicas. Em 2008 o escolhido para ser o nosso dirigente máximo foi o professor José Geraldo de Sousa Júnior. 

Naquela oportunidade esta Aliança pela Liberdade ainda não existia. Foi em 2009 que a Aliança deu os seus primeiros passos, movida pela certeza de seus fundadores de que era necessária uma Universidade excelente, plural e meritocrática, pois só assim superaríamos o esfacelamento institucional que abatia a Universidade de Brasília naqueles tempos.

Desde então, temos participado das discussões fundamentais da nossa Universidade, as quais não foram poucas, tampouco fáceis. Entretanto, se há o bom combate, por que não tomar parte? Assim, passados 4 anos desde o último processo de escolha do Reitor da UnB, tornamos público à Universidade de Brasília aquilo que esperamos do nosso próximo Reitor ou Reitora:

* Assistência estudantil de qualidade, auxiliando o estudante social e economicamente vulnerável. O quadro discente das universidade brasileiras é formado principalmente pelas classes abastadas, resultado da desigualdade de renda do nosso país. Necessário, portanto, amparar os estudantes em vulnerabilidade socioeconômica para  permanecerem no ensino superior público, o que tende a diminuir a evasão e proporciona oportunidade de ascensão social àqueles que jamais poderiam fazê-lo senão por meio da educação.

* É essencial uma UnB que não seja vítima da violência e não banalize a constante agressão ao nosso patrimônio e à nossa dignidade. Não somos intocáveis e devemos nos sujeitar aos mesmos direitos e deveres da sociedade que nos custeia. A presença de um Batalhão Universitário, juntamente com uma política de segurança interna, em todos os campi, é fundamental para permitir um ambiente seguro ao desempenho de nossas atividades cotidianas dentro da Universidade. Entendemos que a ausência de ambos é um convite ao crime.

* A universidade deve investir na inclusão de pessoas com necessidades especiais com espaços acessíveis para todos, combate ao preconceito e incentivo da gentileza. E deve servir de exemplo para a sociedade. Por desleixo, há detalhes deixados de lado, o que prejudica o desempenho destes estudantes, tirando lhes a igualdade de condições.

* Deve-se evitar ao máximo a interrupção parcial ou total de atividades acadêmicas por fatores técnicos ou naturais com ações preventivas de manutenção e planejamento a longo prazo. Além disso, deve-se procurar acordos e estudos com as autoridades competentes para melhorar o transporte público dentro dos campi.

* Os campi devem conscientizar seus alunos a respeito do consumo de energia elétrica, água, papel e outros recursos. É preciso procurar mais eficiência em todos os espaços da universidade, pois gasta-se dinheiro devido ao desperdício, que é inadmissível quando consideram-se tecnologias existentes para reduzí-lo.

* É essencial uma administração que busque todas as formas de financiamento para pesquisas, ensino e projetos de extensão, sem depender exclusivamente dos recursos da União, com uma política de captação de recursos moderna e transparente.  A nossa Universidade possui tradição e estrutura institucional para tanto. Uma instituição que não busca formas alternativas de captação de recursos escolhe o fracasso e não a produção de ponta.

* A gestão deve ser compartilhada, mas isso não é justificativa para a omissão institucional. Em outras palavras, o reitor continua a ser o reitor. Instituições são movidas por regras e padrões de convivência. Caso contrário, prepondera o autoritarismo em vez do pleno exercício das competências de cada membro da comunidade acadêmica.

* A Universidade de Brasília necessita de um Parque Cientifico e Tecnológico (PCTec) e a omissão é mutilar a instituição e podar o futuro de muitos, especialmente os mais pobres. Omitir-se nesse projeto implica em deixar de contribuir para o desenvolvimento econômico e social tanto do DF como do país. A Universidade é o ambiente mais apropriado para a inovação tecnológica, ao lado da pesquisa e dos mais renomados doutores presentes em nosso quadro. Portanto, não devemos desperdiçar o enorme potencial dessa iniciativa a favor de nossa comunidade e da sociedade brasileira. 

* A UnB precisa de mais gestão e menos discurso somado a inapetência administrativa. Uma instituição de nível internacional se faz com ação, com uma política de longo prazo que valorize a excelência acadêmica e a pluralidade de ideias e não com a eloqüência de discursos vazios, que apenas escondem ineficiência administrativa trajada de vanguarda.

* Maior investimento em pesquisa e facilidade em enquadrar novos docentes nos programas de pós-graduação, tornando a UnB um pólo de atração dos melhores cérebros do país, tal como fazem USP e UNICAMP. Do tripé que forma a base acadêmica de uma universidade deve-se conceder atenção especial à pesquisa de ponta e qualificada, devido aos efeitos positivos no quadro docente, no ensino e na extensão. É necessário, pois, que a universidade se torne pólo de atração aos novos professores do país, além de lhes proporcionar condições necessárias à pesquisa e a participação nos melhores programas de pós-graduação do Brasil.

* É essencial uma Administração que faça os Conselhos Superiores não só funcionarem, mas funcionarem adequadamente, ou seja, não sejam uma reunião para longos e inúteis discursos. Com uma leitura rápida das normas da UnB, podemos entender a relevância dos Conselhos. A boa atuação deles é o que de fato decidirá os caminhos e o sucesso de nossa Universidade. Conselhos que funcionem de forma produtiva e responsável podem e devem servir como freio para gestões parasitárias, partidárias e ineficazes. E, por outro lado, devem servir como inspiração para que a Administração Superior da UnB irrigue suas políticas e realizações com o anseio crítico da comunidade.

* É essencial uma Administração que promova maior sinergia entre os campi da UnB e com a sociedade, procurando valorizar e promover os estudantes dos novos campi. Nós estamos em uma Universidade multicampi, que deve estar inteira em todos eles. É uma realidade que não pode esperar tanto! Os outros campi não devem depender do Darcy Ribeiro, seja para RU, BCE ou assuntos burocráticos. Não é razoável existir dificuldades à integração entre os Campi. Além disso, a  mobilidade acadêmica e física deve ser garantida.

* A UnB precisa ter uma política de internacionalização mais abrangente e eficiente. Nenhuma Universidade que almeje estar entre as melhores pode se abster de realizar todos os esforços possíveis para se inserir no ambiente internacional. A pesquisa talvez seja uma das atividades humanas mais internacionalizadas da atualidade e não poderia ser diferente, à medida que esta é a atividade que concentra os maiores especialistas do mundo em torno de um dado tema. Uma Universidade que produz pesquisa de excelência e ensina com excelência, estende-se sobre a sociedade também com excelência. 

* A Universidade precisa de uma Secretaria de Comunicação cuja direção seja nomeada pelo Conselho Superior (CONSUNI) e não mais pela Reitoria. Não podemos mais conviver com o uso político da Secretaria de Comunicação da Universidade, que, em vez de servir a comunidade, corre o risco de servir como meio de propaganda das pautas e pontos de vistas da Reitoria.

* A UnB precisa ser pioneira na realização de pesquisas de avaliação com egressos. Uma Universidade só alcançará excelência se conseguir formar egressos que aproveitem ao máximo sua formação acadêmica na vida profissional. Daí a necessidade da Universidade acompanhar como o estudante que saiu recentemente de seus bancos avalia a formação recebida. Sem esse tipo de informação, será impossível aperfeiçoar os cursos e corrigir eventuais falhas para os que ainda estão na graduação.

* Uma instituição aparelhada é um Partido Político e não uma Universidade. Uma instituição que se permita influenciar por pautas partidárias atenta contra si mesma, no sentido de que se expõe ao risco real de abrir mão de seu livre pensamento. 

*A administração não pode tolerar autoritarismo de nenhuma ordem. Que tenhamos orgulho da UnB, que a Universidade seja  referência de qualidade acadêmica e de liberdade de cátedra, que possamos nos sentir livres e como parte da comunidade, que a UnB seja uma Universidade libertadora e indispensável para Brasília e para o Brasil.

Estimados votos de sucesso,
Associação Discente Aliança pela Liberdade.

Reafirmando o compromisso com aqueles que representamos e com toda Universidade de Brasília, este documento foi entregue a todos os postulantes à Reitoria da nossa Universidade.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Como devem atuar os membros da AL durante o período de escolha do nosso novo Reitor(a)?


Brasília, 30  de julho de 2012.


Assunto: Regras de atuação nas eleições para reitor da Universidade de Brasília em 2012.

À comunidade da Universidade de Brasília,

Como é de conhecimento de todos, escolheremos o(a) novo(a) Reitor(a) da nossa Universidade este ano. Assim, por entendimento coletivo, a associação discente Aliança pela Liberdade adotará procedimentos obrigatórios de atuação durante o período eleitoral, como decidido pela maioria de seus membros presentes em reuniões internas: 


1. A Aliança pela Liberdade não apoiará nenhuma das dez candidaturas no primeiro turno, o que pode mudar em caso de fato novo que julgue relevante ou eventual segundo turno. 

2. Cada membro da Aliança pela Liberdade está liberado para, individualmente, trabalhar pela candidatura de sua escolha, entretanto, sem fazê-lo em nome desta associação ou da Gestão do DCE

3. Os Coordenadores-Gerais do DCE não poderão fazer campanha publicamente, em quaisquer circunstâncias, para algum postulante à Reitoria. A mesma regra se aplica aos representantes da gestão do DCE na Comissão Organizadora da Consulta (COC). 

4. Os membros que descumprirem o acima disposto estarão sujeitos a sanções estatutárias, que podem culminar em expulsão. O direito à ampla defesa estará garantido. 

5. Finalmente, o que esperamos para Universidade será divulgado em carta a ser entregue a cada um dos reitoráveis e a toda comunidade acadêmica.

Atenciosamente,

Mateus Lôbo,
Presidente da Aliança pela Liberdade.

Pedro Henrique Saad,
Vice-presidente.

André Maia,
Presidente de Honra.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

UnB em queda! Ou: “O termômetro está quebrado! Joga ele fora!”


*Por Lucas Bispo

Quarenta graus de febre! - acusa o termômetro. Qualquer pessoa razoável se preocuparia com o fato. Talvez o paciente fosse levado a um médico, talvez recebesse imediatamente um anti-térmico. Mas, surpreendentemente ou não, em meios mais acomodados da nossa sociedade, a solução parece ser outra bem mais... digamos... simples.

“O termômetro está quebrado! Joga ele fora!”

É mais ou menos assim que a nossa Universidade se comportou em face da publicação da versão 2012 do ranking QS Universities Latin America. A UnB decaiu da 11ª posição entre as melhores universidades do continente para a 25ª colocação. A resposta imediata da Administração Superior da Universidade foi, antes de realizar qualquer outra reflexão mais humilde, como reconhecimento de suas deficiências, requerer aos artífices do ranking uma clarificação sobre a metodologia da pesquisa.

É neste momento, nas conversas que contemplam este tema, que alguém vem retrucando e dizendo que esses rankings “não valem de nada”, que são “medições míopes”, que são incapazes de avaliar o verdadeiro valor da universidade para o meio onde está inserido, o papel transformador, transgressor, revolucionário ou sabe-se lá mais ao que acreditam que a universidade deveria se prestar. Muito bem.

Duas coisas me chamam a atenção nestas colocações. Em primeiro lugar, eu fico me perguntando... e aí? Se nós tivéssemos melhorado nossa colocação, estaríamos tão incomodados, culpando o índice de sofrer de patologias ou estaríamos ocupados demais celebrando a nossa “excelência”? Em segundo lugar, me espanta perceber o que certas pessoas acreditam que deve ser o papel da universidade. Não contemplarei aqui todas as visões alternativas, apenas direi aquilo que acredito ser o papel da universidade de verdade. Senhoras e senhores! O papel da Universidade é, não apenas um ou dois, mas na verdade três: realizar ensino, pesquisa e extensão.

Neste sentido, é de se espantar que a UnB figure mesmo como a 25º melhor do continente ou como uma das melhores do Brasil. Acompanhe o raciocínio.

Ensino implica professores e alunos reunidos, discutindo, debatendo, ensinando e aprendendo. Entretanto, a cada dois anos, esse fenômeno tão característico das Universidades, comumente referido em vernáculo corrente como “aula”, cessa na UnB, por um motivo ou por outro, como é bem sabido.

A pesquisa, por outro lado, é uma atividade que requer uma pesada estrutura de apoio que, devo confessar, é difícil de obter. Por exemplo, são precisos laboratórios sem goteiras, como também financiamento. Entretanto, a nossa Universidade, como se já se bastasse orçamentariamente, se fecha sistematicamente a receber qualquer aporte privado de recursos, porque, claro, a iniciativa privada vai desvirtuar a pesquisa na universidade, promovendo agendas capitalistas, demoniânicas e heréticas. Os professores, por outro lado, por vezes precisam de recursos e de vencer a burocracia para se deslocar a outros lugares do país ou do exterior para encontros e congressos. Mas burocracia é coisa de casa.

E tem também a questão da extensão. Extensão deve compreende-se como a universidade estendendo ao conjunto da sociedade os frutos de seu trabalho. Mas se a gente peca no ensino e a pesquisa só anda à duras penas, eu pergunto: Que bons frutos, nós temos a oferecer para a sociedade? Dou um exemplo mais concreto. Somos hoje um país que carece fortemente de profissionais da área de tecnologia, cujas empresas carecem de inovação. Mas a Universidade, que deveria promover a economia de desenvolvimento e competitividade sequer dispõe de um parque tecnológico, à exemplo de outras universidades do país um pouco menos piores que a nossa.

E aí dizem que o índice é míope e eu sou obrigado a concordar. O índice, por exemplo, é insensível ao fato de o RU ficar quase mais tempo fechado do que aberto em qualquer ano. É insensível às constantes quedas de energia no campus. É insensível à situação da Assistência Estudantil, que deveria, em teoria, prover recursos para a aliviação das assimetrias socio-econômicas entre os estudantes, facilitando-lhes aos mais pobres os meios para superar sua condição de relativa exclusão social. Sem embargo, somos a 25ª melhor instituição do continente

A moral da história é que a real surpresa não é a queda no ranking e sim a manutenção de posições relativamente destacadas neles, o que reflete, antes de qualquer coisa, não que estejamos bem, mas que as demais conseguem a proeza de estar ainda pior.


*Lucas Bispo é estudante de Economia e conselheiro discente no Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) da Universidade de Brasília. É membro da Aliança pela Liberdade desde 2012.


sexta-feira, 15 de junho de 2012

É o CONSUNI uma Assembleia de pares?



*Por Aliança pela Liberdade

Hoje haverá nova reunião do Conselho Universitário (CONSUNI), orgão deliberativo máximo da Universidade de Brasília e que é por essência uma "corporação de pessoas com igual categoria ou dignidade." Antes, pois, faremos uma descrição da última reunião deste CONSUNI ocorrida em 01 de junho de 2012. 

Passado os informes, foi aberto espaço para que todos os conselheiros ali presentes opinassem sobre o melhor processo de indicação do nosso próximo gestor. A mesa presidida pelo Magnífico Reitor José Geraldo de Sousa Júnior apresentou a proposta da Administração Superior, ou seja, uma consulta informal nos moldes de 2008*. 

A maioria das falas dos conselheiros giraram em torno da oportunidade da proposta desta Administração, da necessidade dos docentes levarem tal modelo para suas Unidades Acadêmicas ou se havia ou não inconsistências procedimentais que poderiam inviabilizar uma consulta informal. 

Nós da Aliança pela Liberdade levantamos pontos como: Se a consulta será informal, então o Consuni não poderá ao menos criar a Comissão Organizadora da Consulta? Se estamos numa Universidade autônoma, por que então delegar a associações privadas algo que decidirá o futuro de um bem público como é a Universidade de Brasília? 

Embora a sessão do CONSUNI já durasse mais de quatro horas e eram diversos os pedidos de docentes para consultar suas Unidades, a mesa decidiu colocar em processo de votação a sua proposta. A Aliança pela Liberdade solicitou, como prevê o regimento da Universidade de Brasília, votação nominal, afim de que todos os conselheiros ali presentes pudessem fundamentar da melhor maneira possível seus votos. 

Diz o regimento da UnB:
Art. 56. As deliberações dos colegiados tomam-se por maioria simples de votos dos membros presentes, a partir do mínimo fixado no art. 49, respeitados os casos em que expressamente se exigir maior número de votos. 
§ 1º A votação é simbólica, nominal ou secreta, adotando-se a primeira forma sempre que uma das duas outras não seja requerida por um ou mais membros do colegiado, nem esteja expressamente prevista. 

Resta evidente que um pedido de votação nominal não é matéria de votação, basta uma solicitação e o pronunciamento dos votos deve obedecer a este rito. Entretanto, mesmo alertado da previsão regimental citada acima, o Magnífico Reitor afirmou que colocaria em deliberação o requerimento de votação nominal.  

Não obstante, mas diante dos nossos reiterados pedidos para que o Regimento da Universidade fosse respeitado, subitamente a autoridade máxima da Universidade de Brasília indeferiu a votação nominal e a retirou do regime de deliberação, que ela mesmo havia proposto. 

Em face disso, chamando o Reitor a sua responsabilidade institucional, um dos nossos conselheiros, em pronunciamento ao Conselho e ao seu Presidente, disse: "A história dirá se o senhor seguiu ou não o regimento da Universidade de Brasília!" Para então ouvir do Magnífico Reitor: "Eu, pelo menos, tenho história, o senhor ainda tem que construir a sua!" 

A fala do Magnífico Reitor, além de expressar um argumento de autoridade, expressa total desrespeito com um membro do CONSUNI, que assim como ele foi democraticamente eleito para representar os estudantes da nossa Universidade. Mas isso não é tudo. Nossa Magnificência voltou atrás de sua decisão e afirmou que indeferira o encaminhamento desta Aliança pela Liberdade por “pedagogia”. Como um senhor faz com seu vassalo, jamais como um Reitor, que respeita o estudante como um igual. 

O requerimento por uma votação nominal foi então colocado em deliberação, mesmo não sendo passível de votação de acordo com o regimento da UnB; porém não sendo atendido por maioria simples dos votos. Passado este ponto, a mesa colocou em votação sua proposta por uma consulta informal, que saiu vitoriosa. 

Entretanto, mais um fato estranho ao ambiente universitário, por seu caráter cerceante, aconteceu antes de finalizado o Conselho Universitário. Enquanto votavámos por uma consulta informal, um Decano e também membro pleno do CONSUNI disse a um conselheiro discente desta Aliança pela Liberdade na frente de outros membros e convidados do Conselho: Deixe de ser um inquisidor! 

E tudo porque o suposto inquisidor questionou a uma pessoa - que o desacatava e gritava debochadamente em direção dele trechos de falas suas durante o CONSUNI - se esta era membro daquele colegiado. O conjeturado “conselheiro-inquisidor”, o Decano e quem gritava estavam pertos um dos outros. Entretanto, a milhas de distância quando o assunto é respeito e responsabilidade institucional. 

*Para maiores informações sobre como será o processo de escolha do nosso reitor: Como escolheremos o próximo reitor da nossa Universidade?

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Carta Aberta ao Reitor da UnB

                                                                                                                      Atlanta, 1º de junho de 2012.

A Vossa Magnificência o Senhor
JOSÉ GERALDO DE SOUSA JÚNIOR
Reitor da Universidade de Brasília.

 Estimado Professor,

 Durante dois anos tive a honra de servir à comunidade discente da Universidade de Brasília como seu representante no Conselho Universitário. No mesmo período, pude observar o modo como V.Mag.ª conduziu os trabalhos daquele egrégio órgão. Sua presidência foi sempre marcada pela tolerância e diálogo. Mesmo nos momentos de discordância, vi na conduta de V.Mag.ª o respeito pelas opiniões divergentes e a opção pelos métodos que garantiam o maior consenso e legitimidade possíveis nas cizânias mais severas da comunidade universitária.

 Foi assim, por exemplo, que se deu a discussão do processo de recredenciamento da FINATEC, que tomou diversas sessões do Consuni e foi debatido à exaustão - e em que, à despeito das paixões políticas, todos puderam prestar seu apreço pelo brilhante relatório do Prof. Nigel Pitt. Aquele processo culminou com um voto histórico de V.Mag.ª, que ratificou uma indicação minha para que um estudante compusesse o Conselho Consultivo daquela respectiva Fundação.

 É por ter trabalhado ao lado de V.Mag.ª e por ter tido uma experiência extremamente positiva nesse aspecto que me causou estranheza ver o modo como foi conduzido o Conselho Universitário na tarde de hoje. Não é compatível com a imagem que tenho de V.Mag.ª uma postura usualmente descrita como a de se “tratorar” os Conselheiros em suas deliberações. Vi V.Mag.ª, no uso das atribuições de Presidente do Conselho Universitário, afirmar que indeferia o encaminhamento de um Conselheiro por “pedagogia”. É emblemático que em uma reunião em que se discute a paridade na Universidade o Reitor tenha se esquecido que os Representantes Discentes são membros plenos daquele Conselho e que não compete ao Reitor, naquele ambiente, educá-los - mas sim respeitá-los como seus pares. Enquanto essa mentalidade institucional paternalista for reproduzida, nenhuma paridade será verdadeiramente alcançada.

Como V.Mag.ª, tenho júbilo no resultado de hoje, e vejo a manutenção da paridade como uma vitória. Entretanto, entendo que existem algumas coisas são mais importantes que vitórias políticas circunstanciais. O respeito mútuo e o apreço às normas e ao amplo diálogo democrático são mais que mero formalismo - são eles o único método para a construção de consensos em temas controversos e para avanços progressivos na comunidade universitária.

Vi V.Mag.ª construir o último capítulo de sua história nos quatro últimos anos. Não foi, contudo, diminuindo aqueles que são, na qualidade de Conselheiros, seus pares, que V.Mag.ª fê-lo. Infelizmente, a postura de V.Mag.ª na reunião de hoje, ao invés de conduzir à construção de uma universidade mais democrática e se marcar como um Ode à Paridade, reforçou a hierarquização institucional em um dos poucos espaços em que ela não deveria existir. Em minha opinião, essa postura não condiz com sua história e sua gestão. Por isso, escrevo essa carta.

Aproveito o ensejo para renovar meus mais sinceros protestos de estima e consideração.

Respeitosamente,

Carlos André Bezerra de Góes
Bacharel em Relações Internacionais pela UnB
Ex-Representante Discente no Consuni (2009-2011)

quinta-feira, 31 de maio de 2012

É por Autonomia Universitária que eles clamam?


*Por Carlos Eduardo Alves Garcia
Grupos partidários, movimento sindical e leigos no assunto clamam pela autonomia da universitária. Bradam para que a Universidade seja capaz de tomar suas próprias decisões e seguir seu próprio caminho, sem amarras que a impeçam de progredir na produção de conhecimento. Entretanto, muitos desses grupos demonizam a captação de recursos por meios que não sejam estatais, gerando uma total dependência do Tesouro da União nas decisões financeiras da Universidade. 

Para piorar, muitos evocam o nome de Darcy Ribeiro como inspirador nessa defesa – inconsciente, ingênua e inconsequente – da independência universitária. Darcy foi um grande antropólogo e político, mas acima de tudo foi um grande idealizador. Pensou a UnB funcionando em fundações, que captariam verbas de diferentes setores, incluindo privados. Nada mais sensato. Em sua criação, essa Universidade possuía ações de grandes empresas; participação nos lucros de outras; possuía até imóveis no Plano Piloto, sendo 12 superquadras. E, além disso, a captação de recursos oriundos de entidades públicas ou privadas, sempre foi mais que bem vinda.

No Conselho Universitário do dia 18 de maio foi discutida a questão da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), na qual a administração dos hospitais que contratassem a empresa passariam a estar sobe o comando dessa estatal. Muito foi dito em relação à perda da autonomia universitária, mas todos entenderam que aquele Conselho estava em uma sinuca de bico. Sem a adesão, o governo sustaria o repasse de recursos. Sendo assim, a Universidade teria que conseguir não menos que 120 milhões para garantir sua total autonomia referente ao HUB. 

De fato, o modelo atual não possibilita que a Universidade consiga esse aporte; sugeriram até “pedir mais dinheiro pro governo” e “10% do PIB pra educação”, ideias interessantes, mas que não eliminam, em hipótese alguma, as rédeas do Estado sobre a Universidade. Não se defende a interrupção de recebimento de verbas públicas, pois isso é essencial para manter uma renda fixa. No entanto, é necessário que a Universidade se liberte desse reducionismo estatal para que possa atingir seu máximo potencial. Outra crítica muito apontada, apesar de pouco fundamentada, é questão de se tratar de uma empresa. Alegaram que isso geraria uma privatização dos hospitais universitários. Isso NÃO acontecerá. Na Lei Ordinária nº 12550, de 2011, que dispõe sobre a criação da Empresa Pública Unipessoal (e não uma Sociedade Anônima, como estava escrito na MP 520), o texto é bem claro quanto a se tratar de atendimentos 100% inseridos no Sistema Único de Saúde – SUS.

A EBSERH não é o ideal, mas já é melhor que o modelo atual. O poder de compra de uma empresa centralizada é muito maior que o atual modelo descentralizado. Porém, é sempre bom lembrar, perdemos parte de nossa autonomia nessa decisão. Ela, no entanto, foi forçosa. Boa parte das razões pelas quais ela teve de ser tomada foi a rejeição à entrada de recursos do segundo setor na UnB. Não deixemos que o sonho de Darcy Ribeiro morra, o sonho de uma universidade independente e pautada na excelência acadêmica.

Ademais, os problemas solucionados com a adesão desse sistema são problemas pontuais. Dever-se-ia buscar resolver os problemas estruturais que geram essa carência, a fim de alcançar uma instituição autônoma, excelente e de referência, como sempre foi sonhado pelo seu idealizador, Darcy Ribeiro. O que se buscou foi uma solução pontual, mesmo que fosse em detrimento da tão almejada autonomia universitária. Se a Universidade defende tanto a pauta da autonomia, deveria começar por buscar soluções próprias delas, e resolver seus problemas de maneira autônoma também, tomar medidas independentes, pensadas por quem vive nela e por ela.

*Carlos Eduardo Alves Garcia é estudante de Medicina, membro da Aliança pela Liberdade e representante discente no CONSUNI - UnB.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Aproximando a política estudantil dos estudantes



Lucas Bispo, estudante de Economia

Segue um comentário do estudante Lucas Bispo, novo membro da Aliança pela Liberdade e da Gestão do DCE. O texto surgiu como uma congratulação pelo sucesso do Conselho de Entidades de Base, colegiado de centros acadêmicos da Universidade de Brasília, ocorrido ontem.

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Eu queria compartilhar um pensamento e fazer um post mais ameno do que os dos últimos dias. =D

É verdade que estamos em greve estudantil e que boa parte da gestão discordaria dessa postura, mas eu queria dizer que ao meu ver nós fomos epicamente vitoriosos hoje. Epicamente.

Fomos vitoriosos porque pela primeira vez desde que eu tenho notícia a universidade esteve representada (ou muito próximo disto) num fórum estudantil. (Coincidência ou não o resultado do CEB foi idêntico ao da nossa enquete no face).

Pela primeira vez em muito tempo, os dois lados estavam presentes em peso para uma discussão. Se antes alguém discordasse da maré vermelha que se apoderava de todos os fóruns se sentia inibido a falar. Hoje essas pessoas viram que há espaço na política estudantil para elas também. Eu acredito que todos os CAs que votaram contra a greve viram o quão perto nós chegamos de endossar oficialmente o pensamento deles, pensamento que jamais era sequer ouvido nos fóruns da UnB. Com isso, eu tenho esperança de que nós tenhamos rompido uma espécie de ciclo vicioso, porque eu creio que, em debates futuros, esses CAs que participavam tão pouco e os alunos que igualmente se sentiam alijados dos debates irão às Assembleias e ao CEB a expor sua opinião e, com isso, nós demos a nossa contribuição para o amadurecimento da democracia na UnB. Nós já fizemos a diferença em algo. Trouxemos a política para mais perto de um universo grande estudantes.

Sem modéstia eu acho que esse espaço foi aberto pela Aliança pela Liberdade. O Mérito é nosso. Para mim parece claro que se a gestão passada estivesse lá hoje, nós não teríamos chegado ao resultado que chegamos.

Então, volto a dizer, nós começamos a operar a mudança que precisava acontecer na UnB. Demos a nossa humilde contribuição. E isso só foi possível porque nós nos mantivemos firmes, muito firmes, apesar dos tão fortes ataques. Mantivemos nossa postura à despeito de tudo em contrário. Nos pronunciamos com a nossa nota e foi graças a ela e à repercussão que ela gerou que criou-se tanto debate na universidade.

Com isso eu queria estender o meu profundo respeito às pessoas que, como sabemos, estiveram no front de batalha e colocaram suas caras à tapa. Não os enumerarei pelo medo de cometer qualquer injusta omissão. Mas todos sabem a que pessoas eu me refiro. São meus heróis e heroínas. Gozam de minha admiração pela sua demonstração inequívoca de princípios e de caráter.

Mas gostaria também de parabenizar a todos dizendo que eu tenho muito orgulho de pertencer a esse grupo, formado por pessoas ímpares, que têm genuíno interesse por ver uma mudança positiva ao seu redor.

Acusam-nos de reacionários. Mas a Aliança pela Liberdade é a tão protelada mudança que nós precisávamos, não porque nosso ponto de vista seja correto e superior aos outros, mas porque nós fizemos algo que nunca foi feito, apesar de antigamente ser assim defendido aos quatro ventos: Nós incentivamos o debate, criamos o debate de verdade. Claro! Quando todos pensam igual, na verdade ninguém está pensando. Tivemos um 22 x 20.

*Nosso próximo desafio vai ser explicar que 6000 mil anos de civilização humana já deveria ter-lhes ensinado que quando um fala outro cala e que não é gritando que se negocia. Mas, essa é um outra batalha.

A primeira delas, nós vencemos. Cumprimos nosso papel. E foi difícil =D"

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*O último parágrafo se refere a intolerância verificada no Conselho de Entidades de Base, quando várias pessoas presentes se levantaram e fizeram barulho ao ponto da reunião ter que ser cancelada.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

ESTUDANTES EM GREVE? NO MOMENTO, NÃO. DECÊNCIA DA SECOM EM GREVE? PARECE QUE SIM...




*Por Saulo Said Maia

"Se não há quorum para deliberação, as decisões ali tomadas não representam os membros do DCE (que são os mais de 35 mil alunos da UnB). As decisão é uma legítima representação da opinião dos presentes na Assembleia, mas não podem criar uma greve estudantil".

Lamentável, deplorável, execrável e indecente. Qual seria o melhor adjetivo para qualificar a matéria da SECOM sobre a Assembleia Geral dos estudantes realizada no 24 de maio? Não é de hoje que a Gestão Aliança pela Liberdade é alvo  de matérias no mínimo tendenciosas por parte deste órgão, mas confesso que sempre tentei contemporizar. “Não pode ser! Deve ser despreparo desse jornalista, ele deve ter se confundido, sei lá”, pensava com meus botões. 

Mas, diante do que aconteceu hoje, não há mais dúvidas de que trata-se de perseguição política. Se se tratasse de jornaleco de bairro ou de panfleto partidário, tudo bem. Mas trata-se de um órgão de imprensa que deve cumprir o papel de informar a comunidade acadêmica sobre fatos importantes da UnB e, como tal, não pode ser usada mesquinhamente para fins políticos.

Vamos aos fatos.  A mentira começa logo no título, mas prometo provar esse ponto depois, vamos observar o primeiro parágrafo.

“Segundo o Diretório Central dos Estudantes (DCE), a lista de presença teve 431 assinaturas, mas o vão da entrada norte do Instituto Central de Ciências (ICC), local conhecido por Ceubinho, ficou praticamente lotado, indicando uma presença de aproximadamente 600 estudantes”.
               
Em primeiro lugar, não é “segundo o DCE” que a lista teve 431 assinaturas. A lista de presença é um documento oficial, onde todos os estudantes que quisessem participar da Assembleia precisavam assinar. Se discorda da veracidade da informação, um jornalista decente pediria a fonte e confirmaria o número indicado pelo DCE. 

Como está escrito, parece que o total de pessoas na lista de presença não é um fato, mas apenas uma “versão” do Diretório. Tanto é tratado como versão, que o escrevinhador utiliza a conjunção adversativa “mas”, que indica ideia de oposição, para insinuar que, em vez de 431, havia 600 alunos. Ou seja, “versão” do DCE, baseada na lista de presença é falsa, o “fato” é a estimativa visual do repórter. 
               
Se de fato havia 600 presentes em vez de 430, isso não indica que “versão” do DCE se opõe a “estimativa visual” do jornalista. Se havia mais pessoas que na lista, a diferença pode ser explicada pela presença de professores, funcionários, transeuntes, curiosos e etc. Portanto, mesmo que houvesse 600 pessoas, ainda assim não estaria justificada a oposição entre os dois números: um se refere aos presentes e o outro aos membros da Assembleia (alunos inscritos).

Foi uma Assembleia deliberativa ou não: eis a questão. O autor do conto jornalístico apresenta a “versão” do DCE. “Para o DCE, no entanto, a decisão tem caráter apenas consultivo, já que não houve quórum mínimo, que é de 1.087 estudantes.”. Não é para o DCE! Vejamos o caput do artigo 20 do Estatuto do DCE:

“Artigo 20 — O quo­rum mínimo para que a Assembléia Geral tenha cará­ter deli­be­ra­tivo é de três por cento do total de mem­bros, tendo cará­ter ape­nas con­sul­tivo no caso de quo­rum inferior”. 
               
 Sendo o total de alunos da UnB superior a 35,000, 3% desse total seria pelo menos 1050, portanto, não houve quorum. As palavras do coordenador geral Octávio Torres não são a versão do DCE, mas sim regras públicas, conhecidas, preestabelecidas e democraticamente promulgadas que regem o funcionamento do Diretório. Em vez se prender a carta magna da política estudantil da UnB, o repórter prefere dar ênfase a uma versão bastante curiosa dos favoráveis a greve, muitos dos quais reconhecidos membros de coletivos de oposição a Aliança pela Liberdade. 

Nada contra dar voz aos que opositores, isso faz parte da democracia. Curioso, entretanto, é notar que para defender a causa do caráter deliberativo (não amparada pelo Estatuto), o repórter consulta três estudantes de coletivos oposicionistas e apenas 1 membro do DCE. São 14 palavras concedidas para a tese amparada pelo estatuto e 95 palavras para a tese da oposição. Vamos as falas.
                
“A estudante Lorena Soares, diz: ‘Temos que avaliar comparando com a realidade, comparando com as assembleias anteriores’”. Ou seja, não devemos nos embasar naquele papelzinho chamado estatuto, mas sim em regras feitas a posteriori para favorecer a causa da greve estudantil. (Estado de Direito e segurança jurídica mandam lembranças...). Ginástica jurídica das mais incríveis. O estatuto não fala em nada relativo as reuniões anteriores que, por sinal, seria um critério jurídico um tanto esdrúxulo.
                
Já a estudante Cynthia apresenta outra tese bastante inusitada: “O fato de não ter tido quórum mínimo não deslegitima em nada a decisão de greve”. O quorum mínimo — permitam-me enfatizar a palavra MÍNIMO —é uma regra adotada em inúmeras instituições para assegurar que reuniões esvaziadas, (não representativa dos seus membros) tomem decisões pelo coletivo. Quer dizer, a existência do quórum mínimo é uma salvaguarda da própria representação. O quórum é um dos pré-requsitos para deliberação em nome do total de alunos da UnB, logo, é uma completa contradição dizer que o quorum não importa.
              
Em que pese a qualidade e sustentação de tais argumentos, ainda assim o repórter acha por bem conceder a essa tese um espaço quatro vezes maior do que o concedido para a tese amparada pelo Estatuto.
               
Ainda não satisfeito com a desqualificação rasteira da Gestão, o autor ainda dá ênfase às críticas de que o DCE fez corpo mole na divulgação da Assembleia. Interessante. No princípio da matéria, o jornalista dá voz a diversos estudantes que afirmam ser esta a maior presença de estudantes em uma Assembleia em muitos anos.  Ué, maior presença nos últimos anos e o DCE fez corpo mole? Será que a divulgação do DCE e o fato inédito de oferecer ônibus aos alunos de outros Campi não ajudam a explicar, nem um pouquinho, essa presença na Assembleia? 
             
 Para o jornalista, não. A estratégia da atual gestão, usando redes sociais (única alternativa devido ao tempo exíguo para convocação) foi um sucesso. Portanto, dar ênfase a esse factoide, logicamente refutável, serve aos interesses de quem, exatamente?  Não podemos afirmar. Só sabemos que não servem aos interesses de uma comunidade acadêmica que espera de um repórter que, se não atinja a imparcialidade (talvez uma utopia), pelo menos faça algum esforço paraalcançá-la.
             
A atual gestão pode até não concordar com uma série de medidas aprovadas, mas respeita sempre as decisões democraticamente tomadas. A Aliança sabe, desde seu nascimento, que não existe nem deve existir um ganhador universal em matéria política. Um dia ganhamos, no dia seguinte perdemos. A única coisa que se mantem firme é que o rito democrático e a opinião dos estudantes são mais importantes e devem prevalecer sobre a posição dos membros da gestão. Não importa que sejamos nós os derrotados, nem importa se estamos na situação ou oposição: trata-se de uma questão de princípios.
             
Por fim, voltamos ao começo do texto: O TÍTULO É MENTIROSO! Se não há quorum para deliberação, as decisões ali tomadas não representam os membros do DCE (que são os mais de 35 mil alunos da UnB). As decisões são legítima representação da opinião dos presentes na Assembleia, mas não podem criar uma greve estudantil. O funcionamento da política estudantil, caro Rafael Ferreira, é regido por regras e elas são mais importantes do que a versão, juridicamente insustentável, dos oposicionistas do DCE. Que eles utilizem tais meios, faz parte de seus programas políticos e deve ser respeitado. Mas não podemos aceitar que o repórter da SECOM use o portal da Universidade para veicular essas mentiras.
            
Se o repórter não entende as regras que regem a política estudantil, poderia ter oposto a tese do coordenador geral Octávio Torres à tese dos oposicionistas. Mas, como se vê pelo título, o repórter toma o partido não da oposição, mas da indecência jornalísticas ao escolher o seguinte título: “Estudantes da UnB também decidem entrar em greve”.

*Saulo Maia Said é graduado em História pela UnB e mestrando em Ciência política pelo IESP-UERJ, antigo IUPERJ. Membro da Aliança pela Liberdade desde 2009.

O conteúdo deste texto é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião da Aliança pela Liberdade.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Palestra "Carga tributária maior que a China: a situação do Brasil no Dia da Liberdade de Impostos"


Um dos dirigentes da CDL Jovem, o advogado Henrique de Mello Franco, dará uma palestra na UnB no dia da liberdade de impostos (25/5), próxima sexta-feira.

Especialista em direito tributário, discutirá um pouco sobre a política tributaria adotada em nosso país!

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