(foto @Marcus_Vinicios)
*Por Carlos Góes
Você me encontrou um menino, uma criança. Imaturo, sonhador, cheio de energia. Sem nada saber dessa vida. Mas que achava que era adulto, que sabia de tudo, que estava pronto para encarar você. Comecei a me encontrar com você em manhãs sonolentas e em tardes cansativas - depois do estágio. Comecei a explorar suas curvas, seus vales, seus segredos. Aprendi que você era envolta em mitos e peculiaridades. Mas essas particularidades, ao invés de me repelir de você, me faziam ainda mais apaixonado.
Você me apresentou a tantas pessoas novas, tantos novos amigos. Até hoje não conheço ninguém que tenha me apresentado a tantas pessoas interessantes e inteligentes. E você não era ciumenta. Não se importava sequer se eu escapasse de um compromisso que eu tinha com você para ir pr’o bar.
Você tornava meus dias tristonhos em fantasia. Pegava meus sonhos e dizia que eles eram possíveis. Muitas vezes eles se tornaram realidade. E, mesmo quando não se tornavam, você me consolava nos infortúnios. Dizia que essas coisas aconteciam, que fazem parte da vida adulta, do amadurecimento. Recordava-me que, independentemente dos problemas, eles poderiam ser resolvidos - ou, ao menos, esquecidos - até o cair da noite, n’um Por-do-Sol.
Você era promíscua. Quantos outros passaram por seus braços? Mas era sua promiscuidade que fazia você especial. É porque você não se curva aos preconceitos disseminados - dilacera-os! Tantos você formou, tantos você ensinou, tantos você seduziu. Com suas peculiaridades, você nunca se adequa ao senso comum, mas constrói o amanhã.
Você soube jogar com minha imaturidade - aliás, a jovialidade que me atraía a você e que a atraiu a tantos outros. Quando deixei seus braços, já não era mais o mesmo. Não era mais o menino bobo e irresponsável - era alguém completo, formado por você, mas que nunca deixou de sonhar. Não tenho rumo. Mudarei de cidade, de país, de continente. Você que me incentivou a fazê-lo - a com isso sonhar. Entregar-me-ei a outros amores - e outros serão seus.
Mas você sempre, sempre!, será a minha qüinqüagenária.
Feliz 50 Anos, Universidade de Brasília!
Carlos Góes é Bacharel em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília e poeta nas horas vagas. Foi representante da Aliança pela Liberdade no CONSUNI. Atualmente, cursa Mestrado em Economia Internacional pela Universidade Johns Hopkins.
Um comentário:
Parabéns, UnB!
Quando Darcy pensou no projeto da UnB, sabia que ela tinha a missão de revolucionar a educação superior brasileira. O modelo de Institutos Centrais, inovação da UbB, foi aplicada em todo o país.
E a grande vantagem desse modelo era acabar com i isolamento que existia entre os departamentos. Cada curso era o início, o princípio e o fim da formação dos alunos. Os professores e cada curso tinham que dar as matérias de outros departamentos. Foi para criar uma verdadeira universidade, em vez de ser mais um amontoado de departamentos, que a UnB foi criada.
E a prova de que ela foi bem sucedida nesse intento é esse texto do meu amigo Carlos Góes. Só na UnB e no modelo por ela inventado é que alguém de RI pode estudar com tanta propriedade as identidades nacionais (tema tradicinalmente ligado a Antropologia e a Ciência Política). A UnB abre mentes e permite e convivência entre pensamentos distintos.
Quando eu cheguei na UnB, brincava que aquela rua que separa a FA do minhocão era o nosso muro de Berlim, a nossa cortina de ferro. Hoje percebo que transitar entre aqueles dois mundos é crucial para a formação de todos nós.
Ao parabenizar o Góes, parabeizo a UnB. É pelos seus egressos que a UnB sempre mostrará o seu valor. Serão sempre farois a brilhar pelo Brasil e pelo mundo.
SAulo Said.
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