Prezados reitoráveis,
Há quatro anos, como hoje, nossa Universidade estava em processo de escolha do seu novo Reitor; após período de grave crise institucional, quando diversas irregularidades da gestão Timothy Mulholland se tornaram públicas. Em 2008 o escolhido para ser o nosso dirigente máximo foi o professor José Geraldo de Sousa Júnior.
Naquela oportunidade esta Aliança pela Liberdade ainda não existia. Foi em 2009 que a Aliança deu os seus primeiros passos, movida pela certeza de seus fundadores de que era necessária uma Universidade excelente, plural e meritocrática, pois só assim superaríamos o esfacelamento institucional que abatia a Universidade de Brasília naqueles tempos.
Desde então, temos participado das discussões fundamentais da nossa Universidade, as quais não foram poucas, tampouco fáceis. Entretanto, se há o bom combate, por que não tomar parte? Assim, passados 4 anos desde o último processo de escolha do Reitor da UnB, tornamos público à Universidade de Brasília aquilo que esperamos do nosso próximo Reitor ou Reitora:
* Assistência estudantil de qualidade, auxiliando o estudante social e economicamente vulnerável. O quadro discente das universidade brasileiras é formado principalmente pelas classes abastadas, resultado da desigualdade de renda do nosso país. Necessário, portanto, amparar os estudantes em vulnerabilidade socioeconômica para permanecerem no ensino superior público, o que tende a diminuir a evasão e proporciona oportunidade de ascensão social àqueles que jamais poderiam fazê-lo senão por meio da educação.
* É essencial uma UnB que não seja vítima da violência e não banalize a constante agressão ao nosso patrimônio e à nossa dignidade. Não somos intocáveis e devemos nos sujeitar aos mesmos direitos e deveres da sociedade que nos custeia. A presença de um Batalhão Universitário, juntamente com uma política de segurança interna, em todos os campi, é fundamental para permitir um ambiente seguro ao desempenho de nossas atividades cotidianas dentro da Universidade. Entendemos que a ausência de ambos é um convite ao crime.
* A universidade deve investir na inclusão de pessoas com necessidades especiais com espaços acessíveis para todos, combate ao preconceito e incentivo da gentileza. E deve servir de exemplo para a sociedade. Por desleixo, há detalhes deixados de lado, o que prejudica o desempenho destes estudantes, tirando lhes a igualdade de condições.
* Deve-se evitar ao máximo a interrupção parcial ou total de atividades acadêmicas por fatores técnicos ou naturais com ações preventivas de manutenção e planejamento a longo prazo. Além disso, deve-se procurar acordos e estudos com as autoridades competentes para melhorar o transporte público dentro dos campi.
* Os campi devem conscientizar seus alunos a respeito do consumo de energia elétrica, água, papel e outros recursos. É preciso procurar mais eficiência em todos os espaços da universidade, pois gasta-se dinheiro devido ao desperdício, que é inadmissível quando consideram-se tecnologias existentes para reduzí-lo.
* É essencial uma administração que busque todas as formas de financiamento para pesquisas, ensino e projetos de extensão, sem depender exclusivamente dos recursos da União, com uma política de captação de recursos moderna e transparente. A nossa Universidade possui tradição e estrutura institucional para tanto. Uma instituição que não busca formas alternativas de captação de recursos escolhe o fracasso e não a produção de ponta.
* A gestão deve ser compartilhada, mas isso não é justificativa para a omissão institucional. Em outras palavras, o reitor continua a ser o reitor. Instituições são movidas por regras e padrões de convivência. Caso contrário, prepondera o autoritarismo em vez do pleno exercício das competências de cada membro da comunidade acadêmica.
* A Universidade de Brasília necessita de um Parque Cientifico e Tecnológico (PCTec) e a omissão é mutilar a instituição e podar o futuro de muitos, especialmente os mais pobres. Omitir-se nesse projeto implica em deixar de contribuir para o desenvolvimento econômico e social tanto do DF como do país. A Universidade é o ambiente mais apropriado para a inovação tecnológica, ao lado da pesquisa e dos mais renomados doutores presentes em nosso quadro. Portanto, não devemos desperdiçar o enorme potencial dessa iniciativa a favor de nossa comunidade e da sociedade brasileira.
* A UnB precisa de mais gestão e menos discurso somado a inapetência administrativa. Uma instituição de nível internacional se faz com ação, com uma política de longo prazo que valorize a excelência acadêmica e a pluralidade de ideias e não com a eloqüência de discursos vazios, que apenas escondem ineficiência administrativa trajada de vanguarda.
* Maior investimento em pesquisa e facilidade em enquadrar novos docentes nos programas de pós-graduação, tornando a UnB um pólo de atração dos melhores cérebros do país, tal como fazem USP e UNICAMP. Do tripé que forma a base acadêmica de uma universidade deve-se conceder atenção especial à pesquisa de ponta e qualificada, devido aos efeitos positivos no quadro docente, no ensino e na extensão. É necessário, pois, que a universidade se torne pólo de atração aos novos professores do país, além de lhes proporcionar condições necessárias à pesquisa e a participação nos melhores programas de pós-graduação do Brasil.
* É essencial uma Administração que faça os Conselhos Superiores não só funcionarem, mas funcionarem adequadamente, ou seja, não sejam uma reunião para longos e inúteis discursos. Com uma leitura rápida das normas da UnB, podemos entender a relevância dos Conselhos. A boa atuação deles é o que de fato decidirá os caminhos e o sucesso de nossa Universidade. Conselhos que funcionem de forma produtiva e responsável podem e devem servir como freio para gestões parasitárias, partidárias e ineficazes. E, por outro lado, devem servir como inspiração para que a Administração Superior da UnB irrigue suas políticas e realizações com o anseio crítico da comunidade.
* É essencial uma Administração que promova maior sinergia entre os campi da UnB e com a sociedade, procurando valorizar e promover os estudantes dos novos campi. Nós estamos em uma Universidade multicampi, que deve estar inteira em todos eles. É uma realidade que não pode esperar tanto! Os outros campi não devem depender do Darcy Ribeiro, seja para RU, BCE ou assuntos burocráticos. Não é razoável existir dificuldades à integração entre os Campi. Além disso, a mobilidade acadêmica e física deve ser garantida.
* A UnB precisa ter uma política de internacionalização mais abrangente e eficiente. Nenhuma Universidade que almeje estar entre as melhores pode se abster de realizar todos os esforços possíveis para se inserir no ambiente internacional. A pesquisa talvez seja uma das atividades humanas mais internacionalizadas da atualidade e não poderia ser diferente, à medida que esta é a atividade que concentra os maiores especialistas do mundo em torno de um dado tema. Uma Universidade que produz pesquisa de excelência e ensina com excelência, estende-se sobre a sociedade também com excelência.
* A Universidade precisa de uma Secretaria de Comunicação cuja direção seja nomeada pelo Conselho Superior (CONSUNI) e não mais pela Reitoria. Não podemos mais conviver com o uso político da Secretaria de Comunicação da Universidade, que, em vez de servir a comunidade, corre o risco de servir como meio de propaganda das pautas e pontos de vistas da Reitoria.
* A UnB precisa ser pioneira na realização de pesquisas de avaliação com egressos. Uma Universidade só alcançará excelência se conseguir formar egressos que aproveitem ao máximo sua formação acadêmica na vida profissional. Daí a necessidade da Universidade acompanhar como o estudante que saiu recentemente de seus bancos avalia a formação recebida. Sem esse tipo de informação, será impossível aperfeiçoar os cursos e corrigir eventuais falhas para os que ainda estão na graduação.
* Uma instituição aparelhada é um Partido Político e não uma Universidade. Uma instituição que se permita influenciar por pautas partidárias atenta contra si mesma, no sentido de que se expõe ao risco real de abrir mão de seu livre pensamento.
*A administração não pode tolerar autoritarismo de nenhuma ordem. Que tenhamos orgulho da UnB, que a Universidade seja referência de qualidade acadêmica e de liberdade de cátedra, que possamos nos sentir livres e como parte da comunidade, que a UnB seja uma Universidade libertadora e indispensável para Brasília e para o Brasil.
Estimados votos de sucesso,
Associação Discente Aliança pela Liberdade.
Reafirmando o compromisso com aqueles que representamos e com toda Universidade de Brasília, este documento foi entregue a todos os postulantes à Reitoria da nossa Universidade.
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